terça-feira, 23 de julho de 2019

TRISTES VAIDADES

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Florbela Espanca


Para Quê?! 


Tudo é vaidade neste mundo vão ... 
Tudo é tristeza, tudo é pó, é nada! 
E mal desponta em nós a madrugada, 
Vem logo a noite encher o coração! 

Até o amor nos mente, essa canção 
Que o nosso peito ri à gargalhada, 
Flor que é nascida e logo desfolhada, 
Pétalas que se pisam pelo chão! ... 

Beijos de amor! Pra quê?! ... Tristes vaidades! 
Sonhos que logo são realidades, 
Que nos deixam a alma como morta! 

Só neles acredita quem é louca! 
Beijos de amor que vão de boca em boca, 
Como pobres que vão de porta em porta! ... 

 by Florbela Espanca
in "Livro de Mágoas" 


MUITO OBRIGADO TAIS LUSO


terça-feira, 9 de julho de 2019

NÃO ME DIGA NADA

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Diga-me não e te darei as costas
retrocederei passos tropegos e assustados
convencido que o não é verdadeiro…
Vou atirar mil vezes pelo ar
toda minha alegria
destilarei meu veneno
e não morrerei de apatia.
Vou sacrificar meu amor cego e mudo
sob teu olhar de piedade e asco
Diga-me não todos os dias,
e todos os dias direi amém.
A vida sempre me negou fortuna,
mas me deu liberdade para criar
poemas, textos tolos, e velhas canções,
que nunca cantarei…
Ainda sob teu olhar,
o meu olhar no chão..
Diga-me não
o não que permeia minha vida
o não que acabará com ela
o não que me fará infeliz
o não como lápide do meu túmulo…
Diga-me não e morrerei mil vezes
e viverei mil vezes
dentro dessa ilusão
chamada vida.
Não me diga nada.


by Jair Machado Rodrigues

sexta-feira, 5 de julho de 2019

VOZ

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Ouço tua voz e não consigo escrever nada, nem da dor que maquiada de remédio, suspira e não sangra dentro de mim. Dá última vez ouvi teu canto falando de esperança, de querer, se doar e receber, amar, perdoar e amar de novo...ainda assim, quando fecho os olhos te vejo falar dos astros, e de suas relações com a música. Áries, me disse, gosta de rock pesado, mas melodioso. Pensei no primeiro disco do Radiohead. E que o tempo todo temos uma música embalando nossas vidas, como trilhas sonoras de novela...acho que minha trilha é o silêncio, que grita e ninguém ouve, só eu, só. Gostaria de falar de volta, manter um diálogo, mas como nos sonhos, eu era apenas espectador, ou mera figuração. Enquanto a história se desenrola e seus heróis e vilões ganham vida e ganham guerras de presente do destino, que cruel e mal, nos aguarda em toda esquina, como uma roleta russa, no próximo passo, na próxima esquina, poderemos sucumbir. A música acalma minha alma atormentada nesta existência, sugo todo som musical que me rodeia, assim como aproveito das cores das flores que passam por mim, na floricultura oriental, em alguma esquina, que pode ser a última. Escutarei tua voz pra sempre, gravada em meus ouvidos, no meu inconsciente, minha pele, feito tatuagem sonora ad infinitum... Ouço tua voz, e vagas palavras me surgem dentro de minha cabeça. O silêncio que mantinha, aquecido debaixo das cobertas, do último inverno frio e triste e só. Sempre só...enquanto isso, a voz que fala, dá lugar a voz que canta, então    desisto, me entrego  a própria sorte do amor...Amy canta e eu não sou um garoto bom, talvez um verme, um creep. Depois, estarei na esquina da morte, e ela não me verá, deixando-me vivo, ouvindo minha melodia triste, sem nem um beijo de chegada ou de adeus. Ainda ouço tua voz, embora entrando em sono profundo, e uma esperança da sonhar contigo, me falando ao ouvido, cantando para minha alma.