A
primeira vez ela disse que não gostava de mim, e somos apenas
colegas de trabalho na mesma sala. Me senti tão mal com
aquelas palavras que pedi uma licença imediatamente e fui
refugiar-me no colo de minha mãe. Quanto a gostar é
algo que não se escolhe, acho que é uma empatia, ter o
coração e alma leves, ser profissional e não se
manifestar assim, no âmbito de trabalho. Primeiro o respeito,
ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Superei,
superamos, passados alguns meses, quase um ano. Quando da segunda vez
ela me disse que não falava comigo, não falaria.
Quebrou-se pra mim qualquer possibilidade de convivência, no
trabalho, na mesma sala. Ninguém é obrigado a conversar
assuntos diversos, que não assuntos de trabalho, no trabalho.
Novamente, precisei me afastar. Outra licença. Pedi para minha
chefa que quando voltasse não gostaria de ter de dividir a
sala...fui novamente para o colo de minha mãe, que não
conseguia entender, como alguém diz isso para seu filho, que é
tão amado por ela, quase o melhor, não fossem os
irmãos. Quando retornei da licença foi feito um
arranjo, na falta de espaço, repartiram a sala com armários
de metal. De um lado meu material de trabalho, um micro e um balcão,
já que meu trabalho é protocolo e informações.
Do outro lado todo o resto, algo entre uma cozinha e um cartório.
O que deve ter sido feito com o consentimento de chefias superiores,
veja só meu desprestígio por aqui. Na pior da
hipóteses, pela falta de espaço, era o que se podia
fazer. Quando me transferi para esta pequena cidade do interior,
cheguei cheio de esperanças, afinal, as pessoas do interior,
como eu, são boas, ledo engano. Assumi uma vaga que havia, sou
concursado, e me parece que tomei o lugar de alguém, que não
gostou, não gosta de mim e não fala comigo. Tenho
falado em silêncio nos últimos posts, e assim estou, mas
me alegro em atender as pessoas que aqui chegam e falar com elas,
informar. Por vezes tenho medo de uma conspiração
contra mim, falar mal, me desqualificar, mostrar um ser ruim que não
sou, não completamente, afinal sou humano, sujeito a humores
como todo mundo. Tem minha paranoia também, como sou
relativamente novo por aqui, e esta colega ser uma senhora que esta
aqui desde sempre, embora eu tenha meio século, fico em
desvantagem e chego a perceber a indiferença de alguns, bem
próximos dela. Não a odeio, tenho pena. Mil pedaços
foi o que restou de um quase belo coleguismo, de colaboração
em prol do trabalho. Arrependimento permanente, li num post no blog
CAOS da blogueira Helena, e assim defino e permaneço por
aqui, engolindo choro quando vem, porque vem, ponderando meu sorriso
e comentários com as pessoas que me chegam, para evitar de
serem destorcidos contra mim. Acho que a vida é assim mesmo,
encontramos pedras pelo caminho, no meu caso uma rocha, mas devemos
seguir honestamente nosso caminho. Eu estou tentando não ser
engolido por esta nuvem negra que insiste tapar meu Sol. Se
arrependimento matasse...
ps. hoje eu precisava desabafar, como meu terapeuta está de férias, meu blog o substitui.