quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

SAUDADE CÁSSIA ELLER



O Segundo Sol


Quando o segundo sol chegar

Para realinhar as órbitas dos planetas

Derrubando com assombro exemplar

O que os astrônomos diriam se tratar

De um outro cometa



Quando o segundo sol chegar

Para realinhar as órbitas dos planetas

Derrubando com assombro exemplar

O que os astrônomos diriam se tratar

De um outro cometa



Não digo que não me surpreendi

Antes que eu visse, você disse e eu não pude

acreditar

Mas você pode ter certeza

De que o seu telefone irá tocar

Em sua nova casa que abriga agora a trilha

Incluída nessa minha conversão



Eu só queria te contar

Que eu fui la fora e vi dois sóis num dia

E a vida que ardia sem explicação



Quando o segundo sol chegar

Para realinhar as órbitas dos planetas

Derrubando com assombro exemplar

O que os astrônomos diriam se tratar

De um outro cometa



Não digo que não me surpreendi

Antes que eu visse, você disse e eu não pude

acreditar

Mas você pode ter certeza

De que o seu telefone irá tocar

Em sua nova casa que abriga agora a trilha

Incluída nessa minha conversão



Eu só queria te contar

Que eu fui la fora e vi dois sóis num dia

E a vida que ardia sem explicação



Seu telefone irá tocar

Em sua nova casa que abriga agora a trilha

Incluída nessa minha conversão



Eu só queria te contar

Que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia

E a vida que ardia sem explicação



Explicação

Não tem explicação

Explicação, não

Não explicação

Explicação,

Não tem, não tem explicação

Explicação

Não tem explicação

Não tem, não tem...


ps.........

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

CAMINHO




A parede construída com pequenos azulejos, que não são azuis, e que forram todo o corredor, que seguindo se perde em curvas, bifurcações, caminhos. Labirinto. Lembro Rayuela que me conta segredos, fala de espelhos, me faz atravessar o tempo ou redescobrir labirintos. Todos dentro de mim. Alguns fora. Mas em todo o caminho, de um lado azulejos que não são azuis, e do outro vidros, por todo longo caminho labiríntico.. Celas de vidro que aprisionam  almas. Boas e más. Eu mesmo  cumpria a minha pena , até iniciar esta caminhada. Esta cilada. Ouço os ecos dos berros de Renata no palco de nossas  tardes juvenis, na quela pequena cidade do interior do espelho, do tempo, da vida. Delírios psicodélicos em teatros inventados, criando papéis, entrando profundamente na palavra.
Agora ouço meus próprios passos neste cxaminho sem fim ou  labirinto. Passadas que saem dos meus pés, cruzam meus ouvidos e grudam-se nas paredes, como a sombra autônoma de Peter Pan, meus passos já não são meus , mas de personagens ou as pessoas aprisionadas dentro de mim, sendo eu meu próprio carcererio, agora caminha quase livres nos corredores, nas paredes deste labirinto.
Caminhando assim assim consigo lembrar do toque mágico da menina Rosa fazer flores adormecer...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O MEDO DO FINAL DO ANO





Meus medos sempre existiram, no começo do bicho papão; do escuro; de me perder dos pais; de ficar só, do matagal no final da rua...
Assim cresci, até que explodiu. Meu medo do final do ano.



Mais do que isso eu não posso te dizer, o tempo é pouco e a distância muita. Logo estaremos de fato em lados opostos, como sempre estivemos, embora fingíssemos cordialidade. Usávamos as mesmas máscaras e obedecíamos as mesmas ordens. Apesar, apesar, apesar, minha mágoa se dissipou com as lágrimas que correram para o mar de Dorival Caynni, então eu vi, como é bonito.
Mas não é de beleza que falamos agora, melhor, que eu falo. Não brindamos, tão pouco houveram abraços, felicitações, estas coisas de final de ano, amigo secreto, conhece ?
Sempre conto com o tempo para aplacar meus ódios e dores provocados pelo outro. Valha-me Sarte, que me mandou este inferno. Agora sei, Nietschtz, o que não, me mata, me fortalece.
Podes partir, acho que não tenho mais nada a dizer, a não ser que amanhã fazem 14 anos desde a última vez que te vi, te dei adeus e um abraço...são sempre nostálgicos os finais de ano,sempre que lembro nossa formatura. Ah, e obrigado por não me convidar mais uma vez para a confraternização dos formandos de 1997. Já nos esquecemos todos, e depois, é só o medo do final do ano, que logo será um novo.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

SÓ NOS RESTA VIVER




SÓ NOS RESTA VIVER
ANGELA RO RO

DÓ EM MIM SABER
QUE A DOR EXISTE
E INSISTE NO TEU CORAÇÃO
DÓI EM MIM SENTIR
QUE A LUZ QUE GUIA
O MEU DIA NÃO TE GUIA NÃO
QUEM DERA PUDESSE
ADOR QUE ENTRISTESSE
FAZER COMPREENDER
OS FRACOS DE ALMA,
SEM PAZ E SEM CALMA
AJUDASSE A VER
QUE A VIDA É BELA
SÓ NOS RESTA VIVER
QUE A VIDA É BELA
SÓ NOS RESTA VIVER


ps. Gosto dessa lan hause, fica mais para os fundos da loja, e tem um caminho de girassóis que começam a florecer. A vida é bela. Mesmo quando um ano, como este tão turbulento, mas tão encantador ao mesmo tempo, me fez acordar de uma ilusão que carregava comigo. Este ano aprendi que não basta estar vivo, precisamos viver, tentar ser feliz, tentar amadurecer, abraçar nossos amados próximos e ter a mente e o coração abertos e tranquilos, tou assim, ainda nada aconteceu, mas tudo pode acontecer quando somos verdadeiros. Meu único lamento é o afastamento de uma amiga que gosto e respeito muito, mas não se pode ter tudo. Não pretendo que este seja meu último post do ano, mas caso não poste nada mais: SEJAMOS FELIZES.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SONHOS, FLORES E ESPINHOS



...Não sei se caindo, voando ou flutuando, pois não há chão, não há nada. O vácuo. Meu coração é imenso. Meu coração não existe. Abro os olhos e não há luz; uma ausência de cores e formas, só o nada do espaço sideral. Do mundo que conheço só quando durmo ou quando sonho que durmo.


Entre portas e janelas, entradas e saídas, flores e espinhos, amor e morte...
O céu está azul, porém o que se esconde em teus olhos sangrando, reflete a dor que sentiremos no dia do final do mundo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

AS GUERRAS SÃO TÃO TRISTES



MAL NENHUM
LOBÃO

Nunca viram ninguém triste
Por que não me deixam em paz
As guerras são tão tristes
E não têm nada demais
Me deixem bicho acuado
Por um inimigo imaginário
Correndo atrás dos carros
Feito um cachorro otário
Me deixem, ataque equivocado
Por um falso alarme
Quebrando objetos inúteis
Como quem leva uma topada
Me deixem amolar e esmurrar a faca
Cega da paixão
E dar tiros a esmo e ferir sempre o mesmo
Cego coração
Não escondam suas crianças
Nem chamem o síndico
Não me chamem a polícia
Não me chamem o hospício, não
Eu não posso causar mal nenhum
A não ser a mim mesmo
A não ser a mim mesmo

ps.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

DEUS PROVERÁ


para Eliana e todos os pássaros que frequentam sua casa

Meu nome é Azulão, este é meu nome porque pareço um azulão, minhas penas e penungens são tão pretas...Taí meu nome, aliás, no meu bando, somos todos assim. O pavor dos arrozeiros, pois comer arroz na casca, não tem nada melhor. Mas não é disso que falo agora. Desde pequeno eu não sabia quem era, olhava, olhava e éramos todos iguais. Pássaros azulões.
Mas decidi voar por outros ares, encontrar novos amigos. Voei, voei até encontrar meu primeiro amigo, e ele era verde e bicudo. Ele me ensinou muitas coisas, como saber que existem os pássaros, nós, e, os que comandam e destroem tudo, os seres humanos. Falei que voava a dias e não havia encontrado nenhuma lavoura de arroz, e estava com muita fome. Então numa bela revoada o papagaio gritou na língua dos homens: não te preocupes, vá com Deus, ele proverá. Quem é Deus ? perguntei. Ele já sumindo, ainda gritou: Ele tudo pode...Ele é tudo...Ele proverá. E sumiu na imensidão da casa. Foi então que percebi, estava na cidade, e com muita fome.
Amanhecia o dia e iniciei meu voo a esmo. Estava começando a sentir saudades daquele bando barulhento de azulões, que agora aqui, acho até engraçado. Opa, quase fui atropelado por um sabiá, e logo um sabiá ! Estava numa roleta russa de pássaros de todos os tipos: pardais, canários, periquitos, pombas...era uma gritaria, o que reforçou minha memória das saudades de minha família. Fui atrás e indaguei para onde iriam. E todos respondiam: Deus proverá, Deus proverá. Já seguindo eles lembrei do papagaio e de minha fome, porque se demorar muito não terei mais forças para bater as asas.
Quando dei por mim já estava em outro lugar, parecido com o local onde encontrei o papagaio, era um pátio, melhor, os fundos de um pátio. Todos assentaram-se nos galhos de uma grande figueira, que fica de frenta para uma grande janela de vidro. Já haviam muitos pássaros,e todos repetindo: Deus proverá, Deus proverá...Estava já meio tonto, quando de repente vislumbro uma sombra, ninguém voou, mas o alvoroço era grande.
Era uma senhora alta, de óculos, roupão e um jornal debaixo do braço. Ligou a água para aquecer e veio se aproximando da janela, para delírio de alguns que já esboçavam voos em torno de si, na grande árvore, chegando perto da janela os mais ousados. Percebia um sorriso naquele rosto claro de mulher madura, satisfeita com sua rotina. Quando ela abriu a janela, a festa foi geral, todos gritavam: Deus proverá, Deus proverá...Então ela jogou vários tipos de sementes e outros alimentos, daí a festa foi geral.
Estava imóvel no galho, quando percebi que ela olhava-me fixamente, com aquele olhar que só Deus possui, e ela poderia ser Deus, pois estendeu-me a mão. Sim, era para mim.........estava com muita fome, cansado, fraco, então lancei-me num voo cego. Talvez fosse meu último voo. Acho que desmaiei, acordo em suas mãos, segurava-me com uma e acariciava-me com a outra, e para meu espanto sobre a mesa já com seu café preparado, muito arroz com casca. Eu e Deus tomamos nosso desjejum.