quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

NUVENS





NUVENS

para Helena Petkowicz, que vê nuvens pela janela comigo...


Tenho feito buscas de nuvens
as perdidas
as distantes
na memória, nos instantes
em que o tempo parou.
Tenho sonhado com nuvens
em que pulo de uma em uma
e olho do céu a terra
e vejo o menino deitado no chão,
olhando nuvens e sorrindo,
brincando com os caneiros do céu,
(que são as nuvens que pulo).
Tenho tentado as sombras das nuvens
abaixo do Sol escaldante,
para que eu siga
para que eu diga
que há uma nuvem guardada no fundo da memória, 
e nela está minha infância perdida.

by Jair Machado Rodrigues 


terça-feira, 17 de dezembro de 2013

NATAL E MORTE



Acordei...passei o ano todo acordando, nem sempre na hora, nem sempre querendo, mas atravessei  mais um ano, eu acho, não acabou ainda. Todas as mágoas vieram à tona, minhas dores esquecidas, meu amor perdido, todos os seres humanos"maus"  estão na minha frente, sempre me desafiando, desafiando minha paciência, meu humor, até meu silêncio.
Faz algum tempo, este louco tempo, fica me dizendo que já passou e eu nada. Nada de vida, nada de morte, nada de amor, nada de ódio, nada... 
"Você não sabe
O quanto caminhei
Pra chegar até aqui
Percorri milhas e milhas
Antes de dormir"
(Cidade Negra)
Cúmulus  nimbus se aproximam lentamente, sobre mim, como a morte, que espero seja leve e indolor, pois cheguei no limite do não limite branco (Caio Fernando Abreu), do abismo de uma juventude perdida, como os poemas nunca escritos poe Augusto dos Anjos, nem por nenhum morto ou vivo ilustre...
Não cortarei meus pulsos, pode não dar tempo de morrer, e, nunca gostei de ver meu sangue, nem sentir dor... mas meu coração  sim, este sabe bem o que é dor, mas quem se importa ? Nem eu quero saber mais de mim, não quero mais saber de nada... Deus é tudo, Deus é nada. Eis-me aqui, meu próprio avatar sem rumo sem planeta sem futuro sem eu sem amor sem caminho sem desejo sem destino.
"Um pobre diabo é o que sou
Um girassol sem sol
Um navio sem direção
Apenas a lembrança do seu sermão"
(!Ira)
Pobre Natal, pobre Natal geme o sino...nunca tive os brinquedos     que desejei, nem as ceias que via pela televisão, muito menos a solidariedade que era muito falada, não mais hoje. Envelheci e não vi nada de bom nisso, não aprendi, não me conformo, poi sei que não sou o pior dos seres humanos, já vi e convivi com muitos, horríveis, monstros, cruéis, medíocres, e todos, todos se deram bem, gratificações, títulos, poder... mas o que fazer quando não se tem ambição ? Concluo que não pertenço a este mundo, que estou completamente equivocado... estou cansado, acho que nunca fui um menino bom, por isso Papai Noel nunca encontrou minha casa.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

DIAMBA, NELSON MANDELA, DIAMBA





Aprendi que 20 de novembro é uma data sagrada para nós negros, porque nos lembra um grande mártir, um irmão de pele negra, evoluído que se permitiu viver entre nós para nos ensinar a viver em paz e harmonia, todos, independente da cor da pele, apenas a raça humana, era Zumbi, o Rei de Palmares.
Minha amiga Ju já me chamou de seu melhor pior amigo, por esquecer datas importantes, como o aniversário dela, dia do amigo, etc...esqueci que uma grande amiga, Maria Helena, seria homenageada (como foi) no dia 20 de novembro, por todo o seu trabalho no ensino, as conquistas de uma mulher, minha amiga, negra.
No dia 20 postei uma situação que havia ocorrido comigo naquele dia, ao pegar uma condução coletiva, enfim...Estava pensando antes do dia 20 em prestar uma homenagem aqui no blog, pensei num poema que recitei há muito tempo, quando jovem ainda, no grupo amador de teatro Verso Explícito (até hoje gosto desse nome). Este grupo de teatro da juventude foi o último grupo que pertenci, última tribo que amava poemas, mas passou, ficou a boa lembrança. (Embora tenha sido calorosamente acolhido, em minha passagem por BlogsVille, ter feito amigos que serão para sempre, mas como o personagem Astronauta de Maurício de Souza, continuarei vagando pela blogosfera).

o poema:

DIAMBA
by Raul Bopp

Negro velho fuma diamba
para amassara memória
o que é bom fica lá longe...

os olhos vão-se embora para longe
o ouvido de repente parou
Com mais uma pitada
o chão perde o fundo
Negro escorregou
caiu no meio da África

Então apareceu no fundo da floresta
uma tropa de elefantes enormes
trotando
cinquenta elefantes
puxando uma lagoa

Para onde vão levar esta lagoa?
está derramando água no caminho

Água do caminho juntou
correu correu
fez o rio Congo

Águas tristes gemeram
e as estrelas choraram
Aquele navio veio buscar o rio Congo!
Então as florestas se reuniram
e emprestaram um pouco de sombra para o rio Congo dormir
os coqueiro debruçaram-se na praia
para dizer adeus.

Raul Bopp era um poeta gaúcho modernista, um dos fundadores da Revista Pau Brasil, coisas importantes que revolucionaram o país com a Semana de Arte Moderna, tenho o maior carinho e respeito pela obra do autor, Cobra Norato é um de seus livros de maior expressão.
A propósito, este poema chegou até meus sentidos através de meu amigo Jaca, pois sabia que procurava poemas que me identificasse no recital que o grupo de teatro montava, como todos, menos eu, eram e são brancos, precisava deste poema...

ps. DEDICO ESTE POST À NELSON MANDELA

ps.2. Meus queridos amigos  comentaristas do post anterior, OBRIGADO, mas voltarei para meu tradicional comentário do comentário...não o fiz por problemas técnicos, nesta peça atrás deste teclado. Minha compulsão por postar estava no limite...