Aprendi que 20 de novembro é uma data sagrada para nós negros, porque nos lembra um grande mártir, um irmão de pele negra, evoluído que se permitiu viver entre nós para nos ensinar a viver em paz e harmonia, todos, independente da cor da pele, apenas a raça humana, era Zumbi, o Rei de Palmares.
Minha amiga Ju já me chamou de seu melhor pior amigo, por esquecer datas importantes, como o aniversário dela, dia do amigo, etc...esqueci que uma grande amiga, Maria Helena, seria homenageada (como foi) no dia 20 de novembro, por todo o seu trabalho no ensino, as conquistas de uma mulher, minha amiga, negra.
No dia 20 postei uma situação que havia ocorrido comigo naquele dia, ao pegar uma condução coletiva, enfim...Estava pensando antes do dia 20 em prestar uma homenagem aqui no blog, pensei num poema que recitei há muito tempo, quando jovem ainda, no grupo amador de teatro Verso Explícito (até hoje gosto desse nome). Este grupo de teatro da juventude foi o último grupo que pertenci, última tribo que amava poemas, mas passou, ficou a boa lembrança. (Embora tenha sido calorosamente acolhido, em minha passagem por BlogsVille, ter feito amigos que serão para sempre, mas como o personagem Astronauta de Maurício de Souza, continuarei vagando pela blogosfera).
o poema:
DIAMBA
by Raul Bopp
Negro velho fuma diamba
para amassara memória
o que é bom fica lá longe...
os olhos vão-se embora para longe
o ouvido de repente parou
Com mais uma pitada
o chão perde o fundo
Negro escorregou
caiu no meio da África
Então apareceu no fundo da floresta
uma tropa de elefantes enormes
trotando
cinquenta elefantes
puxando uma lagoa
Para onde vão levar esta lagoa?
está derramando água no caminho
Água do caminho juntou
correu correu
fez o rio Congo
Águas tristes gemeram
e as estrelas choraram
Aquele navio veio buscar o rio Congo!
Então as florestas se reuniram
e emprestaram um pouco de sombra para o rio Congo dormir
os coqueiro debruçaram-se na praia
para dizer adeus.
Raul Bopp era um poeta gaúcho modernista, um dos fundadores da Revista Pau Brasil, coisas importantes que revolucionaram o país com a Semana de Arte Moderna, tenho o maior carinho e respeito pela obra do autor, Cobra Norato é um de seus livros de maior expressão.
A propósito, este poema chegou até meus sentidos através de meu amigo Jaca, pois sabia que procurava poemas que me identificasse no recital que o grupo de teatro montava, como todos, menos eu, eram e são brancos, precisava deste poema...
ps. DEDICO ESTE POST À NELSON MANDELA
ps.2. Meus queridos amigos comentaristas do post anterior, OBRIGADO, mas voltarei para meu tradicional comentário do comentário...não o fiz por problemas técnicos, nesta peça atrás deste teclado. Minha compulsão por postar estava no limite...