quarta-feira, 20 de novembro de 2019

REFLEXO DE REFLEXO DE REFLEXO...


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Outra vez na frente do espelho e quero quebrá-lo, não quero atravessar, nem ver meu reflexo. Não gosto do que vejo, da carne gasta e prejudicada pelo tempo, e o que está lá dentro é uma negra tempestade…“A minha alma nem me lembro mais Em que esquina se perdeu Ou em que mundo se enfiou”. Muitas vezes me iludi com as luzes refletidas no espelho, atravessava e via as possibilidades de uma existência descente, livre e feliz, mas não era Alice no espelho, nem tão pouco o coelho e seu relógio, sempre com pressa. Volto pra cama e afundo minha cabeça no travesseiro, na esperança dele ter vida própria, ser um assassino e me sufocar, até acabar meu ar. Seria muita sorte ou azar. Enquanto isso preciso resolver meu tempo restante neste planeta, nesta vida. Agora sem esperanças de amar, melhor partir...“Eu não sei o que meu corpo abriga Nestas noites quentes de verão E nem me importa que mil raios partam Qualquer sentido vago de razão Eu ando tão down”. Não quero estes cabelos brancos, quero meus dentes de volta, este corpo flácido e sem força não me representa, apenas, na frente do espelho, tenho o desejo de acabar com ele. Nada se compara ao que sinto dele, não ao que vejo. Baixa estima ? Tristeza ? Solidão ? Não sei mais o que esperar. Melhor não esperar nada, principalmente do outro. Outra vez me olhando no espelho, outra vez na beira do abismo, outra vez querendo morrer...e assim se repete ad infinitum esta infelicidade

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A BOLHA

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Como podemos viver no mesmo ecossistema e sermos tão diferentes ?, mesmo assim sorrimos juntos e respiramos o mesmo ar, e até o dia de hoje não travamos nenhuma batalha de vida ou morte, apenas de palavras. Alguém um dia me disse, que palavras podem ferir mais que navalha. Duvidava disso, até te encontrar aqui, onde coabitamos, até sentir o poder de tua língua viperina, teu olhar de desprezo. Entendo, pois viemos de mundos opostos, eu vindo dos pobres e humildes e sem dinheiro no banco, nem parentes importantes. Tu, vens dos privilégios da dolce vita burguesa, dos que nascem em berços de ouro, que não sabem o que é uma pá. Mas o destino quis assim, cá estamos nós juntos, mas não unidos, dividindo, por obrigação, o mesmo espaço, respirando o mesmo ar. No silêncio, me espanto por não conseguir equilibrar nenhuma opinião, sempre tão distantes, a opinião de um, a opinião de do outro. Já cansei, apenas me calo, e tento ouvir a música que vem das profundezes dos fones de ouvido, para dentro de mim, e acalmar. A música tem o poder da cura, ela acalma até o mais exaltado, o mais raivoso, o que está abeira de um ataque de nervos...Mas o que importa nossos humores aqui dentro desta bolha ? O mundo lá fora está em chamas ou em baixo dágua. A violência assola o país e mata o povo na América Latina. Mas o que importa mesmo ? Nosso umbigo, onde queremos instalar o mundo ? O que importa se é direita ou esquerda ? o que importa é que o povo passa fome, e os burgueses...como são lindos, como são lindos os burgueses, diria Caetano. Como podemos viver no mesmo ecossistema ? O planeta é único e inseparável, juntos formamos as bactérias que destroem este planeta, mas vivemos em paz, aqui dentro dessa bolha. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

QUANDO ESTOU SÓ


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Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.

by Fernando Pessoa


"A solidão é a condição inevitável do homem."
Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de novembro de 2019

CORAÇÃO VIRTUAL

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"Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda exista amor
Pra recomeçar"

FREJAT

                                                             



CORAÇÃO VIRTUAL




Quando me inteirei da internet, já foi tarde, bem tarde. Por falta de condições de ter um aparelho celular, não poder pagar uma internet em casa, enfim, queria ficar ileso deste novos costumes. Impossível. Um amigo me presenteou com um blog, ele fez pra mim, este blog em que escrevo agora. Dito isso, posso tentar expor o que quero falar...Comecei então a escrever, na verdade sempre escrevi, sempre tive caderno de poesia, arriscava contar histórias e fazia também, meu diário desabafo, sempre tive o escrever como terapia, embora não soubesse no começo. Com o tempo, o blog foi se tornando grande, não de acessos, ou seguidores, mas grande com meus textos e os amigos virtuais que chegavam. Era uma troca linda, conhecia pessoas e seus blogs, poemas, textos, contos, fotografias e nos visitávamos. Foi então que comecei a sentir algo diferente, por pessoas que conhecia do mundo da blogosfera, virtuais, mas isso não impediu de ter sentimentos por estas pessoas, algumas. Descobri que é possível amar dentro da internet, um sentimento verdadeiro, diferente do que conhecia até então das relações via internet. Sempre achei meio carnal e não espiritual as relações via internet, o que não deixa de ser verdade. O lado ruim é que muitas pessoas acabam caindo em ciladas ao conhecer o tal ser virtual que se desejou...mas tem um lado bom, quando este ser virtual se torna real como os sentimentos devem ser, reais. Sabemos, sei de casamentos que surgiram na internet. Sei também de violências, vindas da internet. Como tudo na vida, tem o lado bom e o ruim, o que precisamos é saber e ter sorte também, para escolher o certo, o bom, que nem sempre está nos olhos da pessoa, enfim. Dito isso, preciso confessar que descobri sentimentos no mundo gelado e virtual, que pode ser quente e real. Fiz amigos pra sempre e gosto, gosto muito destas pessoas. Agora ando meio/muito afastados das pessoas, dos amigos e pessoas do mundo real, consequências de minha depressão, de meu isolamento, o que aconteceu com este blog também, pois é uma mão de duas vias, como me afastei, fatalmente, se afastaram de mim, não comento nos blogs dos outros, os outros não comentam no meu, o que não me impede de continuar com meu blog, o escrevo, agora, pra mim. E continuar visitando os blogs, mas sem comentários...Mas continuo sentindo, embora afastado de quase todos, meu coração se comunica com corações virtuais.

"...é preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã..."
                                                                 Renato Russo