sexta-feira, 16 de setembro de 2016

NAS MANHÃS DE SETEMBRO

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Manhãs de Setembro

Fui eu quem se fechou no muro e se guardou la fora
Fui eu que num esforço se guardou na indiferença.
Fui eu que numa tarde se fez tarde de tristeza
Fui eu que consegui ficar e ir embora.

E fui esquecida
Fui eu
Fui eu que em noite fria se sentia bem
E na solidão sem ter ninguém fui eu
Fui eu que em primavera só não viu as flores
e o sol
Nas manhãs de setembro.

Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs de setembro
Nas Manhãs...

by Vanusa

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

PONTES DE VIDRO SUBTERRÂNEAS


Os subterrâneos da ponte de vidro. Uma ponte que tenho de atravessar todas as manhãs e olho através do vidro o penhasco que me espera lá embaixo, cheio de pontas e pedras. Sempre rezo antes de atravessar a ponte de vidro, sigo lentamente vendo meu fim lá embaixo, caso um passo em falso trinque o vidro que partirá em mil pedaços. Nos subterrâneos abaixo da ponte de vidro, as rochas que me escondo até amanhecer e ter de atravessar a ponte. Um risco de vida todo o dia...já fechei os olhos atravessando, mas sentia a espada de um pirata nas costas, e a ponte de vidro que não via, transformou-se em uma tábua rumo ao mar, onde agitados tubarões com fome, até parece que sorriem ao abrirem as imensas bocas, cheias de dentes, esperam ansiosos para me devorar. Há perigo sempre, até no olhar que não me quer aqui ou ali. Há perigo no amor que morre, que mata, que sangra manchando meus passos sobre a ponte de vidro.

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Lançando-me lentamente ao espaço, deixando a gravidade fazer seu trabalho. Não há milagres para esperar, meu corpo é um nada na imensidão do nada e que meus subterrâneos sempre estiveram ali, dentro de mim, mesmo quando olhava para dento não conseguia ver. Agora é muito claro, ou escuro e vejo os vasos sanguíneos na terra, no subsolo de minha pele. Enquanto a gravidade faz seu trabalho vejo a ponte de vidro estilhaçando e vindo em minha direção, mas agora é tarde para me cortar, secou o sangue, e a Terra irá me engolir.


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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

CAMINHAR E PENSAR


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Caminhar e pensar, esquece o cansaço e olha muito as calçadas por onde pisa, os jardins dos casarões perdem seu ar sombrio em setembro, as flores brotam e saem daquelas paredes, daquele chão, em que cheguei a não acreditar que veria margaridas outra vez na vida. Vi. Acho a flor mais enigmática, linda, ela me atrai, me chama, como se falasse comigo. Então vi minha primeira margarida no jardim daquele casarão. Travei. Parei, ela desabrochava...vontade de ficar ali só para ter o prazer de vê-la se abrir para o Sol, para meus olhos, mas não tenho muito tempo. Caminhar e pensar. Outros apressados como eu caminham, outros em seus carros, e mesmo assim apressados. O tempo é pouco ou desperdiçado na rotina obrigatória de sobrevivência. Mas como sofrer, com um Sol lindo na cabeça. Alguns parecendo eufóricos, outros discutem seriamente em conversa baixa, alguns ostentam bandeiras com números, poucos. Atmosfera perigosa no ar, sempre que houver eleições neste país, estarei desconfiando das palavras da própria sombra. Quero ter o poder de me surpreender na minha escolha, sem ranços, sem repetecos, quem sabe não é momento de algo arriscado e novo ? Penso nisso com certa melancolia. Caminhar e pensar. Retornarei pelo mesmo caminho, preciso ver aquela margarida ainda hoje...