sexta-feira, 21 de junho de 2013

TIVERA EU ESSE DOM!

Emily Dickinson: Herself to Her a Music



Banir a mim de mim mesma,
Tivera eu esse dom!
Inexpugnável fosse minha fortaleza,
Ante toda audácia.

Uma vez, porém, que eu mesma me assalto,
Como terei paz
A não ser sujeitando
a consciência ?

E desde que somos monarcas um para o outro,
Como poderei alcançá-lo
A não ser abdicando
De mim mesma.


by Emily Dickinson
tradução by Ivo Bender

quinta-feira, 13 de junho de 2013

NENHUMA ESPERANÇA, NENHUM DANO




Ontem comprei-me um presente do dia dos namorados, já que não possuo, precisava renovar The Smiths na minha vida sonora e the best I e II retornou a fazer parte dessa trilha. Outros tempos diria que estava em princípio de depressão, Smiths tornou-se uma espécie de agouro, minha família nunca gostou, mas tem tanta coisa e memórias boas nessa melancólica melodia smithiana, como folhas de outono, as dos plátanos, acho as mais belas, quando adquirem o ouro outonal. Embora a aridez humana a meu redor continuar a mesma, ou pior, mas tenho encontrado oásis, ora e outra também encontro pessoas agradavelmente encontráveis na blogosfera, e tive mais um seguidor de número 79, mesmo nesta turbulência depressiva (poderia ser o nome de um blog !!!), enfim, apesar, apesar, apesar, só tenho a agradecer este espaço, a Deus, meu pai, minha mãe rs.


Aprendi, que a vida continua pósdiadosnamorados rs, e que não faço parte de uma minoria, pelo contrário, apesar do acasalamento hoje ser muito fácil, o número de solteiros é alto, isso, confesso, desde que soube deixei meu complexo solteirobizarro de lado. Me sentia sempre como uma cena de um filme com Steve Martin, em que seu personagem só, chega num restaurante e recebido, é perguntado se esta acompanhado, ao que responde não, então pára tudo, uma luz cai sobre o personagem que o acompanha até a mesa, triste, senão fosse uma cena muito engraçada, enfim, era assim.

Sobrevivi a mais uma data, sobrevivo a mais um dia, acordo mais uma vez, respiro e sigo adiante, misturo-me a multidão que perdida, tentam em vão agarrar-se uns aos outros, mas como estrelas de uma galáxia, cada qual mantém sua rota e se houver um encontro, é explosão, o resto é sonho...


Last night I dreamt
That somebody loved me
No hope, no harm
Just another false alarm
Last night I felt
Real arms around me
No hope, no harm
Just another false alarm
So, tell me how long
Before the last one ?
And tell me how long
Before the right one ?


Last night I dreamt that somebody loved me

by the smiths

quarta-feira, 12 de junho de 2013

MELANCOLIA





How Soon Is Now?
by The Smiths


I am the son


And the heir

Of a shyness that is criminally vulgar

I am the son and heir

Oh, of nothing in particular



You shut your mouth

How can you say

I go about things the wrong way ?

I am Human and I need to be loved

Just like everybody else does



There's a club, if you'd like to go

You could meet somebody who really loves you

So you go, and you stand on your own

And you leave on your own

And you go home, and you cry

And you want to die



When you say it's gonna happen "now"

Well, when exactly do you mean ?

See I've already waited too long

And all my hope is gone



You shut your mouth

How can you say

I go about things the wrong way ?

I am Human and I need to be loved

Just like everybody else does

segunda-feira, 10 de junho de 2013

MÁGOA



Gota d'água
by Chico Buarque


Já lhe dei meu corpo

Minha alegria

Já estanquei meu sangue

Quando fervia

Olha a voz que me resta

Olha a veia que salta

Olha a gota que falta

Pro desfecho da festa

Por favor...



Deixe em paz meu coração

Que ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d'água...(2x)



Já lhe dei meu corpo

Minha alegria

Já estanquei meu sangue

Quando fervia

Olha a voz que me resta

Olha a veia que salta

Olha a gota que falta

Pro desfecho da festa

Por favor...



Deixe em paz meu coração

Que ele é um pote até aqui de mágoa

E qualquer desatenção, faça não

Pode ser a gota d'água

Pode ser a gota d'água

Pode ser a gota d'água....



Composição: Chico Buarque ·

sexta-feira, 7 de junho de 2013

BOM DIA





Lembro dos cavalos na minha infância, sendo açoitados para puxar carroças cheias de areia. É uma lembrança triste, mas ficava intrigado com as viseiras, assim é que chamavam, que não permitia que o cavalo olhasse para os lados, só um caminho, sempre em frente. Como eu, não hoje. Diminuí meus passos, parei e retornei, precisava saber dele, fazia alguns dias que não o via, não que fosse tempo demais, nem de menos, apenas não o via e não conseguia iniciar meu ritual das manhãs, encontrar o primeiro rosto conhecido, já com um semblante receptivo, e: Bom Dia ! Ele não estava lá, parei em frente a casa e chamei, bati palma, e apareceu uma moça, que me fez um sinal para aguardar. Aguardei... as ruas morrem as casas morrem os homens se amparam em retratos ou no coração de outros homens, como dizia um velho poema de Ferreira Gullar. As pessoas costumam partir, e normalmente quando menos se espera, e mesmo quando se espera, não se espera. Assim que surge o vazio, uma cratera humanamente impossível de tapar completamente, sempre existirá um algo, um sopro, um beijo, um afago, uma memória que não permitirá preencher esta falta no peito, bem dentro, que nunca se acabará em esquecimento. Talvez o mais puro egoísmo, pois não queremos perder nunca, nunca...e neste breve instante de espera, vejo a janela, que parece ser do quarto dele. Eis que aparece um vulto, que reconheço, um pouco curvado, ar cansado, e entre as cortinas esboça um sorriso, me acena, então tenho um bom motivo para iniciar meu ritual matutino, ele me diz: Bom Dia !

terça-feira, 4 de junho de 2013

ESPELHO




subi as escadas


entrei na casa

caminhei pelos corredores

e me enfrentei nas lembranças

refletidas no espelho

e não somos nem eu nem você

Também sou uma lembrança

de aroma de jasmim

e posso sentir de longa distância

de algum lugar de minha memória

ouço distante, tão distante

vozes familiares que já se foram.



Não sei porque vim

se caminho entre sonhos ou entre fantasmas.


by  SILVIA ZAPPIA do blog EN - ZIGURAT

ps. Fiz a tradução, e com a autorização de Silvia estou postando. Nestes 4 anos deste blog, Silvia foi uma grata amizade   conquistada além fronteiras, das distâncias, dos rios e montanhas, mas sua poesia sempre chegou em mim de tal forma que a língua não importava, conseguia sentir, até antes de traduzir. E meus sentimentos, sempre, de alguma forma, os encontrava ali, mesmo aqueles que não me permito trazer à luz do dia. Obrigado Silvia, para mim, para sempre Rayuela.