Neste
caminho não encontrarei a felicidade completa, se é que ela existe,
mas por aqui não, com certeza. Acordo todo dia e é o mesmo dia.
Não, é mais um milagre, o começo das pequenas alegrias que
transformam o dia em felicidade. Acordar, é o início das pequenas
alegrias, o milagre se fez...Posso tropeçar e cair da cama, de cara
no chão, mas posso seguir caminhando calmamente para o banheiro. Ao
sair à rua pode estar chovendo ou um lindo Sol escaldante no meio do
céu. Em ambas as situações existe uma dose de alegria, por vezes
pequenas, mas alegrias. Plantas adoram chuva. Praieiros adoram Sol.
Mas precisamos dos dois, Sol e Chuva. Um olhar doce, um bom dia com
verdade, uma borboleta voando sobre nossas cabeças, são sim
pequenas alegrias. Preciso, dessas doses, para sobrevier a mais um
dia, neste caminho que trilho só, com sonhos, vontades e desilusões,
onde a felicidade completa não existe. Mas aqui e ali, surgem estas
pequenas alegrias. Uma criança no colo da mãe, que sorri e acena,
sem mais, nem menos, apenas esta alegria natural dos inocentes, e,
apesar de pequenos fornecem grandes alegrias. Uma saudade, que no
passado era puro amor, também é uma alegria, talvez pequena, mas
somando as lembranças, tenho uma imensa alegria de saber que vivi um
grande amor com minha mãe. As perdas nos fazem acreditar que a
grande felicidade deixou de existir, mas não de viver em meu coração
todo amor que recebi desde quando concebido. Caminho só, se não
fossem os cães, os pássaros, a presença de Deus. Embora saiba
dessa alegria de não estar espiritualmente só, minhas mãos ficam
perdidas e não tocam em ninguém. Então percebo que a tal
felicidade completa, jamais me será permitido senti-la, mas as
pequenas alegrias, estas sim, de grão em grão, de gota em gota,
acalmam meus olhos que não encontram ninguém, e meu coração, que
vive de amores mortos, e sente muita saudade. Uma saudade alegre, já
disse, mas saudade e solidão, que teimo em não encontrar neste
caminho outras pegadas pra eu seguir e me encontrar, e ser feliz quem
sabe.