Encontrei
teus olhos negros hoje pela manhã e não acreditei, como
não acreditei na violência nos presídios, nem das
mortes inocentes nas cidades...senti um punhal atravessar meu peito e
tocar meu coração. Enquanto olhava teus olhos de
Medusa, paralisei. Os dias comuns se arrastam, repetindo o nascer e
morrer do Sol todos os dias. Não sabia que eles eram tão
negros, como noite sem luar, mais negros que todos os meus pesadelos
juntos. Desci as escadas em paz com meu coração, ele
pulsa, ele vive. Teus olhos negros nada me prometem, apenas me olham
e me deixam nu, devolvo o olhar e vejo tua alma flutuando sobre
nossas cabeças. Recolho-me em silêncio e lembro do
domingo em lágrimas e ninguém para me oferecer um lenço
ou me abraçar enquanto engolia o choro, como criança
assustada, e me aquecia sentindo teu olhar sobre mim. Não
busco o amor, não busco um abraço nem beijo, apenas um
par de olhos negros que me olhem, e me vejam e conheçam meu
sorriso. Um encontro pode ser um desencontro, e nunca mais ver teus
negros olhos, apenas uma vaga lembrança que ira se apagando
com o tempo. Estou em silêncio, e nada direi, apenas procurarei
olhar teus olhos negros, como a treva que tomou conta de meu
coração, mas sem o brilho que vem da tua alma e jorra
pelos olhos negros, que me perseguem. Eu espero, contarei os dias, as
noites e descerei e subirei as escadas que podem me levar ao céu
ou ao inferno. Encontrei teus olhos negros pela manhã, e não
consegui dizer nada, apenas devolvi o olhar e suspirei.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
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Meu caro amigo Jair Machado, eis um texto digno de um Caio Fernando Abreu. Muito bom. Muito bom mesmo.
ResponderExcluirUm abraço.Tenhas uma ótima tarde.
Meu bom amigo e poeta Dilmar, quanta gentileza, quase explodi agora, inflou meu ego rsrs...eu apenas amo Caio Abreu com sua obra imortal, na qual sempre mergulho, minha cabeceira...Tenho tentado textos curtos, embora me falte muito, mas não busco a perfeição gramatical, mas que o que sinto possa ser visto, ou deduzido. Caro Dilmar, aconteceu na minha vida de ver Caio ao vivo, ele vivo ainda, numa feira do livro nos idos anos 80 na minha terra natal, já fazia teatro amador com amigos, e todos gostávamos daquele escritor com seus textos que nos identificávamos, que queríamos copiar e eu tive a felicidade de recitar/interpretar textos dele com duas amigas, e o que não me sai da cabeça e memória e coração até hoje, era aquele olhar cada vez que tinha uma fala, no conto Diálogo dele. Muito feliz por achares o Caio impregnado em mim, em minha escrita, meus delírios literários, minha literatura barata. Obrigado meu amigo Dilmar. Carinho respeito e abraço
ExcluirConcordo com nosso amigo Dilmar, vi um texto tenso, tão dolorido, tão bonito, tão exposto, rodeado de indagações e no final sente-se um conformismo a esperar por um tempo.
ResponderExcluirTeus textos já devem dar um livro!
Abraços, meu amigo!
Minha querida amiga Tais, como não ficar feliz diante de comentários tão lindos e amáveis. Posso parecer amargo às vezes, o que pode ser verdade rs, mas esta é a maneira que tenho encontrado, ou que consigo escrever. Gosto de sentir certo desconforto quando leio algo que já escrevi, e são minhas estas indagações, os medos, o conformismo, a esperança, apesar de tudo dizendo não...hoje meus textos tristes e deprimentes e dramáticos rs conseguem, eu consigo deixar sempre uma brecha para o bom, a luz, a fé, a espera por tempos melhores...Mas o melhor de tudo em ter este blog, são os amigos que aportam por aqui e tem algo a me dizer, sempre palavras positivas e encorajadoras. Tenho os melhores amigos e os melhores comentaristas, obrigado sempre querida amiga Tais. carinho respeito e abraço.
Excluireu sou um par de olhos verdes que queria deitar no seu colo e deixar o mundo fluir, ou talvez me enfiar entre suas coxas e deixar meu mundo de iludir
ResponderExcluirHummm...
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