Esqueceu
a terapia e dormiu até mais tarde, enquanto passava desenho
animado na televisão, que ficou programada para ligar. No sono
percorreu o caminho até a clínica onde mais cedo ou
mais tarde, seria sua residência, ou não. Estava
sonhando, estava caminhando entre as pessoas sem ser notado, estava
realmente sonhando. Desde a última consulta, a troca de
remédios, os dias não foram mais os mesmos. Tudo pode
acontecer nos finais de ano, tragédias, muitas tragédias.
Encontros. Desencontros. Festas. Todos procurando desesperadamente
comemorar, forçando sorrisos e postando no face-book, deixando
a comida esfriar, mas mostrando todos os dentes, alguns substituídos,
mas a maioria era original. Rolou na cama, e abrindo um pouco o
olho esquerdo pode ver o desenho do Pica-Pau, com sua crista vermelha
e corpo azul. Voltou a procurar o sono ou tentar lembrar de algo que
insistia em esquecer. Esqueceu e voltou a dormir. No caminho para a
clínica ouviu uma música, que falava de sofrimento, que
sempre sofremos, mas nem por isso se deve desistir.
When your day is
long and the night
The night is yours alone
if you're sure you've had enough of this life
Well hang on
Don't let yourself go, 'cause everybody cries
and everybody hurts, sometimes ... (R.E.M.)
The night is yours alone
if you're sure you've had enough of this life
Well hang on
Don't let yourself go, 'cause everybody cries
and everybody hurts, sometimes ... (R.E.M.)
A balada
ecoou nos tímpanos se perdendo na escuridão do sono e
do quarto, onde ainda permanecia esquecido da vida, esquecido do
terapeuta. Novos remédios, o corpo precisa se adaptar. Os
olhos já entenderam e não lacrimejam mais, sente também
uma secura na boca, e o coração palpitar ligeiro, como
se tivesse medo de parar...virou para o outro lado na cama, sem
acordar desta vez, apenas esqueceu de uma consulta, esqueceu o blog
também, apenas sonhava que vivia num mudo virtual, agora
poderia procurar os amigos que tinha na rede, e deixar
comentários in loco nos posts...acorda com um raio de Sol que
atravessou a janela, a cortina, parando nos olhos, vendo um belo
brilho ao abri-los e perceber que a vida está ali, a sua
espera, do outro lado da janela. Agora é só dar um
passo, outro passo, mais outro e assim por diante, até chegar
na rua e ver que a vida existe, basta querer, basta acordar, porque
sofreremos do mesmo jeito, mas com chances de superar o medo e abraçar
o dia e a vida, que pulsa, pulsa, pulsa....
É, meu querido amigo.
ResponderExcluirMuitas vezes, pensamos em desistir. Mas, nem que seja devagar, passo a passo, devemos seguir em frente. É o melhor que temos a fazer.
Beijão!
Blog: *** Caos ***
Bela Helena, exatamente assim me sinto, obrigado por tua presença, e por fazer um blogueiro feliz. Carinho respeito e abraço.
ExcluirSim, Jair, a vida cotidiana pulsa, pulsa...
ResponderExcluirAté as tragédias de todos finais de ano fazem parte desse insensato cotidiano!
Abraços, amigo!
Meu bom amigo Vitorio, obrigado por estar aqui...tou tirando os comentários e não esperava que alguém mais viesse até aqui...teus dois últimos post são ótimos, mas não tou conseguindo comentar. O último que fala de um livro que trata a morte de uma forma. Eu tenho lido todos os dias este post, me vejo ali, mas não consigo comentar. Tou com um bloqueio, por isso tou tirando os comentários. como não consigo comentar nos outros blogs, não acho justo. de qualquer forma fico feliz por estares aqui. Carinho respeito e abraço.
ExcluirMeu amigo Jair, sei que fechou os comentários por algum motivo, mas só quero dizer que senti muito o falecimento do Ferreira Gullar, e esse poema postado, que faz parte do seu perfil, é lindíssimo, tem muito a ver com a gente. Pena, muita pena de um poeta da envergadura de Gullar ter nos deixado. Tem tanta gente pra ter ido antes dele...
ResponderExcluirFique bem, amigo!
Abraços.
Minha querida amiga Tais, amo poesia, amo os poetas, mas existem aqueles que nos deixam uma marca, caso do poeta Ferreira Gullar, o conheci vasculhando a poesia concretista, depois O poema Sujo que sempre teimava em ler e reler, e assim fui descobrindo um mundo de palavras que me faziam bem
Excluir, muito bem, e nos últimos dias muita gente partiu, um time de futebol inteiro, noivas despencando do céu e os comuns, infelizmente, acidente de carro...eles precisavam de um poeta para lhes orientar e fazer da dor poesia, como só os poetas sabem fazer. Feliz por te encontrar aqui, não tou conseguindo mais comentar, bloqueio talvez...li mais de uma vez, Eternos Carentes (acho que estou carente e bloqueado), já tem outro, que vou tentar comentar, sempre gostei demais de teus escritos, sempre fizeram bem, tanto paras o riso como para as constatações de tristezas. Não tenho comentado nos blogues que gosto e frequento, justo fechar os comentários do meu blog. Feliz demais em te ter por aqui, mas vou me recolher a minha insignificância no mundo virtual e real também. Estou depressivo, os remédios que o médico trocou me bloqueia, bloqueia a tristeza também, mas ela tem sido mais forte que as pílulas. Obrigado amiga, saiba que sempre estarei lendo tuas maravilhosas crônicas. Carinho respeito e abraço.
Não comente se não está pronto, meu amigo, não precisa, apesar da interação fazer bem. Já pensou em trocar os remédios de novo? Uns ajudam, outros pioram. Não se entregue, amigo, conviva, faz bem. Pedro perguntou por você.
ResponderExcluirGrande abraço, retorne.