Ouvi
um grito de gol, e toda Nação festejou, soltando fogos e brindando
com a vizinhança, as crianças saem jogando bola pela rua, que está
enfeitada de verde e amarelo, as cores da Nação. Ouvi um grito
abafado por socorro, mas ninguém se importou, ou fez questão de não
ouvir. Era um grito por socorro, pedido de ajuda, pois a maior
floresta, considerada o pulmão do planeta continua se extinguindo,
ou melhor, continuam a destruir, inclusive terras de preservação
protegidas por Lei...Amazônia um paraíso verde chegando ao fim,
destruído pelas mãos do homem, por ganância, numa exploração
desenfreada. Somente neste ano foram destruídos o equivalente a
muitos campos de futebol, muitos (imagino um campo de futebol e é
muti triste esta comparação). E não percebemos, talvez quando nos
faltar o oxigênio que respiramos, quem sabe daí, pensemos o quanto
somos destruidores, o quão egoístas somos…..enquanto isso não
acontece nos divertimos, torcendo pelo time nacional de futebol na
Copa do Mundo. Este povo não se une por nada, nossos deputados e
senadores roubam e destroem o país, e não somos capazes de dizer
não, dar um basta nestes abutres que nós mesmos elegemos, mas não,
é um compromisso muito sério lutar por nossos direitos, melhor é
nos reunirmos para assistir aos jogos da Copa do Mundo, todos
unidos….enquanto isso escorre o sangue das árvores assassinadas
na Amazônia, e não ouvimos este grito de dor.
terça-feira, 26 de junho de 2018
sexta-feira, 22 de junho de 2018
AS CARTAS QUE EU NÃO MANDO
Rio de Janeiro
Hoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você
Eu reformei a casa
Você nem soube disso
Nem das outras coisas
Sabe eu tive um filho
Já faz tempo que eu me perdi de você
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto
Vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São histórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você
Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto
E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto
Hoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você
Eu reformei a casa
Você nem soube disso
Nem das outras coisas
Sabe eu tive um filho
Já faz tempo que eu me perdi de você
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto
Vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São histórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você
Eu fico imaginando
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto
E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós
Guardo pra te dar
as cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto
by Leoni
sexta-feira, 8 de junho de 2018
EU
Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.
Clarice LispectorDEIXA EM PAZ A MIM
Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Mario QuintanaSe tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
terça-feira, 5 de junho de 2018
A CIGANA MÁ
Após o chá com bolinhos e bolachas e um bom tempo de conversa, me despedi de D.Nora, uma antiga vizinha de minha falecida avó. Fico sendo uma espécie de vó substituta. Sua casa é um pouco afastada do centro e das vilas da cidade, embora próxima, depois da casa dela começam os campos da zona de colonos ao redor da cidade. Caminhava pensativo, quando passei novamente por uma entrada, onde ainda está a placa, indicando a casa da sra Armina, mais conhecida como a professora bruxa Salomé, pois sempre socorria as pessoas em seus desesperos, por dinheiro, por amor, por saúde, geralmente com chás, ou no máximo algum incenso fabricado por ela, Que não cobrava, apenas aceitava doações. Parei e pensei em dar uma olhada, afinal é de tarde e temos um lindo Sol brilhando no meio do céu. Lembrei então da história que minha vó postiça Nora me contou durante nosso chá, justamente por perguntar o paradeiro da velha bruxa...ela então falou o que muitos comentavam, que ela saiu em chamas no seu vestido de seda, em várias cores, rodopiando e gritando. primeiro nas alturas, depois sumindo mato adentro, e nunca mais se soube dela. Na minha curiosidade insisti em saber o que a levou a isso. Relutante dona Nora resolveu me contar. Era uma época difícil, muitos abandonavam a cidade, dizendo estar amaldiçoada e nada progredia, os negócios, as plantações, os animais morrendo misteriosamente. Foi então que o Prefeito da época foi se aconselhar com a professora bruxa. Ela leu em cartas, búzios, borra do café, I Ching e todos os livros de que dispunha, como nada lhe dizia algo concreto, apelou para sua última arma, uma bola de cristal. Mas ela só manuseava possuída de um espírito cigano, dos muitos que usavam seu corpo para chegar até nós. A bruxa porém, alertou o Prefeito, que a cigana era o único espírito que cobrava outras coisas, e não dinheiro. Dona Nora, então parou de contar-me e olhou-me nos olhos, perguntando: queres mesmo saber ? Respondi que sim com a cabeça, que a história estava ficando interessante. Ela continuou...O Prefeito disse que arcaria com todas as circunstâncias e pagaria o que ela pedisse. Então a professora bruxa chamou a Cigana Má, que apareceu na bola de Cristal e disse que queria um lindo vestido de seda, com várias cores e camadas, para tirar a maldição da cidade e queria uma dança especial, com muitas velas acesas no salão da prefeitura. O Prefeito aceitou, a professora bruxa saiu do transe e a imagem do cristal sumiu. Tudo foi providenciado pelo Prefeito.
No dia da dança enfeitiçada, todos estavam ao redor da prefeitura, lá dentro apenas a professora bruxa Salomé e o Prefeito. Na sala oval foi instalado o altar de velas coloridas e acesas, muitas, muitas e já em transe a professora vestida no lindo vestido cigano de seda, e várias camadas de todas as cores. Iniciou-se o ritual da mais tirte dança cigana. Não sabia o prefeito que era uma crise mundial, era 1929 e a Bolsa de Valores America havia quebrado, levando a recessão e a derrocada de várias economias, inclusive naquela pequena cidade. Iniciado o ritual, surgiu música não se sabe de onde, as velas acesas dançavam e a professora em transe começou a dançar, ao que seu vestido pegou fogo, pegando fogo também a sala oval da prefeitura. O Prefeito sai correndo e gritando, e atrás a Cigana Má numa dança esquizofrênica dentro das labaredas, que assumiam várias cores. O povo sai correndo e gritando, e um vendaval de vento passa pela cidade levando para as alturas aquela bola de fogo colorida, que se transformou a Cigana Má, ou a professora bruxa Salomé, e nunca mais viram ela. Quando tudo voltou mais ou menos ao normal, chega um jornal da capital que informa que a crise de falência dos municípios havia acabado, e logo tudo retornaria ao normal. E retornou, apenas ficou a casa abandonada da professora bruxa. Esta era a história, e diante da placa que indicava o endereço de D. Armina ou a Professora Bruxa, decidi continuar minha caminhada para casa, o que eu poderia encontrar na casa abandonada da bruxa ? que tanto bem fez e muito mal colheu...o dia está tão lindo e sigo adiante, pensando em voltar para tomar mais um chá com Dona Nora, quem sabe não me contaria outra história tão ou mais macabra que esta.
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