“Há
algo que jamais se esclareceu
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
no deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar”
Onde foi exatamente que larguei
Naquele dia mesmo
O leão que sempre cavalguei
Lá mesmo esqueci que o destino
Sempre me quis só
no deserto sem saudade, sem remorso só
Sem amarras, barco embriagado ao mar”
by
Adriana Calcanhoto
Tenho uma querida amiga
que diz, que ao termos certa idade adulta começam as dores, e
sempre saberemos que estamos vivos, basta logo ao acordar, sentir uma
dor, este é o sinal...sempre ríamos quando falávamos disso. Hoje
entendo bem esta piadinha real. A dor prova que existo, logo penso ?
Dane-se Descartes, apenas existimos e deixamos de existir, claro,
todos temos uma existência, um tempo para ser vivido, antes da
inexistência. Existo, penso e logo inexisto. “Lá mesmo esqueci
que o destino Sempre me quis só...” No meu tempo de vida, que
ainda gozo, sempre tive amigos sinceros e de coração, mas sempre
estive só, ou melhor, ficava só, partindo para minha vida, assim
como este amigo parte para a sua. A solidão foi se tornando
inevitável e parte de minha vida. Mas não via com bons olhos, até
alguém me dizer o que represento no Tarot, ou, que sou representado
pela carta de número 9 do Tarot. Esta carta simboliza recolhimento,
meditação, autoconhecimento, iluminação, concentração,
prudência, isolamento e reavaliação. Sei que estou mais para
isolamento e reavaliação, do que os outros predicados. O fato é
que acalmou meu coração partido, costurado, remendado e quase
cicatrizado nestes longos anos que estou vivendo, e mesmo só,
adorando. “Não quero mais a morte, tenho muito que viver, vou
querer amar de novo e se não der não vou sofrer”, sussurra em
meus ouvidos esta linda melodia, Milton Nascimento. Tenho saudade
daquele tempo das amizades juvenis, brincadeiras, risos,
confidências, segredos e liberdade, muita liberdade. Escolhi meu
caminho e segui, por vezes só, por vezes acompanhado, e novamente
só, até os dias de hoje. Busco meu melhor no meu interior, lidar
com o próximo, meu maior desafio, que venho melhorando com o passar
dos anos, é uma questão profissional e de sobrevivência, pois
precisamos todos, de dinheiro para viver com um mínimo de
dignidade...o que não ocorre neste país chamado Brasil, cuja
maioria da população é pobre em contraponto a uma minoria que tem
tudo. Por isso meu casulo, o mesmo de Emily Dickinson, que serve de
morada e transformação, refugio e liberdade das asas, para partir
ou seguir seu caminho só. Como estou hoje, ainda com esperanças de
um amanhã feliz, embora meu tempo já seja tão pouco, enquanto
existo.
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