Acordo todas as manhãs agradecendo a Deus por acordar e sentir alguma dor, afinal estou vivo, e cair embaixo do chuveiro frio, atestado final de que estou vivo. Estamos no inverno aqui no hemisfério sul. Olho minha cama desarrumada e aparentemente quentinha, mas existe o Sol lá fora e estou curioso para saber a reação de meu corpo neste louco frio gelado, aqui dos pampas. O vento minuano ainda não assobiou.
Como um autêntico fá, seguidor dos extintos The Smiths, saio com meu casacão pesado, as botinas e careca; faço sempre questão de raspar a cabeça no inverno, também para me sentir vivo.
Ultimamente não tinha muita sorte no contato com as pessoas, tenho encontrado ou não encontrado os que pertenciam a minha tribo, tribo que há muito se desfez, tenho saudade (fazíamos teatro amador)...Hoje minha tribo é dos que escrevem, por isso vivo na internet (ou tento), aqui sim, pode-se ser o que quiser, ou...
Tudo andava normalmente, após viajar alguns minutos de trem urbano, estava no meu melhor lugar do mundo, o Gasômetro, que fica na capital de meu Estado, o RS, Porto Alegre, que é banhada por um rio ou lagoa chamado Guaíba. Sentei-me como de costume embaixo de minha árvore, digo minha, porque a vi pequenina, e sentava ao seu lado e conversava. Hoje já uma imensa árvore, linda, que se balança no doce balanço da brisa que vem do rio ou lagoa. Faço minha prece e fico ali, em silêncio, aguardando a benção de Deus, aguardando minha paz interior, esperando que o amor caia na minha cabeça e não me mate, apenas me acorde.
Lembro que estou ali para esquecer uma maldade que vi nos olhos de alguém que não ama a humanidade, bem, não sou eu, pois apesar de não acreditar mais no ser humano, tenho um carinho pela humanidade, pois é uma forma de gostar de mim também.
Já perdi a noção do tempo, só sei que tem um Sol sobre minha cabeça e a lembrança cruel daquele olhar. não se precisou dizer palavras,os olhos expressavam todo o ódio do mundo, do dia, da noite, da vida, de quem estivesse por perto. Não conseguia entender tamanha frustração, sim, só um ser frustrado alimentaria tanto ódio, tanta maldade desncessária, não que a maldade seja necessária, mas se não há motivo, então porque o mal olhado ? diria minha falecida vó.
Apesar do vazio de minha alma, a ausência do amor em meu coração, a solidão que se instalou em minha vida como uma sombra, eu não quero o mal do próximo, pelo contrário, preciso que o outro esteja bem, assim é menos algo para me preocupar e todos ficam bem, mas acho que só eu penso assim, não, aqueles olhos tenho certeza que não...
Mas estava ali no meu lugar favorito do mundo, justamente para me energizar, me purificar de todo o mal olhado, de todo ódio, de toda falte de amor.
mi querido jair: decís "la soledad que se instaló en mi vida". pienso que la soledad se instala si nosotros la dejamos instalarse. echala afuera! tu alma está llena de buena energía! que tu fuerza sea tu propio árbol!
ResponderExcluirabrazos*
Minha querida Rayuela, não é escolha minha, a solidão me escolheu, mas é importante demais tuas palavras, mas minha alma deve estar perdida, ou perturbada devido ao últimos andamenteos de minha vida, muita pressão, um medo horrível que se apodera de mim. Não tenho amigos com quem conversar, que eu confie, que não vá usar minhas palavras contra mim. Confio cada vez menos nas pessoas, pelo menos as que convivo; pode ser paranóia minha, mas sinto como um alvo o tempo todo...já marquei consulta com 'minha'terapeuta e meu psiq achou por bem acrescentar mair um remédio, além do que já tomo...
ResponderExcluirMinha querida amiga, poeta incomparável, gracias por me visitar e gracias por me dar uma ótima idéia, vou procurar ser minha própria árvore e tentar alcançar o Sol.
Mais uma vez abrigado querida amiga. Meu carinho, meu respeito e meu sempre imenso abraço.