segunda-feira, 28 de março de 2011

INVENTEMOS UMA NOVA PASSAGEM

by Rosana Souza

O VENTO QUE PENETRA

O vento afasta as nuvens
e claridade retorna. Quando
a julgamento é lúcido, as
dúvidas desaparecem.

I Ching

Foram três dias horríveis, relato o terceiro e último desta catástrofe que é minha vida. De tudo o que sempre preservei e preservo é minha família, meu pai e minha mãe (meus irmãos sabem se virar) e meu trabalho, que é meu ganha pão, o motivo, junto de meus pais de eue ainda estar aqui. Tenho amigos da boglosfera bem fiéis, que cobram mesmo, e de alguma forma meu surto de três dias ficou meio suspenso, se não fosse assim, não seria eu, talvez um outro eu do momento...Viva Fernando Pessoa.
Às vezes não se pode lutar contra, mesmo aquelas coisas que somos contra, então, nos unimos, foi o que fiz, e para minha surpresa funcionou muito mais rápido que da outra forma, meu inimigo que está no poder rsrsrsrsrs...isso é Cazuza, ajudou-me, claro que não falou comigo, como eu fiz ao fazer tal pedido, limitou-se a mandar uma mensagensinha eletrônica, poupou-me de ter de ouvir sua voz. Sempre tento, usar metáforas, imagens poéticas (no que não sou bom, como minha amiga RosanAzul, minha poetinha), então boa parte disso tudo é mentira, ou história para ter o que por no blog.
Joguei o I Ching e O Vento Que Penetra é o hexagrama 57, o que é muito generoso para o que eu perguntei "As forças do mal se dispersam, como as nuvens empurradas pelo vento", isso acalmou minha alma, pois acabo de dar um salto no escuro, estou fechando um ciclo, para abrir outro, fugir não adianta, ficar muito menos...sou assim, reconheço, sei de minhas limitações e minhas neuras, embora não seja um neurótico, lendo Jung encontrei algumas definições no livro Tipos Psicológicos, e não sou um neurótico, apenas problemático "O Sucesso está no esforço constante, orientado numa única direção". E Deus me proteja.

quinta-feira, 24 de março de 2011

BEIJOS SEM FIM E SEM CALENDÁRIO II

by Anaís

A FORÇA DO FRACO.


A paciência, a tolerância
e a flexibilidade
são as armas do momento.
Faltando energia,
é melhor se ocupar de coisas menores.
I Ching


Es ahora un globo escuro que dilata las paredes de cristal*, é um salto no escuro, como naqueles sonhos em que não caímos nunca, ficando suspenso no ar, no nada, a sensação é de queda, mas ao mesmo tempo de liberdade. Às vezes, precisa-se cair para levantar, mesmo com os joelhos ralados, deve-se seguir, pois sempre foi assim...assim chegamos neste século, vindo das cavernas, e vivendo hoje, praticamente como nossos antepassados, em cavernas, rodeadas de grades. Também temos filhos, e os estragamos, na melhor das intenções, mas nós mesmos não dizemos que o inferno esta cheio de intenções. Céu, preciso falar de céu agora, é uma palavra boa, melhor que os quintos...
Lentamente, como El Bolero de Ravel, inicio mais uma vez o redesenho de meu caminho, com medo, muito medo, mas o medo faz parte, e com medo, serei um alvo mais difícil, pois tou atento. Como diz Lya Luft, toda mudança cobra um alto preço emocional, mas estou disposto a pagar.

(...)No 2º Dia só ouvi sua voz, pois sendo o favorito, precisa fazer seu trabalho: adorar seu protetor, pisar nos humildes, ostentar suas aventuras amorosas ou não, mas com a soberba de sempre...dos sete pecados capitais o que mais poderia se aproximar de ti é a vaidade, incrivel como este corpo flácido e branco e grande, toma proporções arrasadoras, sai da frente senão soterras...e assim passavam os dias. Chega de ouvir Bolero de Ravel e Nara Leão, que coisa chata - me jogou na cara, então disse: perguntou-me o que eu queria ouvir, não é ? pois bem, conte-me quem és na realidade, que mal eu fiz para virar-te contra mim desta maneira ? - então inciou a falar(...)
perdão, continuarei em outro post, ainda não sei se estou disposto a ouvir o que F. tem a me dizer.

*-secretos (IV) Rayuela

Ouço repetidas vezes o cd 100 anos de Noel Rosa, quanta poesia, quanta melodia, sambas celestiais, e palavras, palavras, as mais doces e amargas palavras, palavras...ele morreu tão jovem, e deixou um legado grandioso em quantidade e qualidade, morreu aos 26 anos (eu acho), e absurdamente romântico.

ADEUS

Adeus! Adeus! Adeus!
Palavra que faz chorar
Adeus! Adeus! Adeus!
Não há quem possa suportar

O adeus é tão triste
E não se resiste
Ninguém jamais com adeus pode viver em paz

Pra que foste embora?
Por ti, tudo chora!
Sem teu amor esta vida não tem mais valor.
Noel Rosa/Francisco Alves
cantado por Toquinho e Vinicius de Moraes é perfeito.

segunda-feira, 21 de março de 2011

NUM REPENTE DE LUZ E TEZ


(...) Como um Bolero de Ravel, disse F., lentamente, minimalista mesmo, mas pulsando. Fraco mas respirando. Mais profundamente e a cada instante e mais mais mais(...) De onde estava apenas observei, continuou (...) A vida não começa lenta assim, o gozo, o parto, tudo é traumatizante, ou quase..Tá mais para para o final apoteótico do Bolero, claro. O fim do Bolero é o começo ou recomeço. Porque o amor é o começo. Lentamente, imperceptível. Não, mas daí pula para o fim, a tempestade, a escuridão clara. A cegueira que vê. Mas a vida é o Bolero do começo ao fim. Desculpa, não é isso que queres ouvir, né? Onde andei. Com quem. O que fiz. Não precisa baixar a cabeça, só tou tentando entender o que queres que eu diga(...)

Neste final de semana, entre um sono e outro assisti um programa de tv que apareceu Maria Bethânia, que para mim transcende uma cantora, acho ela uma entidade que encarnou aqui neste planeta para cantar, e recitar poemas. Sua dignidade está além da realeza,sua simplicidade é de cortar a alma, de pés descalços, cabelos longos, dignamente envelhecidos e a anfitriã deste programa Regina Casé é outra entidade em forma de gente, o programa parece uma bagunça, muito samba, mas é encantador, acho que nunca antes na história deste país ouve um programa de auditório em que metade das pessoas é negra...engraçado, mas é verdade quando digo que pela primeira vez em minha vida me vejo na televisão, pois parece que aqui no Brasil só tem branco, mas enfim...como falei, entre um sono e outro...

VERSO CURTO

angústia naõ corre
pula

e a gula engole
a dor duma vez

ou risada sem
pavio
a barragem do rio
explode
num repente de luz
e tez.

CUTI do livro NEGROESIA, Antologia Poética

quarta-feira, 16 de março de 2011

PARA SEMPRE CAIO FERNANDO ABREU




DIÁLOGO
Caio Fernando Abreu

A: Você é meu companheiro.
B: Hein?
A: Você é meu companheiro, eu disse
B: O quê?
A: Eu disse que você é meu companheiro.
B: O que é que você quer dizer com isso?
A: Eu quero dizer que você é meu companheiro, Só isso.
B: Tem alguma coisa atrás, eu sinto.
A: Não. Não tem nada. Deixa de ser paranóico.
B: Não é disso que estou falando.
A: Você está falando do quê, então?
B: Estou falando disso que você falou agora.
A: Ah, sei. Que eu sou teu companheiro.
B: Não, não foi assim: que eu sou teu companheiro.
A: Você também sente?
B: O quê?
A: Que você é meu companheiro?
B: Não me confunda. Tem alguma coisa atrás, eu sei.
A: Atrás do companheiro?
B: È.
A: Não.
B: Você não sente?
A: Que você é meu companheiro? Sinto, sim. Claro que eu sinto. E você, não?
B: Não. Não é isso. Não é assim.
A: Você não quer que seja isso assim?
B: Não é que eu não queira: é que não é.
A: Não me confunda, por favor, não me confunda. No começo era claro.
B: Agora não?
A: Agora sim. Você quer?
B: O quê?
A: Ser meu companheiro.
B: Ser teu companheiro?
A: È.
B: Companheiro?
A: Sim.
B: Eu não sei. Por favor não me confunda. No começo era claro. Tem alguma coisa atrás, voc~e não vê?
A: eu vejo. Eu quero.
B: O quê?
A: Que você seja meu companheiro.
B: Hein?
A: Eu quero que você seja meu companheiro, eu disse.
B: O quê?
A: Eu disse que eu quero que você seja meu companheiro.
B: Você disse?
A: Eu disse?
B: Não, não foi assim: eu disse.
A: O quê?
B: Você é meu companheiro.
A: Hein?
(ad infinitum)

(In Morangos Mofados)

sexta-feira, 11 de março de 2011

NEM TODA A POESIA DO MUNDO


by Eliana Pedroso (esta é prova viva que não sei lidar com esta ferramenta chamada computador, meu Deus, não sei como trabalho com isso...a fotografia da árvore, aliás duas árvores em uma é muito linda, e eu consegui transformá-la, nesta imagem que postei, enfim...maiores explicações com a fotógrafa)


No primeiro dia cordialmente nos cumprimentamos, um aperto de mão, ou quase isso. Não houve aperto. Uma mão pálida, mácia e gelada. Pela parte macia meu pai diria que é maõ de vagabundo, e, o estranho é que a minha não chega a ser macia, mas não tem calos, como a dele...bom, eu sou trabalhador. Nunca fomos amigos, e , colegas por pura circunstãncia, naturalmente viemos de mundos distintos, o meu mais pobre talvez (pobre economicamente, mas muito rico em amor, cuidados...), ele, de uma mundo abastado, basta ver o carro com que vem trabalhar, e o cargo é bem superior ao meu. Este é problema. Se queres conhecer uma pessoa, dê-lhe poder, este ditado cai como uma luva para F. , assim o chamarei. Arrogância, vejo em seus olhos, mas consigo ver também uma doçura, algo que é bom, mas que fica lá, trancado, escondido. Os dias começaram agora, temos um longo ano pela frente...(continua).


"Pra onde vai o mundo, pra onde ele vai"...assim começa uma hardcore de uma banda meio punk chamada Replicantes, do tempo em que pogava, bem, mas não é isso, mimha preocupação está além de minha junventude punk, que já passou. Acho que o mundo não vai, ele vem em forma de tempestades, chuvas torrenciais, terremotos, tsunamis...fiquei muito assustado ao ver imagens do que ocorreu no Japão, meu Deus, não bastava a Líbia, acho que o exterminio humano jã começou, aliás começa quando nascemos, mas falo das mortes em massa, genocídio mesmo (caso da Líbia) e catástrofes que poderiam fazer desaparecer uma cidade de milhões de habitantes em segundos. Nossa vida está por um fio, e mesmo assim, não nos importamos, seguimos adiante, juntando dinheiro, comprando o fútil, ignorando o miserável que dorme na calçada, zelamos por nosso filho, enquanto nos lixamos ou falamos mal do filho alheio. Penso que nem toda a poesia do mundo o salvaria, ou salvaria ? Harmonia, equilibrio, fé, porque é tão difícil dar a mão ao próximo e formar-mos um corrente de amor ? Não sei responder, pra mim é muito difícil tocar o próximo, deve ser algum trauma que não identifiquei ainda, parei de fazer ginastica laboral no trabalho, porque tem exercício que se precisa do apoio do corpo do colega, desisti. Acho que os anos de solidão em que vivo, deve explicar alguma coisa, a não ser meus pais, fico muito chateado ao ser tocado. Complicado né ? Talvez isso explique também a falta de namoros, enfim...

ps. Ouço incansávelmente um "disco" do Rei Roberto Carlos, com uma super seleção de músicas dele...como me comovem as coisas que o Rei canta, ás vezes choro, talvez por imaginar, ou saber que os romances que ele canta nas músicas jamais farão parte de minha vida...sabe, tenho esperanças na vida, apesar dos possíveis tsunamis, mas tou pendurando as chuteiras...afe, quanta carência.

sexta-feira, 4 de março de 2011

UM CHEIRO DE AZUL


Azul

Composição: Djavan

Eu não sei se vem de Deus
Do céu ficar azul
Ou virá dos olhos teus
Essa cor que azuleja o dia

Se acaso anoitecer
Do céu perder o azul
Entre e o mar e o entardecer
Água marinha vá na maresia
Buscar ali
Um cheiro de azul
Essa cor não sai de mim
Bate e finca pé
A sangue de rei

Até o sol nascer amarelinho
Queimando mansinho
Cedinho, cedinho, cedinho
Corre e vai dizer pro meu benzinho
Não dizer assim
O amor é azulzinho

terça-feira, 1 de março de 2011

LIBERTAS QUAE SERA TAMEN


by Anaís


Como dois e dois são quatro
A vida vale a pena
Embora o pão seja caro
E a liberdade pequena.
Ferreira Gullar


Quero minha liberdade de volta. Quero caminhar sem medo de assalto ou tempestade. Quero amar, se possível alguém como eu, que esteja só e procure um cérebro. Quero ligar a televisão para dormir, não para para ficar em choque vendo os mortos saltando da tela, do sangue escorrendo pelo chão. Quero que a humanidade prossiga em evolução, que tenha calma, espere seu momento, permita que o da frente siga em frente, pois será um caminho já desbravado, e, não atropele com seu carro as bicicletas que pedem paz no trânsito (aconteceu em Porto Alegre). Que todas as religiões preguem a paz e amor ao próximo. Que as democracias tenham liberdade e que Deus não perMita que eu assista sentado numa poltrona, o maior genocídio da nossa era, pois na Líbia caminha-se a passos largos para o fim...Até quando suportaremos escondidos atrás de nossos imóveis, bens, mundinho/umbigo, nosso vizinho ser morto e não fazer-mos nada ? Sabemos daquela história...um dia seremos nós, e saberemos o que é ninguem se importar com nossa dor. As mortes sempre exerceram um fascínio mórbido sobre mim, mas fazer o que, fui um adolescente meio só, meio dark...para onde se iria, quando o corpo começa a esfriar e perder a chama da vida, e os cemitéios, meu Deus como via beleza nos túmulos (ainda hoje gosto), mas a VIDA estará sempre em primeiro lugar, mas que sentido ou prazer terei se só eu estiver vivo ? Liberdade para viver. Liberdade para viver a VIDA.