terça-feira, 17 de junho de 2014

VOU VOLTAR NA PRIMAVERA





Vira virou




"Vou voltar na primavera
E era tudo que eu queria
Levo terra nova daqui
Quero ver o passaredo
Pelos portos de Lisboa
Voa, voa que eu chego já
Ai se alguém segura o leme
Dessa nave incandescente
Que incendeia minha vida
Que era viajante lenta
Tão faminta da alegria
Hoje é porto de partida
Ah! Vira virou
Meu coração navegador
Ah! Gira girou
Essa galera."

by Kleiton e Kledir

terça-feira, 10 de junho de 2014

CORAÇÃO, O CONTO


 

 
Sentado na poltrona do ônibus, a cada  que passava, vislumbrava uma perspectiva colorida, digo, cada rua com sua cor, a cada esquina...pensou em seu trabalho, seu prazer, que era a fotografia. Voltaria a fazer este trajeto caminhando e carregando a mochila com seu material fotográfico. Ainda pensava, o que definira as cores da rua ?, e como era possível ter esta percepção?, como era possível cada rua ter uma cor, estranhamente natural, pois as pessoas não pensam mais nisso. Não pensam mai em cores alegres e quentes, as pessoas estão preto e branco e cinza, nos olhos e na alma. Usam as ruas para caminharem apressadamente ou em alta velocidade com seus automóveis ou apertadas num coletivo, como ele estava agora, mas seu coração é sensível demais para não perceber as cores e não se importar de seu corpo bem próximo de outros, era um ser livre, gostava do calor humano. Sinal  vermelho, sente um pequeno aperto  no coração e coloca a mão no peito. Lembra que ao ser acordado por sua mulher, com um afago na cabeça e seu nome sendo chamado baixo e de forma  docemente carinhosa. Após abrir os olhos e tê-la no seu campo de visão, quando sentiu o primeiro desconforto no peito. O ônibus retoma seu caminho. Pensou em laranjeiras, um pomar inteiro de laranjas. Ao cruzar por mais uma rua colorida, como se o coletivo parasse, ele observou com cuidado, era uma rua branca, com uma pequena  luz brilhante lá longe, onde seria o seu fim. Fez-se silêncio , e sua vida passou diante de seus olhos...um recém nascido com a admiração dos pais envolta do berço...primeiros passos e palavras, alegria na família...caminhando carregado pelas mãos do pai, que um Dia Deus levou...correria no recreio da escola,meninos felizes...o diploma que nunca exerceu, pois o fascínio que sempre fora amador, começou a tomar corpo e parte fundamental em sua vida....quando se profissionalizou, então renasceu e recomeçou sua vida...casamento...filhos...família...felicidade. Como se o ônibus não saísse do lugar, pensou em registrar para sempre esta rua, tão branca e brilhante, tão calma, ao longe vislumbra uns vultos de branco que caminham em sua direção...O ônibus, agora para na frente do Hospital do Coração, ele desceu e seguiu aqueles seres de branco, e parecia feliz...
O motorista do ônibus desesperado sai correndo em direção ao hospital,   gritando por ajuda, pois um passageiro esta tendo um ataque cardíaco e nenhuma porta se abriu.
Então ele olhou mais uma vez para trás, como se lamentasse, e seguiu junto aqueles seres de branco em direção à luz.


o



o


 


ps. Este conto é dedicado ao fotografo LUIZ CLAUDIO MARIGO, morto do coração, na porta do Instituto Nacional de Cardiologia  em São Paulo, no bairro Laranjeiras. E estas são algumas fotos deste fotógrafo, que agonizou até a morte, como esta agonizando o povo brasileiro.

LUIZ CARLOS MARIGO

segunda-feira, 2 de junho de 2014

SINTO O VENTO GELADO DE INVERNO




O que estou fazendo entre  vocês que insistem em me ignorar e pisar, mandar, exercer sobre mim, frágil, obediente, desbocado e infeliz e feliz, tentando me esquivar de teu olhar, tentando nem pensar nem esperar compaixão ou amizade. Uma vez um amigo disse que o que importava neste mundinho é o lucro. Hoje lhe dou razão, queremos encher nossos bolsos com dinheiro honesto de trabalho, mas sendo relapsos e indiferentes, cumprindo horário e não importando se o papel que temos nas mãos é real e virtual, não sentindo que existe uma vida na outra face do papel...já sinto o vento gelado de inverno, mesmo estando no outono, sinto meu coração apertado, sabendo que nada, nada do que eu faça, fará com que consiga tua compaixão , serei para sempre teu maior erro de amizade, mesmo chorando contigo, mesmo rindo contigo, mesmo vendo a mesma magia que se esconde dentro dos cristais, mesmo amando os bichos, as plantas,ás árvores...tento amar e não consigo, tento olhar mas teus olhos mentem que me entendem, mas não precisam mais que minha rapidez para dizer adeus, pois sempre, para sempre facilitarei tua  vida que não se prende a minha, para que parta, para que siga, para que suma e não me diga com quem devo dormir, como eu vou ficar...
"In my life
Why do I give valuable time
To people who don't care if I live die?"
Porque eu penso, porque eu sinto, e o mais fácil é seguir na multidão como se nada houvesse, como se nada fosse dito, livre de qualquer culpa, de todas as mágoas, de todas as dores que insistem em ficar doendo, doendo, doendo no coração e na alma. Quero seguir assim também, como se não houvesse amanhã, como se não houvesse ninguém.

Fecho os olho se respiro fundo, bem profundamente e na hora de soltar um grito, me calo com uma oração, e grito por dentro, abro os olhos e não vejo mais o ódio apenas a harmonia, a beleza e a vida.