segunda-feira, 14 de maio de 2018

O AMOR NO CHÃO

Quanto tempo eu perdi, esperando que olhasse para mim, e não consegui...eu estava invisível aos teus sentimentos...que importa agora se as guerras pelo mundo proliferam e matam cada vez mais inocentes, enquanto os senhores da guerra tomam seu chá com bolinhos de granada. O mundo esta assim, pensei em dizer, mas o que importam minhas palavras se não ouves o que digo, minha voz não existe aos teus ouvidos.  Tentei contar os mortos  em apenas uma edição de qualquer telejornal, e não consegui, eram tantos. Nem tentarei levar meu coração doente para o hospital, a saúde não existe neste país, hospitais fecham, os médicos somem, e aparecem apenas em suas clinicas particulares...até meu coração parar, pois a cura que espero de ti não virá. Quanto tempo meu Deus, ainda esperarei pelo amor verdadeiro ? Não há mais tempo, não há mais vida, não há mais tempo, não há mais vida. Ligarei o rádio bem baixinho na madrugada insone, quando então ouvirei a músicas de surpresa e vou querer morrer porque o dj não tocou as músicas que gosto...o amor se espatifou ao cair no chão, me deixando sem reação, catatônico, triste, só. O amor no chão, diria o poeta Verlaine:

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Paul Verlaine, Bibi la Purée et Stéphane Mallarmé no café Procope




  • O vento da outra noite derrubou o Amor
  • Que, no mais misterioso recanto do parque,
  • Nos sorria, ao esticar malignamente o arco,
  • E cujo ar nos fez meditar com fervor!
  •  
  • O vento da outra noite derrubou-o! O mármore
  • com o sopro da manhã, disperso, gira. É triste
  • Olhar o pedestal, onde o nome do artista
  • Se lê com muito esforço à sombra de uma árvore,
  •  
  • É triste ver em pé, sozinho, o pedestal!
  • Melancólicos vêm e vão pensamentos
  • No meu sonho, onde o mais profundo sofrimento
  • Evoca um solitário futuro fatal.
  •  
  • É triste! — E mesmo tu, não é? ficas tocada
  • Plo cenário dolente, embora te divirtas
  • Com a borboleta rubra e de oiro, que se agita
  • Sobre a alameda, além, de destroços juncada.
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  • Paul Verlaine, in "Festas Galantes"
  • Tradução de Fernando Pinto do Amaral



2 comentários:

  1. Que texto lindo lá em cima, 'O amor no chão!'
    O mundo está virado e cruel, as sensações, toda a realidade, assim mesmo, pura e crua! Será esse o futuro?
    Grande abraço, meu amigo! Uma boa semana.

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    1. Minha querida amiga Tais, obrigado por tua iluminada presença, o que me deixa feliz, meu amor está no chão...
      ps. Carinho respeito e abraço.

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