Quando acordei já era tarde
demais, as águas subiram e inundaram tudo, estávamos
ilhados...acordei com batidas fortes na porta, quando chego, é
meu vizinho apavorado, pedido para passar pela minha área,
pois a chuva havia sido demais e havia entupido uma calha. Disse que
sim, e voltei para a cama. Sinto relâmpagos e ouço
trovoadas. Papai do céu está bravo, ouço o eco
de minha avó dizendo ao meu ouvido, me cobrindo para não
sentir frio. Fecho os olhos e estou lá, pequeno, inocente,
dormindo na cama de meus avós, entre eles. A melhor noite
dormida da minha vida...mas passou, acabei de perder o sono e não
vou tomar outro remédio a estas horas da madrugada, corro o
risco de não acordar para o trabalho. Então perco de
vez o sono. Trinta dias longe, trinta dias esquecido de tudo e de
todos, quase uma hibernação. Como um Garfield louco
gritarei pela manhã: me atinja segunda-feira, abra as portas
da vida para eu passar, para eu viver. Aos poucos visualizo minha
saída cheia de tristeza e melancolia, meus passos apressados
para fugir dali, esquecer, e quase consegui, não fosse a
volta. Nas longas horas sob o Sol, lendo Ivo Bender, Caio Fernando
Abreu e Lya Luft, redescobri as palavras que sumiam na minha
garganta, antes de chegar a boca, antes de correrem por meus dedos e
encontrar um papel em branco. Mas precisava me recolher, me retirar
deste imenso ódio que conheci, e me jogar no amor, nos braços
de minha mãe, foi o que fiz, e mais uma vez ela me salvou.
ps. Queridos amigos, no dia do amigo
rs, voltarei ao post anterior para comentar os comentários (eu
gosto), precisava postar algo, pra ver se conseguia escrever, também
sentia um vazio, que esta postagem ajudará a me preencher.
Passo por um momento interessante de minha vida, onde as escolhas se
mostraram erradas, embora eu mesmo tenha decidido, mas como toda
escolha tem uma consequência, estou correndo este risco,
tentando me refazer, e principalmente estar em paz comigo.