Traduzir-se
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte -
será arte? by Ferreira Gullar
Olá querido amigo Jari
ResponderExcluirAcredito que todos somos essa dualidade tão bem poetizado por Ferreira Gullar. Encontrar o nosso todo que é a grande questão.
Grande abraço
Meu mui querido amigo prof. Elian, este poema fecha um ciclo deste blog e de mim, e como é importante tua visita, tuas palavras. Este poema também faz parte do meu perfil, aqui do lado, pois como o próprio nome diz, este poema me traduz e reflete bem minha dualidade ou pluralidade, minhas encruzilhas existenciais, meu seguir de altgos e baixos, como se eu experimentasse uma parte na outra para ter um resultado redondo, e Ferreira Gullar me brindou com este poema, eu e a humanidade, como uma especie de mapa para nos orientar-mos, uma espécie de início de nosso autoconhecimento. Muito obrigado querido amigo, muito obrigado. Meu carinho meu respeito meu abraço.
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