quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

SAUDADE

 

   Tudo o que já não é

A dor que já não me dói

A antiga e errônea fé

O ontem que a dor deixou

O que deixou alegria

Só porque foi e voou

E hoje é já outro dia

 

by Fernando Pessoa

Saudade, sentimento estranho às vezes, pois podemos conviver com uma pessoa por um tempo e nem por isso precisar ou lembrar de olhar todos os dias, mas quando a distancia nos separa, então percebemos que poderíamos ter aproveitado mais da presença da pessoa agora ausente. Acordei assim hoje, sentindo uma falta imensa dos amigos que passaram na minha vida e seguiram seus caminhos, assim como segui o meu. Na blogosfera onde hoje, posso afirmar, encontro os melhores amigos, por vezes desaparecem, por vezes passa o tempo e acabo não visitando o blog, que são muitos, muitos e a internet para mim é pouca. Mas onde tenho encontrado as palavras necessárias para eu seguir em frente, para eu lembrar que viver é bom, que amar é divino e perdoar nos renova a alma. Amo os comentários e visitas que chegam no meu blog, não me sinto tão só e perdido e estranho neste imenso universo. Às vezes não sei que rumo tomar ou o que pensar, então navego na blogosfera e como um I Ching sempre encontro as palavras que precisava ouvir, sentir, refletir. Hoje senti muita falta dos meus ex-colegas, muita. Os colegas que tenho hoje, aprendi a conviver pacificamente, existem mais silêncios que palavras, mas as palavras que surgem são de prazer e alegria. Aprendi a valorizar o lado bom das coisas, das pessoas, e se não tiverem eu vou encontrar de qualquer maneira, mas vivo bem aqui, agora, apenas esta ponta de saudade que insiste em regar minha memória.

 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O CÉU PRECISAVA DE ESTRELAS

CONSTELAÇÃO SANTA MARIA
O céu precisava de estrelas
Para deixar a noite iluminada
E decidiu que naquela madrugada
Aceitaria a missão de vir colhê-las.

Se olharmos para cima vamos vê-las,
Tudo está mais brilhante e florido,
Multiplicaram-se os pontos coloridos
E Deus está feliz ao recebê-las.

Não sofra de saudade quem ficou!
Não seja o motivo a tristeza
De chorar quem decidiu ir embora.

Irem juntos foi o que os motivou
E é por isso que, com toda a certeza,
O Céu é bem mais feliz agora!


by Dilson Gimba

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

DEIXA EU BRINCAR DE SER FELIZ

 
 
TODO CARNAVAL TEM SEU FIM


Todo dia um ninguém José acorda já deitado
Todo dia, ainda de pé, o Zé dorme acordado
Todo dia o dia não quer raiar o sol do dia
Toda trilha é andada com a fé de quem crê no ditado
De que o dia insiste em nascer
Mas o dia insiste em nascer pra ver deitar o novo

Toda rosa é rosa porque assim ela é chamada
Toda bossa é nova e você não liga se é usada
Todo o carnaval tem seu fim
Todo o carnaval tem seu fim
E é o fim
E é o fim

Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz

Toda banda tem um tarol, quem sabe eu não toco?
Todo samba tem um refrão pra levantar o bloco
Toda escolha é feita por quem acorda já deitado
Toda folha elege um alguém que mora logo ao lado
E pinta o estandarte de azul
E põe suas estrelas no azul

Pra que mudar?
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !

Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar o meu nariz !
Deixa eu brincar de ser feliz, deixa eu pintar.

by Los Herrmanos

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

LUZ E SOMBRA

 


“A luz da paixão, o dedo da morte, o grave pincel da solidão desenham meus contornos, firmam meu chão.” A poesia me salva, como uma mãe alerta o filho, acompanhando-o, por toda a vida, perto ou longe. Precisava medir meus contornos, meu alcance da lucidez adulta, da responsabilidade dos pais, pois continuo sendo o filho. A paixão não aconteceu feliz, primeira porta da dor, primeiros passos ao sacrifício de um coração iludido, ingênuo e burro. Onde conheceu a mão da morte, chegando a tocar seu dedo e sentir o frio do fim, a escuridão do nada, a falta de vida, a desesperança. Pelos vales da sombra caminhei, me perdi, caí varias vezes, e levantei também, corri, gritei. Sentei no meio do nada esperando como um moribundo, o tempo se extinguir, do chão se abrir, e meu corpo voltar a ser pó. Nada disso impediu que descobrisse a solidão como refugio, o amigo que me deixava só comigo mesmo, ensinando a me amar, a catar os cacos, a lamber as feridas, a estar no fundo do poço e cavar mais e mais, até encontrar um facho de luz oriental, o Sol da meia noite, a luz em contraste com a escuridão, penetrando nas frestas da memória e trazendo à tona um arco-íris perdido num sonho esquecido, mas que repousava ali, há muito tempo, nas profundezas desse coração iludido, ingênuo e cheio de esperança. Tanta luz invadindo a sombra, entre contornos e desvios, esquinas e árvores, luz e sombra, dançam trazendo formas, transformando signos, refazendo a página, desenhando campos, caminhos, onde colocarei meus pés no chão, indo ao encontro do melhor que conseguir me tornar, neste tempo chamado vida...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

SOBRE A MATURIDADE

 



MATURIDADE



Caminho entre as minhas perdas

que são insetos escuros,

e os meus ganhos: douradas borboletas.



A luz de uma paixão, o dedo da morte,

o grave pincel da solidão

desenham meus contornos, firmaram

meu chão.



Que liberdade, não precisar pensar;

que alívio não ter de administrar

minha vida:

apenas andar, e olhar,

apenas ouvir essas vozes

que vêm de longe, passam por mim

e não me dão importância.



Porque no vasto oceano,

a minha eventual desarmonia

é só uma gota

desafinada.

Mais nada.



by Lya Luft

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

ATÉ QUE O CALOR NOS DERRETA

 

Até que o calor nos derreta...assim seriam minhas juras de amor, se existisse amor agora, mas só existe o ar nauseabundo de flores secas pelo Sol escaldante...aos longos degraus de um olhar incerto e perdido, olhando pela janela e vendo que a árvore de peras podres, renasceu, esverdeou, floriu e agora distribui sorridente, seus doces frutos. Impossível não me comover com tamanha doação, quisera eu doar um olhar e receber um sorriso. “Só as árvores são naturais, o resto é fruto da mente do homem”.

 


Busco um poema que fale de mim e do mundo, do próximo e dos animais, e quando encontrá-lo vou sair recitando por este mundo sem fim... abraçando árvores, nadando em lagos, rios e mares... deitar no campo e recitar para as estrelas e namorar a Lua.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

DAVID BOWIE



Soube da notícia pelos telejornais, o pouco contato que tenho nos últimos tempos da notícias do mundo. Ele estava morto, um câncer cruel e fulminante acabou com um mito vivo, agora para sempre mito, David Bowie. Quando o conheci iniciava minha adolescência e ele iniciava a turnê Serious Moonlight , e apartir daí minha vida tomou um rumo musical, o mundo pop era real e aquele cara cara fazia sentido ao que eu esperava da música, da arte...voltei no tempo buscando informações sobre este ser, que para mim era de outro planeta, acho que agora ele voltou para casa, para as estrelas. Gosto de música. Ponto. E neste ponto, a música pop sempre me interessou. The Smiths desvendaram minha alma, sempre os coloquei como minha banda favorita de todos os tempos, e continuam, mas Bowie, que nunca mencionei neste blog, sempre me inspirou. Nos telejornais que assisti, ao entrevistarem pessoas, elas diziam da importancia dele em suas vidas, e eu concordava, pois olhando daqui, eu também me refiz, me reconstruo a cada dia, permito que meus eus se manifestem, pois assim sou mais completo. Este ano começamos perdendo, mas o artista permanece vivo em sua obra, então David Bowie estará para sempre vivo na minha lembrança, no coração e na alma. O mundo pop perdeu sua maior referência...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

VIDA QUE SEGUE


                      
 
 
 
 
                  Dormir, era só o que conseguia imaginar para aqueles quinze dias, como era um sinal de fuga, nem precisei de remédios para encontrar Orfeu. E assim foi, o primeiro, o segundo dia, o terceiro...no quarto dia acordo com uma respiração forte, bem próxima de mim, abro os olhos e vejo duas patinhas na cama e uma cabeça orelhuda que tentava chegar o mais próximo de mim. Ele deu um leve rosnado e lambeu minha mão, que já caía da cama. O toquei, e foi como se parássemos de respirar, como se o mundo parasse, como se ele se comunicasse comigo por telepatia me pedindo para levantar e passear com ele. Ele é o Teimoso, meu cão, amor da minha vida...nos encontramos e foi amor a primeira vista. O nome quem deu foi minha sobrinha, pois quando não estava em casa ele aparecia e ela corria ele, e ele voltava, era um cão muito teimoso.
                Naqueles dias de nada, precisava sumir de mim, apagar, deixar de existir, por quinze dias pelo menos, não viver. Minha mão tocando Teimoso foi envolvida por uma paz que logo tomou meu corpo, uma disposição e já estava sentado na cama brincando e conversando com este cão maravilhoso. Levantei e o segui, ele corria na minha frente, mas parava, como se estivesse me esperando, ele queria passear na rua. Quando chego na porta ele esta todo serelepe, me convidando para sair...saímos. Caminhamos pelas ruas do bairro, ele visivelmente feliz, eu me contagiando com esta felicidade. Olhei para trás e vi o tempo passado, Teimoso latiu, me chamando, então seguimos em frente. Vida que segue.