quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

SILÊNCIO


“Escrevia silêncios, noites, anotava o inexprimível.
Fixava vertigens.
Criei todas as festas, todos os triunfos, todos os dramas.
Tentei inventar novas flores, novos astros, novas carnes, novos idiomas.”





O melhor é esquecer no silêncio, as palavras ditas e malditas que nem sequer escutou, descerei as escadas e ultrapassarei a linha do tempo, não sendo nada mais o passado, e o futuro talvez nem nada seja...agora vivo, sentindo o presente divino que é viver. De joelhos na Igreja lembro minha infância e minha vó, buscando o invisível na profundidade do coração, na fé que aprendi a ter...mesmo quando o tempo muda, tempestades de dor e desespero, como se um dilúvio se abatesse sobre a terra, náufragos...um mar de corpos boiando à deriva, a pena eterna...por isso o agora é mais importante, e esquecer no silêncio as mágoas, perdoar perdoar se perdoar perdoar. Olhando nos teus olhos quando possível, sou um enigma decifrado, frágil e bizarro, um anjo caído, um cão sem dono, uma estrela sem brilho, morta e fria, uma lápide de mármore no Pere Lachaise...

 

18 comentários:

  1. Uma vez eu fui passear no Pére Lachaise atrás da lápide do Abelard e da Eloise, cuja história de amor sempre me comoveu e gerou um filme lindo chamado "Em nome do amor"-por acaso vc assistiu?
    Vale a pena...beijos!

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    1. A propósito,te mencionei lá no meu novo post, totalmente inspirado por ti!

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    2. Minha querida Madi, que ótimo estares aqui...gosto muito de cemitérios e este é top de linha rs, é clássico e lindo. Só em saber já me sinto honrado por fazer parte deste teu insight que é escrever ou pensar um post. Ser lembrado me comove muito, eu que luto contra uma absurda carência rs e uma dificuldade de interagir com os que me cercam in loco, estas amizades 'virtuais' são o que tenho de melhor nos últimos tempos, por isso dessa importância na minha vida, eu te agradeço, de coração...histórias de amor, acho que sonho com isso ainda rs. Não vi o filme, mas sei ' ma o meno' da história.
      No cemitério tenho meus melhores silêncios, às vezes quebrado por um soluço ou suspiro de saudade, um vácuo de palavras...(divaguei rs). Querida Madi, nunca pensei que seria tão difícil viver aqui, mas tem sido tão bom ao mesmo tempo, não perdi a fé ainda, e talvez não perca, porque para mim sem fé, acabou tudo, é o fim.
      Obrigado por esta visita tão bem vinda e obrigado pelo comentário mais amável que já tive, e tou indo no teu blog, e obrigado por ser esta Madi, tão poderosa, tão amiga, tão querida...Carinho respeito e abraço

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  2. Acróstico

    Se não se ouve absolutamente nada
    Imagina-se dessa mudez o significado
    Logo, há sobejo de palavra não dada
    Ênfase naquilo que jamais foi falado.

    No silêncio há autêntica comunicação
    Coisas subtendidas que ocultam a voz.
    Implícitas como normalmente o são,
    O recado desse silêncio vem até nós.

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    1. Meu maravilhoso amigo e poeta e dono de todas as palavras Jair, a segunda estrofe acertou em cheio o que supostamente tento dizer no texto, do que buscava exteriorizar...meu encantamento com teu jogo de palavras, arrancando do postado a essência por vezes, ou o rumo, que pode não ser tão claro. Obrigado meu amigo, muito obrigado pela consideração, o carinho e estes acrósticos geniais. Me sinto tão honrado em merecê-los.Obrigado. Obrigado. Obrigado. Carinho respeito e abraço.

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  3. Belíssimo amigo Jair e a Madi foi soberba fazendo a ponte ...

    Beijão

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    1. Olha só meu rei, que mimo recebo da poderosa Madi, facilmente podemos chamá-la de Soberba, gosto da sincronicidade e ela é muito demais né? lembro de ter visto uma postagem do encontro de vocês dois, foi demais ver união de forças tão poderosas neste mundo que descobri na blogosfera, e pessoas que tenho um respeito imenso e uma admiração ímpar, pois mesmo pertencendo a mundos distantes, aprendo tanto nos blogs de vocês, como de muitos, é uma terra farta de bons blogs, mas assim como na vida, nos envolvemos mais com uns, enfim, é um mundo maravilhoso, não consigo me imaginar mais sem esta conexão na internet, e não me imagino sem passar no teu blog meu amigo Bratz. Obrigado meu rei por iluminar minha vida. Carinho respeito e abraço.

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    2. Querida Madi, tu podes se achar, pois eu te acho. Carinho respeito e abraço.

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  4. Jair, amigo: quando eu era criança, os cemitérios me assustavam, parecia que os defuntinhos estavam vivos em suas lápides, rs. Cresci, me envolvi com os humanos e percebo que os cemitérios podem ser vistos como um lugar de paz, de reflexão da vida (enquanto ainda vivos), rodeados de uma arte maravilhosa que é a arte cemiterial. Arte que passa uma paz quase que celestial. Tudo que lá está é paz e saudades. Particularmente penso que não é um lugar que assuste, mas que até pode nos elevar como criaturas, sejamos cristãos ou não. Lá está o fim de uma vida corpórea, matéria. E lá, após a vida, nada mais adianta queremos perdoar, melhorar, esquecer mágoas. Ou é antes, ou nunca mais. Bela reflexão, a sua.
    Grande abraço, meu amigo.

    *No meu blog de Artes tenho uma matéria sobre arte cemiterial.

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    1. Minha querida amiga Tais, rs amei tua visão de criança dos cemitérios, os defuntinhos vivos nas lápides, criança com imaginação fértil hein? Eu sempre gostei, apesar do medinho rs, íamos para o interior visitar os mortos do meu vô e de minha vó, eu bem pequeno, depois da morte do meu avô passei a frequentar mais o cemitério, levava livros e lia, e sentia muita paz, sem falar no silêncio natural dos cemitérios. Aprendi a apreciar a arte que existe no cemitério, que é muito rica...simbolicamente é um lugar de passagem, o corpo fica ali e nossa essência vai para o céu, o universo. Silêncio em cemitério ou hospital, sempre soube disso, mas nos últimos tempos venho sentido uma necessidade maior de silêncio, talvez como resposta ao silêncio que recebo, mas do limaõ faço limonadas e uso a falta de palavras para ficar mais comigo, escrever, pensar em mim, refletir, no fundo o saldo é positivo. Porque só nos chocamos quando a coisa esta muito próxima de nós, ou conosco ou alguém que amamos, daí nos importamos, assim, imagino que seja um cemitério, pois vendo, não tem como não pensar na morte, e quando se pensa na morte, ou se quer morrer, ou uma oportunidade para repensar (acredito que a grande maioria das pessoas)...Minha querida amiga Tais, tuas palavras sempre lúcidas me inspiram, e minha reflexão tomo outros sentidos que não havia percebido ainda...obriagdo, é sempre maravilhoso trocar idéias contigo. Bom tu falares no teu outro blog, que é colírio para os olhos e a alma, navegarei por lá.Carinho respeito e abraço.

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    2. Jair, eu adoro o silêncio!! Sabe, conheço pessoas que se ficam alguns minutos sem música, enlouquecem, ficam meio deprimidas. E eu preciso do silêncio, pra mim é o maior calmante, é quando me encontro. Também adoro música calma, ouvida baixo. clássicas, instrumental, MPB e as italianas e francesas, músicas da minha geração. Barulho não é comigo!
      Abração, amigo!

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    3. E pensar que já fui a muitos espetáculos de música, de rock, multidão e barulheira...mas isso é passado, e apesar de continuar a gostar de rock, hoje o volume que me deixa feliz é bem baixo...amo todo tipo de música (ok, tem coisas que não suporto rs) e o silêncio esta tendo este efeito sobre mim, calma, a paz que eu preciso. Minha amiga, sempre bom demais trocar idéias contigo. Carinho respeito e abraço.

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  5. Los cementerios son un contraste. Son símbolo de Muerte y, también, de Vida Eterna. Se respira una serenidad y un silencio que envuelven y trasladan a nuestro propio ser.
    Ese Silencio que lo expresa Todo con el mutismo de las Palabras.
    Bellísima Reflexión.
    Abraços.

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    1. Gracias Pedro pela visita e comentário tão amável...tens razão, os extremos, morte e vida eterna. É verdade, basta entrar num cemitério para baixarmos a guarda, um silêncio nos invade, uma serenidade...e é isso que busco e preciso e que tento me expressar atraves das palavras, dos meus posts que por vezes parecem muito depressivos, mas eu só procuro algo que acalme minha alma, meus sentidos, minha angústia e só as palavras são capazes de exteriorizar (para mim) toda minha dor e todas as minhas dúvidas, acho que daí fatalmente não tenho como não refletir. Gracias amigo Pedro Luis por entender o que escrevo. Saibas que entendo tão bem teus poemas, e o mais incrivivel é que me idenfico muito,como se as palavras que usas fizessem parte de mim, gracias. Carinho respeito e abraço.

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  6. Respostas
    1. Meu querido Isaac,estou numa cidade que parece que encontrei paz,e isso temme deixado feliz e eliviado, mas ao mesmo tempo forças contrárias querem me tirar isso, então nestas horas procuro e preciso de silêncio, para ouvir minha voz interior ou para estar em paz...também somos silêncio, meu querido amigo, também somos silêncio. Carinho respeito e abraço.

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  7. Olá, Boa noite, Jair
    eu acredito piamente que o silêncio é uma utopia. A noção de silêncio nunca é um fato; já que existem sons na mais plena quietude.
    Père Lachaise, imensa necrópole parisiense. Diz a lenda que os restos mortais de célebres imortais nunca mais tiveram silêncio desde que Jim Morrison veio lhes fazer companhia. O silêncio é abortado pelos fãs que pretendem homenagear o roqueiro vocalista do The Doors...
    Agradeço pelo arinho, belos dias, abraços!

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