Todos dormiam até ouvirem o primeiro estrondo, o pai salta da cama, já vestido, como se esperasse, a mãe trata de agasalhar o bebê e as duas meninas. O pai chama Alli e ele já está pronto para partirem naquela noite. Para onde ? não se sabe, sabe-se que devem fugir dali se quiserem viver. Mais barulho, gritos, bombas, estão se aproximando. O pai leva todos para os fundos e pulam o muro em direção a um deserto de pedras e frio, na madrugada do Oriente. Quando todos já pularam o muro um tanque o derruba, separando a família para um lado, para o outro, o pai então grita "corra Alli, corra, com todas as suas forças corra, meu filho" e não se ouviu mais, apenas rajadas de metralhadoras. Alli olha para trás e não vê nada, então corre como seu pai ordenou. Seu corpo franzino de 10 anos parece de sete. E ele corre, como nunca correu na vida, como nunca correu antes para salvar sua vida, já que sua família...Já sem frio, sem dor, sem medo pára e olha para trás. Aos olhos de qualquer criança aquilo seria festa, fogos de artifício, um céu feliz...mas aos olhos de Alli, apenas dor e solidão, ele sabe que não são fogos de artifício, que não há festa, mas sim o genocídio de seu povo. Pensa no pai, na mãe, no bebê que sonhava em correr soltando pipa ou brincando de qualquer outra coisa, mas brincando com seu irmão. Ele não existe mais. As pequenas gêmeas que brincavam de serem professoras, não existem mais. Apenas ele e Alá que o cuida lá de cima, daquele céu negro que brilha por vezes com alguma bomba retardatária. Alli segue pelo deserto, seus pés machucados, sua alma em frangalhos, mas seus olhos negros, secos, pois não havia mais o que chorar. Amanhecendo o dia ele desfalece na beira do que seria uma estrada. Um comboio da Cruz Vermelha passa e alguém vê uma criança, possivelmente morta, mas desce para verificar. Alli está vivo, dormindo o sono dos anjos ainda vê seu pai, sua mãe, o bebê e as gêmeas a lhe acenarem, tenta acenar de volta, mas não tem mais forças, desmaia no colo do voluntário que o leva para o acampamento logo ali, de onde partirão, para salvarem esta última vida.
ps. Não me saiu da mente pessoas atravessando um deserto de pedras e frio, fugindo de uma guerra que ele não provocaram. Que Deus, que Allah tenha piedade de nó seres humanos, tão desumanos.
Tão atual tudo isto. Tão dura e triste esta realidade. Enfim! É o nosso mundo e o retrato nu e cru da humanidade.
ResponderExcluirBeijão
E o pior é que é isso meu querido amigo, meu rei Bratz, pode estar acontecendo agora, infelizmente. Carinho respeito e abraço.
ExcluirMeu rei, meu amigo Bratz tenho a impressão que acenderam o rastilho de pólvora e começou a matança. Deus nos libre e guarde. Carinho respeito e abraço.
ExcluirAcróstico
ResponderExcluirSaga de Alli
Depois das bombas restou a cristaleira
Esta, uma espécie de sinal de ausência
Só, Alli vivo, mas perdeu sua inocência
Em terra estranha, terá uma vida inteira.
Roubaram-lhe a risada e a brincadeira
Tem dos outros completa dependência
Onde está desconhece, não tem ciência
De tantas agruras esta talvez a primeira.
Em sua vida cada caminho foi apagado
Assim, apenas presente agora lhe resta
Lá no acampamento onde está asilado.
Menino, entretanto, não conhece festa
Ali, Alli só vê estranhos para todo lado
Sua solidão triste e dolorida ele atesta.
Meu querido e adorado amigo Jair Lopes, senhor de todas as palavras e sentimentos, que belo e triste soneto da minha visão alegórica e triste deste menino que batizei de Alli, geralmente meus personagens n~ao tem nome, mas eu comecei a vê-lo, a sentir sua dor. E esta ocorrendo, não é só um conto ou invencionice minha, é uma realidade que não podemos mais negar, inclusive já fomos ameaçados nas Olimpíadas. Fascinante a descrição da vida deixada por Alli, da perda da inocência, da tristeza em seus olhos. É uma saga triste que esta ocorrendo todo dia por aquelas bandas, temos nossas mazelas, e muitas, pelo tamanho do nosso território o número de mortes, matadas ou não é maior que qualquer guerra nos últimos anos. Mas aquilo no Oriente não tem cabimento...adorei o poema meu amigo, conhecedor de todas as palavras. Tenhamos FÉ. Carinho respeito e abraço.
ExcluirUma boa reflexão de alma sensibilizada como a sua sobre essa dura realidade. Trabalho excelente.
ResponderExcluirQuerida criatura, fico muito feliz com teu comentário, não sei se minha alma é tão sensível, ou é, mas depois de ver telejornais é difícil não se comover. Obrigado pelas palavras, muito obrigado. Carinho respeito e abraço.
ExcluirTambém acho absurdo certas coisas ... pagar por coisas nas quais não foram feitas por tais pessoas ... é essa a vida que vivemos dia após dia.
ResponderExcluirhttp://almostamericans.blogspot.com.br/
Querido Cleber, quantos mais pelo mundo estão pagando uma conta que não fizeram, e o que mais dói é que o pagamento é a vida, os nossos hospitais, presídios, escolas e infelizmente é esta a vida que vivemos todos os dias...estamos com sorte e Deus, pois ainda só observamos estas atrocidades, não a vivemos. Sempre um imenso prazer tê-lo aqui. Carinho respeito e abraço.
ExcluirE é uma triste realidade!
ResponderExcluirBeijos!
O triste até nem é problema, existem músicas tristes que gosto e são belas, o triste é que é realidade, tens razão. Querida Helena gostei demais de um post teu sobre arrependimento permanente, gostaria de postar aqui, o texto é tão real e poético ao mesmo tempo, e consegue me dizer coisas, sussurrar nas entrelinhas no ouvido de minha alma. Trazendo uma bela interpretação do que vivo na atualidade, aprender a conviver e fazer o melhor possível com um arrependimento que está permanente. Bela Helena teu post é uma inspiração. Carinho respeito e abraço.
ExcluirTriste y lamentable situación, la vida es injusta a veces.
ResponderExcluirUn abrazo.
Mi Hermano Rafael, parece as vezes que ela nunca é justa, mas ela é a vida, os homens que a tornam injusta, pelo poder, pela ganância, pela inveja, pela mediocridade. As coisas acontecem porque provocamos, a vida é bela e só quer ser vivida. Carinho respeito e abraço.
ExcluirMeu amigo Jair: cada dia mais estamos - em todos os lugares da Terra - cada vez mais temerosos e assustados. Isso porque sabemos como e onde pode explodir toda essa 'coisa louca'. Fugas, terrorismo... Nunca imaginei em ver tanta realidade pela televisão, minutos depois. Teu texto é muito triste e real. E cruel. Também não estou gostando de nada, mesmo porque a mídia nos coloca a par minutos depois e mostra as maiores atrocidades. Não tivemos sorte quanto a essa mostragem de tamanha realidade. É difícil. É bom de vez em quando fugir para a infância...
ResponderExcluirAbraços, amigo!
Minha querida amiga Tais o medo se esparrama pelo mundo, por vezes, os desavisados ou aqueles que acham que o mundo gira em torno de seu umbigo, não se preocupam com isso, com esta onde de terror, este ódio descabido, usar o Santo nome de Deus para matar, Deus é amor, é vida, que seja qual nome o chamem, Deus é amor. Esta semana foi punk, era atentado atrás de atentado, pessoas que fazem juramento para morrerem, porque causa ? não entendo, mas tenho medo, temos uma Olimpíada. Foram as matérias nos telejornais que me levaram a escrever este quase clichê, não fosse uma vontade louca de por pra fora a dor que percebi no via, mesmo assim não consigo deixar de ver telejornal...não podemos perder a fé, por isso não devemos perder de vista as crianças, até aquelas que ainda habitam nossos corações. Sempre um imenso prazer tê-la por aqui, neste meu bloguinho que gosto tanto. Carinho respeito e abraço.
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