terça-feira, 31 de março de 2015

SANGUE LATINO

Sangue Latino Jurei mentiras e sigo sozinho, assumo os pecados Os ventos do norte não movem moinhos E o que me resta é só um gemido Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos, Meu sangue latino, minha alma cativa Rompi tratados, traí os ritos Quebrei a lança, lancei no espaço Um grito, um desabafo E o que me importa é não estar vencido Minha vida, meus mortos, meus caminhos tortos, Meu sangue latino, minha alma cativa by Secos & Molhados

quarta-feira, 25 de março de 2015

SUAVE VENTO DE OUTONO



Suave é o vento que toca seu rosto ao sair nesta rua de poucas árvores e muita calçada. Paralelepípedos. Passos com silêncio, um leve amassar de folhas secando pelo chão. Começo do outono para os lados de onde vem o vento anunciando o minuano que logo cortará coxilhas, colinas e cobrirá o pampa de geada, num futuro próximo. Agora sente o vento levando folhas e os fios brancos mais enfraquecidos de sua cabeça. Que já se perde em pensamentos passados, perdidos no espaço entre a sala e o quarto, onde ainda poderia catar alguns fios caídos...mas na rua o vento os leva e acaricia seu rosto, com a pele já não viçosa como nos quinze anos, mas áspera como exige cinquenta anos, meio século, meia vida. Não voltará mais, ficou tudo perdido lá, na correria no campo, dos cavalos que logo ali eram trabalhados, como diziam, para poderem cavalgar com segurança...o vento toca mais forte o rosto agora, acordando de um sonho acordado e perdido. Os passos lentos com o vento outrora fariam uma competição, quem chegaria primeiro no campinho de futebol, mas precocemente começa a esquecer...a memória já não é a mesma. Suave é o vento que insiste em trazer lembranças de um outono que se apresenta, para que não se esqueça.

sexta-feira, 20 de março de 2015

SERPENTE





Estava naquela sala já fazia uma hora no mínimo, mas como acabava de chegar ali, nem podia me manifestar. Esperei. Mais algum tempo e adentrou na sala um senhor, de chapéu e fumando um charuto, uma bela imagem que logo me faria voltar a realidade, ele vinha anunciar que dividira a sala, aquela mesma, branca, com uma imensa janela com visão para um jardim....pensei de imediato, minha salvação. Como havia outra mesa na sala, perguntei se dividiria com alguém. Ele sorriu um sorriso desses de canto do lábio e falou, trabalharás com nossa mais ilustre servidora. Encaminhou-se para a escrivaninha que ficava de frente para minha, abriu uma gaveta, foi então que percebi, era uma enorme gaveta de vidro. Que para meu espanto ele coloca sobre a escrivaninha, então pude ver...era uma serpente com olhos de vidro. Me olhou e colocou sua língua bifurcada para fora. O senhor do charuto, olhou-me, sorriu e saiu da sala.

FORÇA E CORAGEM




A DIFERENÇA ENTRE FORÇA E CORAGEM
Por: Letícia Thompson


É preciso ter força para ser firme,
mas é preciso coragem para ser gentil.

É preciso ter força para se defender,
mas é preciso coragem para baixar a guarda.

É preciso ter força para ganhar uma guerra,
mas é preciso coragem para se render.

É preciso ter força para estar certo,
mas é preciso coragem para ter dúvida.

É preciso ter força para manter-se em forma,
mas é preciso coragem para ficar de pé.

É preciso ter força para sentir a dor de um amigo,
mas é preciso coragem para sentir as próprias dores.

É preciso ter força para esconder os próprios males,
mas é preciso coragem para demonstrá-los.

É preciso ter força para suportar o abuso,
mas é preciso coragem para faze-lo parar.

É preciso ter força para ficar sozinho,
mas é preciso coragem para pedir apoio.

É preciso ter força para amar,
mas é preciso coragem para ser amado.

É preciso ter força para sobreviver,
mas é preciso coragem para viver.

Se você sente que lhe faltam a força e a coragem,
queira Deus que o mundo possa abraçá-lo hoje
com Calor e Amor !

E que o vento possa levar-lhe uma voz que lhe diz
que há um Amigo, vivendo num outro lado do Mundo,
desejando que você esteja bem.

Por favor, respeite os créditos ao compartilhar
http://stelalecocq.blogspot.com/2015/03/a-diferenca-entre-forca-e-coragem.html
Fonte - O Mundo de Gaya

quarta-feira, 18 de março de 2015

O TEMPO NÃO PÁRA



by Cazuza e Arnaldo Brandão

sexta-feira, 13 de março de 2015

O QUE SE DEIXOU PARA TRÁS



Sobre o que deixamos para trás, quando, inevitavelmente a vida nos empurra para outros lados, os que passam, os que ficam, os que encontramos. Ninguém, é substituível em essência, como impressão digital, somos únicos. E somos sós, perdidos, vagando num universo sem fim. “Um asteroide pequeno que todos chamam de terra”. Mas deixamos de ouvir certa voz, ver certo vulto, mesmo que alguma vez na semana, mas que se sabe ali, ao alcance de um toque. Não o toque de um teclado, este é libertador, ou não. Talvez as vítimas das maldades na internet não concordem. Na vida real. Mas isso também é virtual. Eu sou real e virtual. Quase um híbrido de Asimov, já havia nascido quando do inicio da revolução cibernética, e nunca chegarei a ser um cristal. Mas deixei meu destino seguir ao sabor dos meus sentimentos, longe de toda racionalidade, e cheguei aqui. Ouvindo tua voz ao longe dizendo da saudade de nossas conversas tão cultas, este humor tão teu, tão corrosivamente teu. Sobre o que deixei para trás, estão poemas lindamente traduzidos de Emilie Dickson, por um mestre dos palcos, que respiramos e compartilhamos o mesmo amor e respeito. Se fosse um caminho de conto de fadas, seriam pérolas para marcar a volta, após nos deliciarmos com a casa de doces da bruxa. Nunca saberemos o que deixamos para trás, além da saudade.

ZéRamalhoLorenaIvoBenderEmilieDicksonAsimovJoãoeMariaManuelBandeiraJuFernandoPessoaNicoRioPardo
o

quinta-feira, 12 de março de 2015

A GRANDE TRISTEZA

 
 
Sempre que uma grande tristeza me invade, penso em suicídio (não vou me matar, morrer dói), é um suicídio de desaparecimento, fuga, talvez seja fraqueza minha, medo, mas não medo da coisa em si, mas de destruir a coisa, mas como já dissse Humberto, o Gessinger "me peça morrer, mas não me peça pra matar". Não quero olhar nos olhos, pois eles ficam a me espreitar, e como agora sei que me odeia, tenho medo deste mal olhado (acredito nestas coisas rs). Os tempos estão dificeis, nunca pensei o quanto poderia piorar, mas o céu aqui é mais próximo de minha mão, as nuvens, vou gostar de flutuar nelas, mas eu não posso mais respirar o mesmo ar que teus olhos de maldade. Não sou santo, mas não desejo e nem faço o mal a ninguém, agora que sei que me odeia, não confio mais em ti, e, não espero nada de bom, senão traição e pragas. A Igreja que sempre entro antes do trabalho para pedir proteção não abriu mais...não me sinto desprotegido de Deus, só um pouco rebelde, mas a culpa é do FHC rs. Estava tão feliz falando com Deusoutro dia, dizendo que seu filho mais querido, eu, estava crescendo, tendo atitude madura, mas ainda não, continuo fraco, sensível demais, então os demonios de plantão atacam, fui atacado por um, por isso vou partir, ausentar-me, meditar, orar, rezar, pedir forças a natureza, que é Deus para eu não desistir, para eu não desistir de viver. 



 
Tu queres sono: despe-te dos ruídos, e
dos restos do dia, tira da tua boca
o punhal e o trânsito, sombras de
teus gritos, e roupas, choros, cordas e
também as faces que assomam sobre a
tua sonora forma de dar, e os outros corpos
que se deitam e se pisam, e as moscas
que sobrevoam o cadáver do teu pai, e a dor (não ouças)
que se prepara para carpir tua vigília, e os cantos que
esqueceram teus braços e tantos movimentos
que perdem teus silêncios, o os ventos altos
que não dormem, que te olham da janela
e em tua porta penetram como loucos
pois nada te abandona nem tu ao sono.
by Ana Cristina Cesar

segunda-feira, 9 de março de 2015

EU TOMO ALEGRIA



 
 
 
NÃO SEI DANÇAR

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.

Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.
Perdia a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.

Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.

Mistura muito excelente de chás...
Esta foi açafata...
– Não, foi arrumadeira.
E está dançando com o ex-prefeito municipal.
Tão Brasil!

De fato este salão de sangues misturados parece o Brasil...

Há até a fração incipiente amarela
Na figura de um japonês.
O japonês também dança maxixe:
Acugêlê banzai!
A filha do usineiro de Campos
Olha com repugnância
Para a crioula imoral.
No entanto o que faz a indecência da outra
É dengue nos olhos maravilhosos da moça.
E aquele cair de ombros...

Mas ela não sabe...
Tão Brasil!

Ninguém se lembra de política...
Nem dos oito mil quilômetros de costa...
O algodão do Seridó é o melhor do mundo?... Que me importa?
Não há malária nem moléstia de Chagas nem ancilóstomos.
A sereia sibila e o ganzá do jazz-band batuca.
Eu tomo alegria!
 
by Manoel Bandeira

quinta-feira, 5 de março de 2015

PRESENTE



"Vinde a mim todos os que estais cansados de carregar suas pesadas cargas, e Eu vos darei descanso."  Mateus, 11


 
 
Igreja da Matriz - Rio Pardo 

          Vinha com um sorriso nos lábios, eu estava saindo da Igreja e ele entrando, sempre saio feliz e em paz comigo e o universo, então percebi uma leve luz sobre aquele homem, poderia ter sido reflexo do imenso Sol que se abria naquela manhã. Coloco a mão no bolso e percebo que esqueci o celular, pois sempre desligo quando estou na Igreja. Esqueci no banco. Volto. Na entrada da vejo aquele homem que passou por mim, de braços aberto no altar, me parecia soluço vendo de onde estava, seus ombros balançavam, acho que chorava. Me aproximei, encontrei meu celular, então pude ouvir, entre uma lágrima e algum soluço, ele dizia, agora de joelhos, com os braços ainda estendidos como se estivesse recebendo algo:
           Meu adorado Deus, hoje passei a maior aprovação de minha vida, não era para estar aqui agora e sim debaixo da roda de um carro, no fundo do rio, ou uma bala na cabeça, eu teria me matado meu Deus, não fosses Tu. Há muito tempo quase perdi a razão, perdi muitos amigos quando souberam de minha doença mental. Não tenho família, sou só, tenho meu trabalho, uma casa com um pequeno quintal onde gosto de plantar e criar galinhas. As galinhas morrem de velhas, e sempre colho exatamente o que vou comer, sem desperdício. Cheguei neste lugar há algum tempo. Os remédios que tomo para controlar as vozes más que me sopram aos ouvidos este desejo insuportável de morrer. Lembro de ter acordado um dia, numa clínica e iniciei longas conversas com os médicos, até que me deram alta, e não havia ninguém para me levar para casa...depois o Senhor sabe, passou a cuidar de mim, aqueles médicos e enfermeiros também. Cheguei até aqui, sob controle, orando, sempre te buscando e sempre sentindo tua presença. Mas isso não me aproximou das pessoas, nunca entendi o que elas querem, nunca entendi porque fui abandonado por anos num manicômio por minha família e nunca mais soube deles, mas não os odeio, eu sobrevivi, graças a Ti Senhor...porque aquela pessoa me disse aquelas coisas horríveis, nunca fiz nada de mal para ela, já trabalhávamos juntos neste emprego por mais de dez anos. Porque ele é tão infeliz e desconta em mim, ele tem família, esposa, filhos, uma vida aparentemente com fartura. Porque ele me odeia tanto? Porque ele me disse isso, agora, na minha cara ? Mas estou aqui para te agradecer, havia esquecido de tomar meu remédio nesta manhã, e me mantive calmo, senti paz no meu coração mesmo no momento que poderia te-lo agredido, ou ter saído correndo, ter surtado e voltar para a clínica...mas meu Deus, apenas disse que sentia muito, pois gosto dele, e me calei...agora estou te agradecendo mais esta graça, esta paz que plantou em meu coração para sempre...
          Peguei meu celular, fiz o sinal da cruz e ao sair, ainda olho para ele, que continuava ali, com aquele sorriso no rosto agradecendo, agradecendo, agradecendo...então entendi os braços estendidos, Deus o estava servindo de amor.