terça-feira, 12 de janeiro de 2010

DA VEZ PRIMEIRA QUE ME ASSASSINARAM


Da vez primeira que me assassinaram

Perdi um jeito de sorrir que tinha

Depois a cada vez que me mataram

Foram levando qualquer coisa minha



Hoje, dos meus cadáveres eu sou

O mais desnudo, o que não tem mais nada.

Arde um toco de vela amarelada

Como único bem que me ficou.



Vinde! corvos, chacais, ladrões da estrada

Pois dessa mão avaramente adunca

Não haverão de aarrancar a luz sagrada


Aves da noite, asas do horror, voejais

Que a luz tremula e triste como um ai,

Aluz de um morto não se apaga nunca.


MARIO QUINTANA, nascido no Alegrete em 1906, morreu em Porto Alegre nos anos 90...

ps. "A morte é libertação total: A morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos". Mario Quintana.

Um comentário:

  1. creo que esta poesìa tenga una gran raìz humana, simple y concreta, no hay un despuès, no hay una trascendencia.
    (mas talvez me equivoco)

    ResponderExcluir