quarta-feira, 24 de agosto de 2011
DO QUE NADA SE SABE
"Não criei personagens. Tudo o que escrevo é autobiográfico. Porém, não expresso minhas emoções diretamente, mas por meio de fábulas e símbolos. Nunca fiz confissões. Mas cada página que escrevi teve origem em minha emoção".
Jorge Luis Borges
DO QUE NADA SE SABE
A lua ignora que é tranquila e clara
E não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma
Coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias
Ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege. Talvez o destino humano,
Breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de Outro. Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta
Que eu sou? Que cume pode ser a meta?
Jorge Luis Borges, in "A Rosa Profunda"
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Olá querido Jair
ResponderExcluirUm poema carregado de angústias e interrogações. Goste.
Grande abraço pra você.
sabías que conocí a Borges personalmente? hace una año atrás una compatriota tuya, Gerana, publicó mi historia en un diario de Bahía.
ResponderExcluirbesos*
Meu querido prof. Elian, quanto prazer em tê-lo aqui sempre...Boreges é assim, denso, forte, angustiado, me identifico e gosto muito. Abraço aceito e devolvo-te outro, forte e fofo.
ResponderExcluirEle é maravilhoso né Rayuela, conheço a obra há muito tempo, desde quando comecei a procurar e ler os autores latinos, a obra dele me fascinou, sua história de vida então...hoje meus pais tão com problemas na visão, e isso me angustia muito, lembro Borges e percebo que a vida não acaba sem a visão, embora ele tenha planejado um suicídio, que por covardia (segundo o próprio), desistiu. Bom, eu sou apaixonado por Caio Fernando Abreu, e conheci em vida, consigo imaginar a importância de teu encontro com Borges. Um imenso abraço amiga.
ResponderExcluirA primeira e a última frase do primeiro parágrafo que você reproduziu me fazem pensar: Sou eu!!! Não crio personagens, o que escrevo é autobiográfico....tudo o que escrevo tem origem na minha emoção do momento... Só não escrevo por imagens nem fábulas, sou crua e real, me exponho, me dispo, sou o que sou, como sou... como sinto.... E tudo acaba em poesia, reta ou torta, mas sempre poesia.... Que boa esta sua volta prolífica em postagens tão lindas.... Beijos meu amigo querido....
ResponderExcluirQuerida Anaís, lembro do teu comentário ao meu comentário em teu último post, acho, onde dizes os motivos que escreve, como te vem a inspiração, e eu gostei muito, apesar de sentir-me um intruso nos teus escritos, mas eu gosto, eu preciso. Acho que Borges poderia estar se referindo aos teus textos, né ? Mas é genial, escrever nossa autobiográfia (no teu caso, tudo acaba em poesia, e eu acho lindo...). Abortar, vomitar o sentimento que me corrói, assim sinto, me emociono quando te leio. A vida é muito louca, intuitiva, esta sim é a senhora das horas e momentos, e situações e fatos, e poemas e o que escrevemos, e pela intuição ela sintoniza nossas vidas, então nos encontramos, seja no bar ou no cyber espaço. Quem sou eu? já indagava o poeta, não sei exatamente quem sou, mas me vejo um pouco em cada poema, cada post, cada sorriso que recebo, me descubro mais e mais, nos poemas da Rosana, nos da Rayuela, não me sei completo, mas me sei um pouco mais a cada dia, formando este labirinto ainda incompleto que sou eu. Eu também cara amiga, embora insista nas metáforas, simbolos,signos, cores e palavras, nada mais que eu é o resultado de meus post. Quando falo em terapia, isso é real e o que me dá sentido para continuar, além do mais eu não poderia ter um amigo tão interativo quanto meu blog, pois ele me leva a amigos nunca antes imaginados, mas que existem tanto quanto eu. Busco a minha verdade, talvez nunca consiga ser tão viceral quanto teus escritos, mas somos assim, da tribo dos que escrevem, com emoção, sentimento a flor da pele, indignações, desamores, dores, muitas dores e vários capitulos de solidão.... Abraços minha querida amiga.
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