Falávamos sobre uma virose estomacal que andou circulando por aqui, quando alguém falo em chá de boldo, e como um Marcel Prost, a imagem do cheiro do chá levou-me a alguns anos atrás, quando então cursava a faculdade de Direito em Santa Cruz, uma bela cidade de origem germanica no interior do Estado. Já comentei noutro posts, a saudade que até então negava desse tempo, mas era tão bom, tão divertido, até as depressões eram legais. Durante os cinco anos acho que K. foi a única pessoa que mais andei, embora não prolonguemos nossas amizade além da facudade, assim como todos. Mas tinha uma colega, Liane, que conheci no decorrer do curso, que me chamava a atenção porque nunca conseguia entender seus comentários, ela falava coisas sérias como se fosse uma piada e piadas como se fossem coisas sérias, quando entendi, adorei ela e por um bom período andávamos juntos. Como trabalhavámos próximos, almoçavamos e após, íamos para um café com mesas na rua em Santa Cruz, onde sentávamos e pedíamos chá, ela sempre pedia os coloridos , de preferência que combinasse com sua roupa, eu sempre de boldo.
"Mémórias, não são só memórias, são fantasmas que me sopram aos ouvidos coisas que eu não quero nem saber..."
Tenho medo de ficar na comtemplação, catatônico no passado e não conseguir pegar o bonde de minha história, de um amor quem sabe... Mas às vezes apenas queria ser um personagem de Graciliano Ramos, um funcionário público perdido em arquivos, que ao final do dia vai para para sua casa só, mas num mundo seu, se é loucura ou não, não sei...mas tou próximo disso. Também me vejo como uma peça de Dodecaedro, conto do livro Triangulo das Águas, de Caio F., onde doze pessoas estão presas em um casarão, cercado por cães loucos, e dentro, agluém prepara chá com ervas do campo...
"HÁ ALGO QUE JAMAIS ESCLARECEU
ONDE FOI EXATAMENTE QUE LARGUEI
NAQUELE DIA MESMO
O LEÃO QUE SEMPRE CAVALGUEI ?
LÁ MESMO ESQUECI
QUE O DESTINO
SEMPRE ME QUIS SÓ
NO DESERTO SEM SAUDADE, SEM REMORSO SÓ
SEM AMARRAS, BARCO EMBRIAGADO AO MAR"
Adriana Calcanhoto - INVERNO
«Uma parte de mim / é todo mundo: / outra parte é ninguém: / fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão / outra parte estranheza e solidão // Uma parte de mim pesa, pondera: / outra parte delira // Uma parte de mim é permanente: / outra parte se sabe de repente. // Uma parte de mim é só vertigem: / outra parte linguagem // Traduzir-se uma parte na outra parte - que é uma questão de vida ou morte - / será arte ? (TRADUZIR-SE by FERREIRA GULLAR)»
ResponderExcluirNão diria arte. Talvez seja procura...
Abraço
Paulo
PORTUGAL
Chá de boldo faz muito bem para digerirmos o que não nos desce muito bem. E às vezes temos que engolir! Brincadeira ( mas é).
ResponderExcluirBeijão.