BRUTUS...
Hoje ele me acordou, arranhando levemente a porta da cozinha, após um breve silêncio, me dou conta que o dia amanheceu, o relógio despertou, muitos pássaros cantam sem parar, ouço carros passando a toda velocidade na rua, e um silêncio e um suspiro do cachorrinho Brutus, meu afilhado do coração...
Como hoje não precisei sair correndo pela quadra atrás de Brutus, que insiste em correr pela manhã...sei que é saudável, mas tenho de ir trabalhar, enfim...
Chego na esquina e o urbano já está a caminho, meia quadra até a parada, normalmente os motorista dessa empresa são queridos e param para que eu ou outra pessoa qualquer fora do ponto, correndo atrás do ônibus, mas este motorista era diferente, além de não parar no meio do caminho para mim (isso ele não é obrigado), quando subi no ônibus dei bom dia ao que ele me respondeu que da próxima vez não esperaria, porque quando ele parou, subiu uma senhora que corria na minha frente, então caminhei até o ônibus, paguei a passagem e fui até ele dizer que ele não precisa me esperar, passei a roleta e me sentei.
Na parada seguinte após subirem várias pessoas, ouço uma voz que fica dizendo: sobe, mais rápido, o cartão amarelo tem de ser renovado, explicava para as pessoas idosas isentas de pagamento trazerem o cartão, assim elas passariam para trás e não ficariam ocupando espaço na frente do ônibus. Tudo bem, informações úteis, mas quem deveria dar era o cobrador, e não o motorista que não parava de falar. Isso me irritou um pouco, mas como a manhã estava agradável, com um Sol lindo, comentei com a moça sentada do meu lado, que ele não parava de falar e não cuidava a direção, ela me disse, além de não parar de falar fica repetindo a mesma ladainha, rimos e ficamos novamente em silêncio.
Próximo de minha parada tem uma sinaleira, que estava fechada, então puxei o sinal e ligou aquela plaquinha que diz – parada solicitada. Abriu o sinal e o ônibus seguiu sem para onde havia solicitado, rapidamente cheguei perto do cobrador e gritei (educadamente rs): sr. motorista, eu sinalizei para parar. Ele, então percebendo que não prestou atenção no trabalho dele para ficar falando, falando, falando...me diz: opa, já estamos parando.
Não precisa dizer que fiquei com a alma lavada, ainda puder dizer, ao invés de ficar falando, presta atenção no que estás fazendo. Mas ele não ouviu, pois já estava descendo um pouco além da parada.
Lembrei do Brutus, que a cada ônibus que passa em frente de casa, ele fica desesperado latindo e pulando na grade da frente, e depois me olha e volta resmungando para o local de onde saiu para latir contra o ônibus.