Em el último
sueño
mi padre ya
no estaba enojado
sonreía y me abrazó.
yo quise decirle papi
te quiero y no me
salieron las palabras.
él me dijo no importa
yo entiendo.
mi madre estaba sentada,
fuera de cuadro.
tenía un vestido azul
(aquél, tan bonito)
y sonreía.
después me fui a caminar
por aquella calle,
donde las casuarinas.
mi padre ya
no estaba enojado
sonreía y me abrazó.
yo quise decirle papi
te quiero y no me
salieron las palabras.
él me dijo no importa
yo entiendo.
mi madre estaba sentada,
fuera de cuadro.
tenía un vestido azul
(aquél, tan bonito)
y sonreía.
después me fui a caminar
por aquella calle,
donde las casuarinas.
by Silvia Zappia
Caminhando
pelos corredores perdidos do tempo, tirava a mão do bolso com
o poema direto aos olhos e repetia. Como um mantra aquelas palavras
que ao mesmo tempo não fixavam na memória, não
saia de sua cabeça, aquele começo “mi padre no estaba
enojado sonreia y me abrazó” trazia o pai quando era
pequeno, o pai ainda forte, os músculos trabalhados no serviço
pesado que exercia, não tirava o encanto de super-herói.
De volta ao bolso. Os longos corredores eram interrompidos por
portas, que precisava abrir, passar e fechar. Quase ninguém
encontrava nesta caminhada, salvo raras exceções,
algum bom dia silencioso, quase impronunciável, como se o
silêncio fosse preciso. Estaria morto como seu pai, porém
ainda vivo. Os silêncios, a solidão daqueles corredores,
a falta de olhares, lhe traziam paz e esperança. Não
estava separado do pai pela morte, mas pela vida que o mantém
aqui. “ yo quise decirle papi te quiero y no me salieron las
palabras”. Parado à beira da escadaria que o levará
para rua, fecha os olhos e sente todos os mortos que lhe fazem falta
em vida. Talvez fosse isso dito, uma vez, numa sessão
espírita, que deixasse os mortos em paz, e não
conseguiu entender, somente quando ouvia um disco no quarto, seu
favorito que nunca parava de tocar, era o último do artista
morto de uma doença letal. Os passeios pelos cemitérios
na adolescência, tudo vinha como uma enxurrada, nunca
conseguira desistir de verdade de morrer, mas não conseguiu
evitar que todos morressem, como num desfile sombrio e triste,
todos, por último o pai que o acena passando pela porta.
Desce as escadas correndo, já não há tempo, já
não há pressa para viver. No último lance de
escadas, antes de tomar a porta da rua, coloca a mão no
bolso...”después me fui a caminar por aquella calle...”
Profundo, caro amigo Jair Machado! Um abração. Tenhas uma ótima semana.
ResponderExcluirMeu querido amigo e poeta Dilmar, estou tentando ficção mas me parece que saiu algo bem pesado, sendo a minha intenção remoer e rever o poema da Silvia, a saudade de meu pai morto, e a saudade de minha vida, que se esvai assim, no tempo. Obrigado amigo, muito obrigado por tua nobre presença. Carinho respeito e abraço.
ExcluirMuito lindo e muito profundo, retrata muito de nossa essência ...
ResponderExcluirMeu rei, meu amigo Bratz, só tua presença já faz com que me sinta vivo, tuas palavras me faz acreditar que esteja conseguindo, continuo tentando criar minha literatura, expor sentimentos confusos por vezes, ou tão íntimos que na luz do dia eu mesmo me assusto...mas é encorajador, eu tento, continuarei tentando, mas neste processo eu sou meu material de pesquisa, reinvento minhas histórias, minha vida...somos um pouco disso tudo, somos humanos, sentimentais e da melhor qualidade rs. Obrigado meu amigo Bratz, muito obrigado. Carinho respeito e abraço.
ExcluirValores outros, de certo mistério
ResponderExcluirOs quais transcendentais me são
E não teço comentário mais sério
Nada me diz incognoscível razão.
Meu nobre e caríssimo amigo e poeta Jair, senhor de todas as palavras, desbravador da confusão de sentimentos e palavras que crio. Obrigado pela atenção, pelo teu tempo precioso, por existir, por ser um amigo...pareço viver nas sombras, mas permito que aluz de seres como tu se cheguem a mim e me transformem no ser do bem, que somos. Carinho respeito e abraço.
ExcluirFeliz segunda-feira!
ResponderExcluirSensibilidade em cada palavra, me rendo a esta obra de arte em imagem e texto.
Abraço
Nicinha
Querida Nicinha, quanta saudade, que alegria em recebe-la...a vida nos coloca esquinas, caminhos, ruas diferentes todos os dias, e normalmente não podemos escolher mais que um caminho, e por vezes nos desencontramos, mas amizade é um presente de Deus, escreve por linhas tortas, mas palavras certas, e o bem atrai o bem. Somos seres do bem. Quanto as imagens conto com a sensibilidade e arquivo do Google e tento fazer uma conexão do escrevo tentando figurar, ao meu gosto rs...mas muito, muito obrigado por palavras de estímulo e gentileza. Carinho respeito e abraço.
ExcluirDá uma saudade e tanto, tive de parar um pouco de ler... mas podes crer, lembraremos dos nossos pelo resto da vida, meu bom amigo. Para isso não tem jeito, não tem razão, nada, só tem emoção, coração. E lidar com emoções é a coisa mais trabalhosa que existe. Difícil. Mas vamos lá... Temos uma vida pra tomar conta. E outras também.
ResponderExcluirGrande abraço, fique em paz. Fique bem.
Minha querida amiga Tais, estou aprendendo a viver com esta dor, pensava que já havia amadurecido a ideia de morte, de perda na minha vida, mas a morte de meu pai abriu meus olhos e sentimentos que nunca, jamais pensei que fosse sentir, nem imaginava que pudessem existir, e por vezes é tão forte; então vejo minha mãe que sofre muito mais que eu, e , isto é só uma passagem, minha, tua, de todos, mas a vida é tão mágica e bela que nos faz acreditar quase que na eternidade, pois para que pensar na morte ? mas se pensa, eu penso . Querida Tais, sempre tão bom poder trocar palavras contigo...esta é a forma que tenho e coque consigo me libertar, gritar estas dores do fundo do peito, aprisionadas pela vergonha, o medo do que possam pensar...por isso escrever, antes de buscar uma literatura, busco minha alma livre e entendendo o que se passa comigo, os sentimentos, e principalmente minhas perdas, estes fantasmas bons que jamais permitirei que deixem de fazer este doce assombramento em minha vida. A frase final retirada do poema traduz bem o que me dizes sobre seguirmos...”después me fui a caminar por aquella calle...”. Carinho respeito e abraço
Excluirgracias, querido amigo. amé tu narración que continúa mi poema. me siento honrada.
ResponderExcluirabrazos, miles*
Minha querida Silvia, para sempre Rayuela, sinto falta de comentar em teu blog, mas graças a isso escrevi este post. Sempre fui fascinado por teus escritos, a beleza contida neles, a dor, a forma como consegues me dizer profundamente, mesmo não sendo minha língua pátria sempre fui traduzido em teus escritos, sempre tocaram meus pontos fracos ou o que necessitava ouvir, ler...(sempre gostei de recitar em voz alta teus poemas, fiz bastante com este que postei, que me inspirou). Honrado estou eu de ter um poema de Silvia Zappia sendo o condão de um texto meu, só tenho a te agradecer querida amiga. Sempre estarei pelo teu blog en-zigurat, preciso ler o que tu escreves. Obrigado. Carinho respeito e abraço.
ExcluirMuito forte, é profundo. Gostei bastante.
ResponderExcluirBeijocas
Querida Claudia, amiga de além mar, muito agradecido por tua palavras, por tua visita...acho que entado quando dizes profundo, é meio mórbido rs, mas gosto de disso, me sinto bem me expressando assim, uma forma de calar minha dor ou dar voz a ela, para poder viver um pouco em paz, já que a morte me ronda desde que nasci. Carinho respeito e abraço.
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