Os
subterrâneos da ponte de vidro. Uma ponte que tenho de
atravessar todas as manhãs e olho através do vidro o
penhasco que me espera lá embaixo, cheio de pontas e pedras.
Sempre rezo antes de atravessar a ponte de vidro, sigo lentamente
vendo meu fim lá embaixo, caso um passo em falso trinque o
vidro que partirá em mil pedaços. Nos subterrâneos
abaixo da ponte de vidro, as rochas que me escondo até
amanhecer e ter de atravessar a ponte. Um risco de vida todo o
dia...já fechei os olhos atravessando, mas sentia a espada de
um pirata nas costas, e a ponte de vidro que não via,
transformou-se em uma tábua rumo ao mar, onde agitados
tubarões com fome, até parece que sorriem ao
abrirem as imensas bocas, cheias de dentes, esperam ansiosos para me
devorar. Há perigo sempre, até no olhar que não
me quer aqui ou ali. Há perigo no amor que morre, que mata,
que sangra manchando meus passos sobre a ponte de vidro.
Lançando-me
lentamente ao espaço, deixando a gravidade fazer seu trabalho.
Não há milagres para esperar, meu corpo é um
nada na imensidão do nada e que meus subterrâneos
sempre estiveram ali, dentro de mim, mesmo quando olhava para dento
não conseguia ver. Agora é muito claro, ou escuro e
vejo os vasos sanguíneos na terra, no subsolo de minha pele.
Enquanto a gravidade faz seu trabalho vejo a ponte de vidro
estilhaçando e vindo em minha direção, mas agora
é tarde para me cortar, secou o sangue, e a Terra irá
me engolir.
não achei graça nenhuma.
ResponderExcluirAinda bem, não era pra rir mesmo, de qualquer forma obrigado por ler e não rir.
ExcluirCarinho respeito e abraço.
Caro amigo Jair Machado, sei que não é fácil publicar livros no nosso país, sobretudo para um escritor inédito, mas o teu trabalho merece ir à rua, necessita publicação impressa. Cronicas com esta qualidade pedem a vitrine de uma livraria, as bancas da feira do livro, enfim devem estar ao alcance do grande público leitor.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas um ótimo dia.
Meu caro, meu amigo, meu poeta Dilmar, não sabes o quanto tuas palavras me alegram, que as minhas criações chegam a ti e tens esta impressão. Uma compilação talvez, mas seria algo de terror fantástico rs. Não me resta muita coisa na vida senão escrever, tenho minha mãe, mas não por muito tempo infelizmente e meu cão também, depois não sei de mim, por hora escrevo, escrevo como quem vai morrer na próxima esquina e preciso dizer isso, talvez não para o mundo, nem publicações, mas para mim, auto consolo rs...mas fizeste meu dia brilhar mais do que está, aqui tem Sol hoje e sem vento. Obrigado amigo, muito obrigado. Carinho respeito e abraço.
ExcluirJair,
ResponderExcluirEnquanto "a gravidade fazia seu trabalho", você criou asas, flutuou na imensidão do éter e embrenhou-se na luz que conduz à sabedoria, daí um texto tão lindo. Parabéns, JAIR.
ExcluirMeu amigo querido Jair, senhor de todas as palavras...quando falei em compilação para nosso amigo Dilmar, pensava no teu livro que tenho e está me acompanhando na cabeceira, enquanto o remédio faz efeito, tou encantado, agora sei porque te chamo senhor de todas as palavras...de novo conseguiste ver nas minhas entrelinhas, o que vejo com clareza agora, só desafiando a gravidade poderia escrever/ver o que postei. Muito obrigado, muito obrigado. Carinho respeito e abraço.
Meu amigo Jair,
ResponderExcluirNos subterrâneos do nosso inconsciente é onde travam-se as mais sofridas batalhas, mas é lá, também, que aparecem as mais destemidas, corajosas soluções.
Belo, belo e profundo texto!
Grande abraço meu amigo!
Minha querida amiga Tais, viu que amigos generosos eu tenho...os subterrâneos, surgiu a palavra, e elas são independentes, se jogou no texto, daí não tive saída de entender este sinal, por mais que eu voe, ou ande na terra como minhoca, é dentro de mim, como dizes, as maiores batalhas e corajosas decisões...agradeço muito tuas palavras, este comentários que muito me envaideceu, mas não deixando eu fugir do chão que piso, obrigado amiga.
ResponderExcluirps. Carinho respeito e abraço.
Amigo Jair!
ResponderExcluirNa nossa vida sempre houve uma ponte de vidro. Enquanto a beleza da juventude nos distraía, não a víamos, mas, o tempo foi passando,e mesmo que mudemos nosso olhar para longe dela, escondida no canto do nosso inconsciente ela nos espera. Atravessá-la correndo os riscos, é a nossa missão! Vamos lá, respire fundo e siga em frente. Afinal, se acreditarmos que ela não é de vidro, nem tão alta como ela nos parece, será vencida como tantos outros obstáculos já ultrapassados até aqui!
Coragem! Do outro lado da ponte, sempre haverá um braço amigo a te esperar! Acredite!
Bom fim de semana!
"Como tantos outros obstáculos já ultrapassados até aqui", estou eu aqui diante do que me parece o insuperável, ardiloso e cruel obstáculo, mas a juventude que não tenho mais me diz para ser realista e seguir adiante, apesar dos olhares repressores, dos olhares maldosos que não decifrei ainda O porque de tanto ódio...meu caro amigo Vitorio, tuas palavras acertam-me4 como flechas de sabedoria no que eu mesmo estou amarrado, ajudando a libertar-me. Sempre haverá uma ponte de vidro para passarmos e ultrapassarmos. Carinho respeito e abraço.
Excluiruau! que lindo texto! inspirado! a analogia com as pontes de vidro que tem surgido... adorei! poesia da melhor qualidade! obrigado por compartilhar!
ResponderExcluirObrigado amigo, as metáforas conseguem criar outro clima para o que realmente sinto, criando lima espécie de literatura, que a chamo carinhosamente de "barata". As analogias, afinal tenho de atravessar uma ponte de vidro todo o dia e sobreviver o dia todo no trabalho rs. Obrigado por estares aqui. Carinho respeito e abraço.
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