Caminhando
lentamente sobre uma tábua, com uma espada nas costas e o mar
em frente. Tão lento quanto os passos fúnebres antes da
forca. Suave e lento com uma noiva que sobe ao altar na esperança
de um amor eterno, ou não. Descendo a ladeira feliz a caminho
de casa, meu casulo. Subindo lentamente, onde o coração
e o cérebro se juntam em oração, para que o dia
seja de paz e harmonia. As pernas não cansam ao subir, ao
descer a ladeira, apenas a mente que não se deixa poluir, que
não sofre, aprecia a nuvem que acompanha protegendo do Sol
quente...a nuvem se afasta quando esfria o Sol, iluminando meu
caminho, dando leveza aos meus passos, meus atos e humores. Adormece
a língua para não falar bobagens, meu grande pecado.
Quando falo A, chega aos outrosouvidos Z. Silêncio.
Silêncio nem aqui nem na Síria, enquanto me preocupo com meu umbigo, bombas explodem e matam pessoas inocentes, as crianças ilhadas, sem água ou comida, apenas explosões. Deus tenha piedade destes pequenos inocentes, já sem pais, sem casa, sem destino. Pois o mundo se fecha em cercas, muros, separações. Enquanto todos fecham os olhos para não verem, tapam os ouvidos para não ouvirem os gritos de dor e socorro , fecham a boca para não denunciarem a dor e o sangue que escorre pelas ruas, ladeiras e as casas destruídas com seus moradores dentro. Aqui crianças também sofrem, empilhadas em abrigos, porque a ignorância pede bebes lindos e loiros para adoção, enquanto os demais são esquecidos, até completarem 18 anos e serem jogados na rua. Meu pequeno mundo egoísta não é nada perto deste mundo real.
quinta-feira, 18 de agosto de 2016
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Tenso mas real. Sempre nos fechamos em nossos umbigos e ainda lamentamos. O SER é assim ...
ResponderExcluirBeijo grande Jair
Meu rei, meu adorado amigo Bratz, já faz um tempo que venho me lamuriando nos posts rs, e cada vez mais eu, eu...eu sofro, mas não sou o único,
Excluiraliás, meu sofrimento não me impede de viver, trabalhar, ser, mas logo ali existe sofrimento de verdade, real, triste...sempre feliz demais com tua iluminada presença, obrigado. Carinho respeito e abraço.
Caro Jair,
ResponderExcluirQuando aqui não encontro o poeta, deparo-me com o cronista sensível e sempre correto na sua escrita, como ocorre agora com esta sua crônica intitulada “Mundo real. Silêncio”, na qual o cronista vê um pouco o seu mundo interior, mas não esquece do mundo real, como é o caso da Síria, onde crianças inocentes sofrem as agruras de uma guerra injustificável, como injustificáveis são todas as guerras. São cronista como o nosso amigo Jair que deixam no seu caminho sementes de esperança.
Grande abraço.
Saiba o senhor dr Pedro o quanto lisonjeado eu fico com sua nobre presença no meu bloguinho, e mais feliz ainda com o carinho com que comentas meus escritos, o respeito demonstrado, a humildade de um homem que descobri na internet e aprendi e aprendo muito ainda. Sofremos, somos humanos, mas ao invés de olhar o umbigo, não olharmos em volta, e nem precisa atravessar o mundo, mas o caso das crianças na Síria é muito triste. São crianças, e criança precisa de cuidado e não empilhadas também num
Excluirabrigo para menores. Esta é uma realidade nossa, daqui...mas dr Pedro, muito obrigado, por palavras tão gentis. Carinho respeito e abraço.
Que texto, hein, Jair? Lendo isso que você escreveu com o coração meio aos pedaços (também sou dramática rs), é que vemos como estamos bem diante de tudo isso. Essas criancinhas da foto postada... E as que esperam uma adoção? Que loucura...
ResponderExcluirVocê tocou no que, com muita frequência, fazemos: tapamos os olhos, fechamos a boca – assim nada vai para a alma: ‘zona de conforto total!’
Na verdade, não temos silêncio em lugar nenhum, temos intervalos. Aqui, no nosso país, a maré não está pra peixe. A moda atual em POA, é a cada 15 minutos um assalto. É possível conviver com isso? Silêncio, também.
Gostei imensamente dessa crônica, a abertura ficou triste, mas com nesgas poéticas, arrasou! No final, estraçalhou; sem poesia, dureza, na real! A vida como ela é.
Abraço, meu amigo!
Minha querida amiga Tais, não sabes a alegria quando abri meu blog hoje...estranhamente tu entendes, me entendes, este teu olhar puro e lúcido e carinhoso também, que tens para meus escritos. Tuas palavras me deixa enebriado , nem sei se sou merecedor. És tão precisa nas interpretações, no sentimento nas entrelinhas. O que seriam só palavras, toma uma forma, um sentido, obrigado por trazer esta sensação. Sempre amei Porto Alegre, enquanto não fui morar não sosseguei, quando falo em arrependimento do interior que estou agora, um arrependimento permanente, pois pretendo continuar por aqui, vai entender rs...hoje tenho medo de Porto Alegre, simplesmente não vou, mas aqui a violência toma os campos, abigeato, assaltos também, não tão assustador como está minha querida Poa...algumas palavras surgem e não tenho controle sobre elas, como SILÊNCIO, LADEIRA (coisas que tou vivendo), dai elas se encaixam ou não no texto, mas estão lá. Tais, sabia que existem até sete pais para cada criança ser adotada no Brasil, mas a conta não fecha porque se r quer um bebe perfeito. Enfim querida Tais não vamos deixar de por poesia na vida, mesmo que seja esta realidade tão real. Obrigado amiga pelo carinho de sempre de sua doce presença. Carinho respeito e abraço.
ExcluirProfundidade e verdades nesse texto tão bem escrito,Jair! pena essa realidade! abraços,chica
ResponderExcluirChica do Céu, minha adorável amiga, perdoa pela ausência momentânea, principalmente no blog Céus e Palavras, meu favorito, mas chego lá, só consigo espirar as fotos. Obrigado querida amiga pelo elogio, mas acho que tem mais coração que técnica, mas é muito gratificante ouvir isso de alguém como tu, que ilumina quando chega e me faz sentir amizade de verdade. Carinho respeito e abraço.
ExcluirOlá meu amigo, meu parente brasileiro.
ResponderExcluirLindo post, mas tão infinitamente triste porque infelismente nos fala da crueza da realidade actual. Sempre ouve pobres, as Escrituras Sagradas contam que Jesus disse " Pobres sempre os Tereis...
Mas como agora, eu penso que não. Já não é só fome, é sofrimento moral e fisico, é morte, e morte dolorosa.
Não se faz nada, para minorar? Faz sim. Aqui faz-se muito até, mas é sempre pouco, dada a amplitude da desgraça instalada.
Algumas comunidades religiosas nomeadamente a AIS dá ajuda permanente ás crianças do Iraque. Tem lá elementos a trabalhar com risco da própria vida. Vive-se uma época de guerra a todos os níveis, a troco de quê? de tristeza, a somar tristeza e dor.
Escrevi assim terra a terra, como se diz por cá...
O seu post escrito de forma magnifica enterneceu-me. E lembrar o sofrimento das crianças, faz doer demais.
E lembrei-me do nosso Poeta Augusto Gil, num pouquinho da sua Balada da Neve:-
"Que quem já é pecador
Sofra tormentos, enfim.
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor
Porque padecem Assim?!"
Abraço forte.
Dilita
Dilita minha adorada amiga, minha querida parente portuguesa com certeza, tua visita me faz feliz e acreditar que nossas palavras são vãs, existem pessoas a tentar minorar os prejuízos, já irreparáveis dessas crianças. E eu vivendo um draminha existencial, achando a pior coisa do mundo, puro egoísmo. Acho que nós adultos somos responsáveis pelos pequenos, nossos filhos ou não, devemos cuidar do próximo e se o próximo for vulnerável, mais obrigação temos. " Vive-se uma época de guerra a todos os níveis, a troco de quê? de tristeza, a somar tristeza e dor." uma frase tão verdadeira e uma pergunta que nunca encontraremos motivo razoável para que exista uma guerra, é desumano. Temos a obrigação de buscarmos a paz. Adorada Dilita, enche meu coração de amor e amizade cada vez que te vejo por aqui. Carinho respeito e abraço.
ExcluirCaro e humano amigo Jair, realmente o mundo está endurecido; o coração do homem, uma pedra. A única alternativa de mudança do mundo está no coração do homem.
ResponderExcluirMeu querido amigo e poeta Dilmar, desde ontem a noite começou a formar no meu cérebro um possível post, e a fora forma do teu comentário era onde eu queria chegar com estes pensamentos, talvez saia um post ainda. O coração, o que houve com o coração humano, porque dá intolerância, do ódio explícito, como tive o desprazer de ouvir de uma colega de trabalho que não é colega. Estes ataques podem machucar um coração, podem também transformá-lo, endurece-lo, porque o coração que comete isso, estas atrocidades que presenciamos todos os dias, assaltos de 15 em 15 minutos em Porto Alegre como disse nossa amiga Tais, este corações já petrificaram, só por Deus. Meu querido amigo, fico feliz e lisonjeado com tua presença, sempre vendo com este olhar bondoso uma possibilidade, uma saída para o caos que se apresenta. Vamos fazer uma corrente de corações bons, passar para nossos pequenos, porque os corações podres, devemos tirar de circulação para não destruir outros. Carinho respeito e abraço.
ExcluirPois é, Jair. E muitas vezes nós continuamos vivendo e reclamando por nossas dores ilusórias, negando a triste realidade.
ResponderExcluirBeijão!
Blog: *** Caos ***
Querida e bela Helena, pois foi justamente o que ocorreu comigo, me preocupei tanto com o que ocorria comigo, achando que era o fim do mundo, que estava sofrendo, mas nada se compara com as dores que o mundo vem sofrendo, e cada vez mais, não passo de um grão de areia diante de tanta atrocidade...ficamos meio de mãos amarradas, mas não percamos a fé, existem voluntários arriscando suas vidas, rezemos por eles e Deus tenha piedade das crianças. Obrigado pela visita querida Helena e pela inspiração que meu veio de teu post. Carinho respeito e abraço.
ExcluirOlá,querido amigo blogueiro Jair!,boa tarde!
ResponderExcluir...ciente que cada um é cada um...somos egoístas, não duvidamos de nossa própria existência e de nossas dores,mas duvidamos do mundo em nossa volta e das dores dos outros.Nós, deixamos de nos relacionarmos com o mundo real, mas, relacionamos somente com a realidade criada em nossas mentes; que, difere e muito da realidade do mundo exterior. E este mundo é cruel e terrível , por isso ,não gostamos de olharmos em volta... é a nossa zona de conforto que assim se converte, por sua vez, no nosso refúgio e limitação.
Neste contexto, há poucas possibilidades de algo mudar, pois, nos impede de enxergar a cruel verdade do mundo, que o sol não é para todos, infelizmente!Obrigado pelo carinho, belos dias, abraços!
Meu querido amigo Felisberto, antes de tudo, tudo, o prazer de tua presença, tuas palavras, teu tempo aqui no meu bloguinho, obrigado...zona de conforto desconfortável às vezes, este talvez seja a única reação possível desta ação que sofremos, que o mundo real impacta, e é cruel e terrível, sabemos. Seríamos uma espécie de testemunha ocularinternético, sabemos de tudo e vivemos um pouco de tudo e não sabemos o que fazer...eu escrevo, somos os nós mesmos. Talvez tenha de confessar, por achar meu blog uma zoninha de conforto, meu conforto ( o que não é muito real porque posso ser destruído com um teclar cruel e terrível rs). Grande verdade caríssimo, o Sol, infelizmente não é para todos (levo a desvantagem ainda por adorar nuvens rs). Um imenso prazer ter um pouco deste teu conhecer o outro, de palavras claras e lúcidas, é o que precisamos, não podemos nos perder, se é que já não estamos perdidos num Universo sem fim. Carinho respeito e abraço.
ExcluirAmigo Jair.
ResponderExcluirVocê descreveu exatamente o que verdadeiramente somos: hipócritas!
O Prof Clovis de Barros, fala em seu livro "Somos todos canalhas".
Forte abraço, amigo!
Caríssimo amigo, eis o que somos, por mais bonzinhos, amáveis, hospitaleiros (aqui gosta-se de denominar pequenas cidades de hospitaleiras, ledo engano, basta circular por qualquer uma delas para receber olhares de qualquer coisa, menos hospitalidade)...É complicado a gente se olhar no espelho e chegar a esta conclusão, mas infelizmente ou felizmente (pois constatando o problema já é um começo para melhorar). Na verdade vamos engolindo, suportando, calando, nos protegendo e ao mesmo tempo temos na ponta língua a solução para paz mundial, quem dera...
ExcluirVou tentar encontrar este livro. Obrigado meu amigo pela valiosa colaboração nesta nossa reunião em uma suposta zona de conforto. Carinho respeito e abraço.