quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PASSANDO


Enquanto alguns
dizem que o tempo 
corre aseu favor
outros reclamam
do peso do tempo
sobre às costas.
A toda hora tem alguém dissertando 
sobre
a brevidade do tempo.
ou sobre a elasticidade do mesmo.
by Dilmar Gomes


Sobre amanhã ainda nem pensei...clássico do pop gaúcho - DeFalla...mas ele, o tempo, sempre foi um mistério para mim, justamente por estar nele, viver correndo dele ou para ele, mas o que os é ofertado no final das contas do tempo, este senhor, é a morte, aluz no fim do túnel. Não o do Tempo, o Seriado, o do portal para alguns, o nada para outros, para mim, um espelho.
De qualquer forma não passo de um risco ilusório, um desvio de luz na imensidão escura, tateando, como um bebê no início da evolução...até descobrir que somos uma fagulha de luz na escuridão, um sopro de Deus, um nada nos Universos.
Gosto sim de colher flores. peguei este hábito quando uma sobrinha ainda niña pedia com seu olhar infantil que pegasse as que encontrasse pelo caminho, nossas caminhadas demoravam horas, mas o resultado final era sempre lindo e triste. Um buquê lindo e colorido de flores do campo, mortas.
Fiquei como Iberê, o Camargo, procurando por horas o relógio que por descuido deixei cair numa cova não muito rasa, num muito funda, mas com lama...e como ele me perdi no tempo e na lama que secou, dos farelos de terra,os torrões, por vezes parecia ver um número do relógio, mas não o encontrei, apenas mais uma vez o tempo fez sua experiência comigo, passando, passando, passando e transformando tudo ao meu redor e dentro de mim...Não sei do tempo das galáxias ou do tempo do fundo do mar ou seu peso cruel na minha cabeça deixando meus cabelos brancos, os que conseguem ficar na cabeça...
Mas o senhor tempo é médico, praticamente um remédio, curando males, quase todos, abrandando os incuráveis, especialista em coração partido e companheiro, sempre ali, espreitando, no espreitando, nos matando pouco à pouco, a cada centésimo de segundo. Passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando passando


ps. Meus queridos amigos  comentaristas do post anterior, OBRIGADO, mas voltarei para meu tradicional comentário do comentário...não o fiz por problemas técnicos, nesta peça atrás deste teclado. Minha compulsão por postar estava no limite...

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

HUMORES



Não sei se consigo sonhar mais, ou é um excesso de sonhos...dou-me por mim entrando na primeira porta que se abre, nos coletivos que passam na rua onde fica minha casa. Existe uma que nunca faço questão de pegar, que são os piu-pius, pequenos ônibus amarelos, com motorista que odeiam o que fazem, só pode ser isso.


Continuando...sento-me na poltrona (fofa) e tento relaxar, se é que é possível estando atrasado uma hora para o trabalho. Nos devaneios daqueles minutos, passaram-se muitas coisas na cabeça, aliás, eu não sou o único, às vezes um segundo é suficiente para atravessarmos o mundo em batalhas, aventuras indescritíveis, pois é impossível descrever coisas que nem um piscar de olhos é tempo possível para darmos um passo, não neste tempo mecânico (já falei disso – às vezes sou muito repetitivo rs), mas enfim...

Pensei em uns amigos blogueiros e os efeitos de seus post em minha vida (isso tudo nestes breves minutos) lembrei do último post que li no blog da Tais Luso (cronista por excelência) em que ela falava das pessoas difíceis de conviver, dos boçais donos da verdade, dos absolutos, pessoas que a gente não é nada, além de um ouvido penico para eles – ri em pensamento e segui a aventura...pensei num blog que se chama Conto de Fadas, estou seguindo, mas é bem recente esta nova paixão, um post sobre a estupidez humana, escrita de uma forma que há pouco me atrevi a fazer meu primeiro comentário, um post estupendo, novos caminhos na blogosfera, novas, velhas, outras formas de dizer...

Neste delírio quase passei de meu ponto, então levantei fui até o senhor motorista e pedi para descer o mais próximo da rua que iríamos atravessar, estávamos agora na sinaleira, ele me olha e diz: porque não me avisou antes, agora não posso abrir a porta aqui. - Como estávamos na sinaleira falei para ele, tanto faz, desde que seja próximo dessa rua. Não satisfeito, ele continuou: - Ás vezes não é possível parar em qualquer lugar. Eu, na maior calma e pedindo a Deus, para que aquilo fosse só um insight surreal, ou uma pegadinha e começarmos a rir, disse: - Meu senhor, não importa, desde que o senhor pare para que possa voltar a esta rua, tudo bem (já com um leve sorriso irônico).

Abriu a sinaleira, ele seguiu e parou no outro lado, bem próximo da rua que havia pedido...como disse antes, se não disse estou dizendo agora, nunca faço questão de pegar estes pequenos ônibus, os motoristas são chatos mesmo. Agradeci, lhe disse rápido que nunca faço questão de pegar tal condução, sorri e caminhei para a farmácia ( eu não trabalho lá rs), comprei um medicamento e comentei com o atendente o que havia acabado de acontecer. Ele ficou meio incrédulo, e eu dizendo é verdade, e o bom foi que me mantive calmo, achando muito engraçado a reação infeliz do motorista. Não precisaríamos passar do Bom Dia.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

PRA ONDE VAI O MUNDO ?




Fiquei estarrecido ao ver na televisão um funcionário público da prefeitura de São Paulo falar ao telefone com outro conivente, algo assim: -...é difícil ser bandido, no meu patrimônio ninguém toca... - Através de um telefone grampeado de funcionários corruptos, que já se calculou meio bilhão roubado dos cofres públicos. Conclusão: GANÂNCIA.


Será que a inversão de valores é inerente ao homem de hoje, o desejo de ter as coisas vinculadas na mídia, como lei, deves ter...neste caso é muito usado para explicar roubois ou furtos de menores, como tênis de marca, camiseta, etc... O que dizer destes senhores, pais de família, até se descobrir isso, pessoas respeitadas na sociedade...este assunto é muito nojento, pra onde vai o mundo ?
 
 
Ele demora um ano rodando o sistema solar.
Ele demora um ano mas volta pro mesmo lugar.
Pra onde vai o mundo?
Pra onde vai o mundo?
Onde é que ele vai?
Onde é que ele vai?

Pra onde vai o mundo
vai todo mundo.
Pra onde vai o mundo
daqui a um segundo

Pra onde vai o mundo?
Pra onde vai o mundo?
Onde é que ele vai?
Onde é que ele vai?

Será que ele vai estourar?
Será que ele vai poluir?
Até não pudermos respirar
Até não podermos existir

Enquanto o 3º mundo espera o juízo final
eu quero uma vaga no ônibus da corrida espacial


Pra onde vai o mundo?
pra onde vai o mundo?
Onde é que ele vai?
Onde é que ele vai?

Vai vai vai vai...





Verdadeira Corrida Espacial – Os Replicantes



quarta-feira, 6 de novembro de 2013

LIVROS PELA CIDADE






Fica difícil às vezes não correr para teus braços e dizer o quanto te odeio e amo, o quanto sofri com tua ausência, tua falta quase me destruiu, mas tua presença deixou marcas profundas de dor.


Outro dia me peguei pensando em nada, e quando percebi que minha cabeça estava vazia de ti e do mundo, acordei na certeza de que havia me curado, dos teus carinhos invisíveis, teus beijos técnicos, de tuas falas decoradas de um texto qualquer.

Muito tempo eu tive para te esquecer, pra te querer, te matar ou morrer, e nada fiz...Tomarei outros caminhos, quem sabe outras pessoas, outros espelhos ou outras dimensões.

Não me importa se falarás comigo, se vai se importar com o que digo, ou mesmo querer saber se eu existo de verdade....cheguei a pensar ser meu avatar...gosto desse mundo virtual...posso desaparecer a qualquer momento e posso manter as relações dentro disso, nem um milímetro a mais, somente no mundo virtual.

Mesmo assim, acho que te amarei para sempre, afinal, não é todo dia que encontro alguém que ame Smiths, adore poesia e as leia para o mar...e ame tanto os livros como eu.

Talvez nos encontremos na 59ª Feira do Livro em Porto Alegre, o maior evento a céu aberto da América, e talvez encontre um livro que possa servir de portal para o mundo da felicidade, o mundo da leitura, o mundo da aventura...

Enquanto isso quero me perder por entre Mário Quintana, Moacir Scliar, Caio Fernando Abreu, Lya Luft, Luiz Fernando Veríssimo, Ivo Bender, Jorge Luis Borges, Martha Medeiros, Josué Guimarães, Gabriel Garcia Marques, Charles Kiefer, Raul Bopp, Fernanda Young, Fernando Pessoa, Humberto Eco, Claríce Lispector... e Luis Augusto Fischer, o Patrono 2013.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

DO RISCO EM TEUS CÍLIOS





ALTOS E BAIXOS
ELIS REGINA


Foi, quem sabe, esse disco

Esse risco de sombra em teus cílios

Foi ou não meu poema no chão

Ou talvez nossos filhos

As sandálias de saltos tão altos

O relógio batendo, o sol posto, o relógio

As sandálias, e eu bantendo em teu rosto

E a queda dos saltos tão altos

Sobre os nossos filhos

Com um raio de sangue no chão

Do risco em teus cílios

Foram discos demais, desculpas demais

Já vão tarde essas tardes e mais tuas aulas

Meus táxis, whisky, Dietil, Diempax

Ah, mas há que se louvar entre altos e baixos

O amor quando traz tanta vida

Que até pra morrer leva tempo demais

 by Julia Rauta

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

CANTO PARA MINHA MORTE



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CANTO PARA MINHA MORTE



Eu sei que determinada rua que eu já passei

Não tornará a ouvir o som dos meus passos

Tem uma revista que eu guardo há muitos anos

E que nunca mais eu vou abrir

Cada vez que eu me despeço de uma pessoa

Pode ser que essa pessoa esteja me vendo pela última vez

A morte, surda, caminha ao meu lado

E eu não sei em que esquina ela vai me beijar

Com que rosto ela virá?

Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?

Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque,

Na música que eu deixei para compor amanhã?

Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?

Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,

E que está em algum lugar me esperando

Embora eu ainda não a conheça?

Vou te encontrar Vestida de cetim

Pois em qualquer lugar

Esperas só por mim

E no teu beijo

Provar o gosto estranho

Que eu quero e não desejo

Mas tenho que encontrar

Vem Mas demore a chegar

Eu te detesto e amo

Morte, morte, morte que talvez

Seja o segredo desta vida

Qual será a forma da minha morte

Uma das tantas coisas que eu nao escolhi na vida

Existem tantas... um acidente de carro

O coração que se recusa a bater no próximo minuto

A anestesia mal-aplicada

A vida mal-vivida

A ferida mal curada

A dor já envelhecida

O câncer já espalhado e ainda escondido

Ou até, quem sabe,

O escorregão idiota num dia de sol

A cabeça no meio-fio Ó morte, tu que és tão forte

Que matas o gato, o rato e o homem

Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres

Me buscar

Que meu corpo seja cremado

E que minhas cinzas alimentem a erva

E que a erva alimente outro homem como eu

Porque eu continuarei neste homem

Nos meus filhos

Na palavra rude que eu disse para alguém

Que não gostava

E até no uísque que eu não terminei de beber / Aquela noite...


by RAUL SEIXAS