quinta-feira, 25 de abril de 2013

NINHO



Havia sol. Espiou por uma fresta e voltou a enrolar-se nos cobertores e edredons que parecia ninho de uma ave pré-histórica. Podia sentir o vento que batia na janela, alguns gritos de criança ao longe, talvez indo para a escola que havia ali perto...Há muito não saia fora do patio, onde a vegetação começava a tomar conta, a grama outrora verde e bem cortada, agora dividia espaço com as pedras que formavam o caminho do portão até sua casa, e as ervas daninhas que pareciam sentir-se a vontade, esparramando-se pelo terreno, algumas ousando a subir as paredes da casa. A despensa estava ficando vazia, precisa fazer compras, senão estaria caçando ratos ou sendo caçado por eles. Fazia dias que graças ao muro alto na parte da frente, não conseguia ver ninguém, isso o aliviava e o mantinha calmo, pois sempre na presença de outros seres humanos, sua autoconfiança desaparecia e um estranho estado entre euforia e choro, fazendo com que as pessoas se afastassem. Seria ele um louco ? Havia sol. Afastou o sofá que tinha mania de colocar na porta, então colocou primeiro um braço, depois uma perna, a outra, outro braço, estava na rua. Fechou os olhos. Havia sol. Ouviu vozes, eram os vizinhos laterais nas suas lidas que ele sabia bem de cor. Olhou para o lado e estranhou a ausência daquele vulto que sempre o espreitava, chegando a sentir raiva por vezes, mas hoje ao deparar-se com sua ausência, sentiu um estranho vazio. Colocou a mão no peito, mas o coração continuava a bater...pensou que o coração do vulto tivesse parado, talvez sim... lembra agora ter ouvido barulho de sirene, estava tão próximo que pensou que fazia parte de seu sonho, daí lembrou que há muito não sonhava. Voltou para dentro de casa, fechando a porta, encostando o sofá e tapando com um pano o fresta por onde via se havia sol ou vulto.

14 comentários:

  1. Querido Jair, adoro esses continhos. E também o modo como tu escreve. Bem detalhado e bem escrito...

    Enfim, gostaria de agradecer-lhe pelo almoço de hoje. Ótima companhia e comida maravilhosa.
    Uma pena nosso tempo ter sido curto.
    Ainda marcaremos para desfrutarmos da bela comida e boa conversa sem termos de observar o relógio e correr. haha

    Adoro-te.

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    1. Minha doce Juliana, é sempre um prazer estar contigo, nem se percebe o tempo rs. Que bom que gostate do continho, cheguei a comentar contigo...espero que não falte tempo para um próximo almoço sem ter de observar o relógio. Foi um imenso prazer tua companhia, e o almoço foi especial. Obrigado. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  2. Oi Jair
    É minha primeira vez por aqui e já estou te seguindo. Achei muito legal sua maneira de escrever, minha interpretação é que às vezes ficamos tão acomodados no nosso mundinho, que o sol tá brilhando lindo e radiante lá fora, mas não temos coragem de sair!
    Bjos.
    http://ashistoriasdeumabipolar.blogspot.com.br

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    1. Querida Luciana, muito agradecido por tua visita, comentário pertinente e por me seguir, é muito estimulante, pois não tenho nada além dessa minha literatura barata, ou meus textos confessionais ou meus poemas tortos e os dos outros, as letras de músicas, enfim...vi teus outros blogs, tem um que tem um tema que muito me interessa, mas o nome ashistóriasdeumabipolar, achei genial. Na verdade este conto, havia esboçado há algum tempo, mas não dei cabo, eis que elio um conto do Humberto Dib, contista de mão cheia em espanhol, daí no comentário comentei algo sobre isso e no comentário do comentários rs ele me sugeriu que eu escrevesse, que terminasse minha idéia, então o fiz. Tu percebeste claramente a intenção do que tento escrever, contar, mas sempre fico com a idéia de que já foi feito, neste caso foi o que te disse rs. Mas o mais importante para mim é ser lido, porque eu gosto de ler também os outros, nesse portal mágico ? que é a intenet ? Não sei, só sei que me coloca em contato com pessoas que só podem ser especiais, pessoas que como eu são bem amadas por Jesus...È ficcional, mas às vezes ocorre isso mesmo, já ocorreu comigo (ou ocorre?), e como cantaria Preta Gil na música Sinais de Fogo, o que falta é coragem (divaguei). Muito obrigado querida Luciana. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  3. É com grande emoção que estou segurando as lágrimas que marejam meus olhos neste momento.
    Por que? Porque simplesmente estimo muito a tua pessoa e valorizo nossa amizade. Com certeza foi uma das poucas pessoas mais queridas que conheci nos últimos tempos.

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    1. Querida Juliana, não se engane, eu não sou tão bom assim, mas meu carinho por ti é verdadeiro e foi imediato ao te conhecer...temos coisas em comum, e é muito agradável conversar contigo. Eu até tento, mas tou longe de ser um amor de pessoa, talvez se nos conhecermos mais, poderás ver minha verdade, mas fico muito feliz se consigo causar esta impressão e a primeira é que fica rs...
      Já sinto tua falta...Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  4. Olá amigo
    Embora triste é um belíssimo texto. A solidão voluntária faz parte da vida de muitas pessoas, desencantadas com suas próprias vidas.
    Grande abraço

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    1. Meu querido prof. Elian, desencanto, acho uma bela palavra, embora seu significado não seja... Não adianta, tentei fugir, mas é um de meus temas que me inspiram a escrever, solidão, que já nem sei mais se é voluntária ou necessária ou incompetência minha, sei lá...Mas não me sinto tão só com tua visita, querido amigo. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  5. Olá meu querido... te escrevi um texto imenso um dia desses... estranhei não ver resposta... acho que se perdeu na noite, ou em alguma tecla mal apertada... enfim... não vou lembrar do que escrevi, mas o contexto está na última postagem lá de casa... era só pra dizer que ainda existo e persisto, apesar da falta de palavras pra poetizar, apesar do dia a dia massacrante dos dias que seguem... eu volto assim que conseguir reencontrar minha voz escrita... mas vejo que por aqui as palavras sobram e reverberam... bom ver que um de nós tem o que dizer... beijos de sempre meu amigo... cheios de esperança por dias melhores.

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    1. Minha querida amiga de muitos anos, Anais...saudade sempre, mas adoro teu blog e sempre dou uma passada. Minha querida, resolvi que quero usar as palavras, mesmo sendo repetitivo, mesmo falando sempre de dor, morte e desilusão, este sou eu, claro que quero o melhor para mim e a humanidade, mas desde outro tempo em que nos conectamos rs e queríamos novos rumos, novos caminhos, novas palavras para nosso blog, mas como tento me refazer toda manhã quando acordo, vou continuar agindo assim com meu blog, pois preciso dele, para tentar ao menos fazer um registro de minha vida, no meu tempo, mesmo que seja repetitivo e pouco criativo, consigo me ver um pouco e me reler, o que para mim faz muito sentido, ajuda a me entender e manter contato contigo, querida amiga. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  6. texto maravilhoso e super inspirador, estou praticamente sem palavras...

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    1. Querido LaCarne, te recebo sempre neste blog com muito prazer...ser lido por ti já é algo, pois nunca fico indiferente com tua literatura rica, em teu blog, em que me perco em devaneios e um estranho prazer nas palavras, teu blo sim, é inspirador e obrigado pela atenção. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  7. Caro Jair, isso é maravilhoso! Belíssimo texto! Que o seu sol e o seu coração continue proporcionando coisas assim!

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  8. Obrigado meu caro poeta Anderson, pela visita e palavras tão carinhosas. Li um poema lindo no teu blog, e teus poemas sempre tem algo a dizer para mim, não é diferente este, logo o comentarei... Meu carinho meu respeito meu abraço.

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