quarta-feira, 27 de março de 2013

MONÓLOGOS DA SOLIDÃO - ENSAIO







MONÓLOGOS DA SOLIDÃO – ENSAIO




Acordou como ensaiado há muitos dias, não era ele nele, era a criação que na noite faria sua estréia nos palcos...o chamarei de Dele, pois não sou eu, não é ele, é a criação que a nove meses esta evoluindo e tornou-se Dele. Pesado, com seus 50 anos de extrema solidão. Com esforço senta-se na cama, e como quem não acredita põe o rosto entre as mãos depois de um longo suspiro...no quarto não possui muitas coisas, assim como o cenário...Sai caminhando lentamente, apoiando-se numa bengala. Naqueles nove meses levantava-se cedo e fazia esta caminhada na pracinha em frente a sua casa, observando as árvores que estranhamente começavam a perder a cor, quando um estranho vento soprou mais profundo. Parou para arrumar a manta no pescoço...então sentiu, lembrou, começava, exatamente agora às 8 horas da manhã, o outono. Um calafrio percorreu sua espinha, agora já acreditava estar dentro ou fora, mas possuído pelo personagem, estava na criação do papel, segundo Stanislavski. Após arrumar a manta no pescoço e tentar ouvir o que o vento soprou em seu ouvido, não conseguiu...fecha os olhos, levanta a cabeça – cena que se repetirá por várias vezes logo mais a noite – aproveita para praticar mais um exercício. Com a cabeça em direção ao céu, olhos fechados, deixou-se invadir pelo vento e percebeu que ele sussurrava pedaços de poemas vindos de um sonho em que uma menina chamada Rayuela, jogando amarelinha na calçada, e a cada salto, cada número, ela sorria e gritava um pedaço de poesia. Lentamente abre os olhos, e se depara com um céu azul como nunca havia visto antes, não antes de fechar os olhos, mas antes de sua vida, antes da existência do personagem, este que se interpreta todos os dias, após acordarmos, para seguirmos com nossas vidas... logo uma nuvem passou em forma de ovelha, mas não se desconcentrou, apenas deixou a menina seguir o animal, pois parecia correr para estar com ele, parecia se deliciar com infinitude do azul, podia ver no seu rosto a paz que sempre procurou, a poesia doce e suave, ela só poderia se chamar Rosanazul. Baixou a cabeça e continuou a caminhada,sentindo-se mais leve, apesar da idade, dos cabelos brancos, da dor nas costas, que o obrigava a usar a bengala. Parado agora em frente ao portão de sua casa, repara as flores que não havia notado há muito tempo, olha pela janela para dentro da casa, onde percebe um vulto olhando para Dele, através da janela...as luzes foram baixando, apenas um foco luminoso claro opaco em seu rosto, apressou-se em abrir o portão, mas a idade e as dores o impediam de correr, incrédulo e feliz balbuciou algumas palavras adentrando a casa: Dentre todas as Almas já criadas – Uma – foi minha escolha – Quando Alma e Essência – se esvaírem – E a Mentira – se for – Quando o que é – e o que já foi – ao lado – Intrínsecos – ficarem – E o Drama efêmero do corpo – Como Areia – escoar. As luzes se apagam; talvez volte a dormir mais um pouco, afinal, precisa estar bem descansado para a estréia.



ps. Outro post iluminado por meu senhor do teatro, Ivo Bender...

5 comentários:

  1. Olá Jair!
    Estou encantada com o post.
    Retribuindo a sua visita, agradecida desde já.
    Em relação a seca, também acho bonita a paisagem e fiz umas fotos a parte, nada profissional, mas interessante. Pena que tudo isso provoque esse caos terrível.
    Abraços

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    1. Menina Ana Karla, isto sim é o tempo da net, muito feliz com tua visita e amáveis palavras. Que bom que não me achaste mórbido por ter adorado tuas fotografias, sério, não sou profissional, mas aprecio e quando gosto, é uma visão da alma, ou sei lá, mas é inegável a beleza de tuas fotos. É aquela velha máxima; a vida imitando a arte ou a arte imitando a vida. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  2. Amigos, verdadeiros são para sempre, porque
    quando dois corações se unem, formando um só,
    DEUS se manifesta ali, através do amor
    e o amor é mais forte que a morte,
    não importa a distância,
    no coração estarão sempre perto.
    não importam as diferenças.
    Sempre haverá um ombro para recostar,
    mãos para ajudar,olhos para enxergar e chorar de alegria e dor,
    bocas para expressar as verdades e sorrir.
    Os bons amigos são como estrelas
    você nem sempre as vê, mas você sabe que sempre estão lá.
    Esta é a maior responsabilidade de nossa vida
    e a prova evidente de que
    duas almas não se encontram por acaso.
    Por tudo isso e muito mais eu digo
    Deus abençoe nossa linda amizade
    Deus abençoe por estar sempre de mãos estendidas
    nos momentos em
    mais preciso de afago e carinho.
    Linda seja sua semana beijos no seu coração
    caricias na sua alma linda e generosa.
    E 1 de Abril ,mais carinho meu e amizade é para sempre não é mentira..
    Evanir.




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    1. Obrigado Evanir por este comentário/oração. Compartilho contigo este nobre sentimento e Deus sempre nos abençoe. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  3. Este texto não foi psicografado, como normalmente eu gosto, pensar, pensar e entrar no blog e postar, meio beatnick rs...mas é um blog, e como já li em algum lugar:faça a alegria de um blogueiro, comentando o post, e é verdade, dá uma alegria, enfim...se bem que ainda acho tão ou mais válido somente a leitura do que é postado. Este post ficou uns dias sem nenhum comentário, e dá uma frustraçãozinha (hoje quase nula, mas...). Conversando com uma colega e amiga que eu considero, entre os assuntos ela me disse que havia lido e gostado desta ficção, como os contatos no trabalho é muito rápido, estamos em setores diferentes, e são sempre muitos os assuntos, voltei alegre ao meu setor e ainda comentei com outra colega que sabe da existência deste blog, que não havia um comentário escrito, mas havia recebi um que me alegrou, daí veio o feriado de Páscoa e viajei, espiando no blog, nada, mas lembrava das palavras dessa amiga e ficava cada vez mais feliz...no retorno do feriado fui dizer para ela, que aquele comentário que ela havia me feito tomou proporções gigantescas com o passar dos dias e que não tinha agradecido de forma educada e mais clara para ela, ou seja, que ela me deu alegria, como já faz há muito tempo.
    Eliana, meu carinho meu respeito meu abraço.

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