O dia nasceu morte, as nuvens tomaram conta do céu, nuvens negras, cheias de eletricidade, o que de certa forma dava um suspiro de vida naquela manhã de breu, naquela manhã morta, naquela vida sem vida. Percebo agora que toda manhã antes de acordar tinha este pesadelo, que o dia não nascia e o fim se aproximava. Hoje acordei dentro do meu pesadelo...levantei, tomei meu banho frio, fui alimentar a cachorrinha que deu a luz a cinco filhotes na noite anterior e estranhamente não latiam, e ela concentrada em lamber as crias, não percebia que o dia havia amanhecido, mas estava breu. Retornei para dentro de casa, tentei ligar a televisão, mas não havia sinal. Era o fim do mundo, nada melhor que ouvir Amy Winehouse, lamentando sua vida amorosa e destrutiva, ela é o próprio fim.
O dia nasceu morto, como meu desejo de viver, de estar aqui onde estou, porque neste meio tempo, consegui pegar u ônibus que passava sem destino sem parada, e me deixou no trabalho...lá sim percebi direito o que ocorria, os colegas mostravam suas verdadeiras faces, o ódio no olhar, mentiras, trapaças, mas haviam ordens a serem cumpridas, não importa se o mundo acabou, o que se quer é resultado, produção, para vender não sei para quem. Mas a chefia com sua mão de ferro sobre nossas cabeças, mantinha-nos, entre trovoadas e raios vindos do céu, ao gritos: trabalhem, atendam, cumpram...
O dia nasceu morto...