Outra vez na frente do espelho e quero quebrá-lo, não quero atravessar, nem ver meu reflexo. Não gosto do que vejo, da carne gasta e prejudicada pelo tempo, e o que está lá dentro é uma negra tempestade…“A
minha
alma nem me lembro mais Em que esquina se perdeu Ou em que mundo se
enfiou”. Muitas
vezes me iludi com as luzes refletidas no espelho, atravessava e via
as possibilidades de uma existência descente, livre e feliz, mas não
era Alice no espelho, nem tão pouco o coelho e seu relógio, sempre
com pressa. Volto pra cama e afundo minha cabeça no travesseiro, na
esperança dele ter vida própria, ser um assassino e me sufocar, até
acabar meu ar. Seria muita sorte ou azar. Enquanto isso preciso
resolver meu tempo restante neste planeta, nesta vida. Agora sem
esperanças de amar, melhor partir...“Eu
não sei o que meu corpo abriga Nestas noites quentes de verão E
nem me importa que mil raios partam Qualquer sentido vago de razão
Eu ando tão down”. Não quero estes cabelos brancos, quero meus
dentes de volta, este corpo flácido e sem força não me representa,
apenas, na frente do espelho, tenho o desejo de acabar com ele. Nada
se compara ao que sinto dele,
não ao que vejo. Baixa estima ? Tristeza ? Solidão ? Não sei mais
o que esperar. Melhor não esperar nada, principalmente do outro.
Outra vez me olhando no espelho, outra vez na beira do abismo, outra
vez querendo morrer...e assim se repete ad infinitum esta
infelicidade
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
quinta-feira, 14 de novembro de 2019
A BOLHA
Como
podemos viver no mesmo ecossistema e sermos tão diferentes ?, mesmo
assim sorrimos juntos e respiramos o mesmo ar, e até o dia de hoje
não travamos nenhuma batalha de vida ou morte, apenas de palavras.
Alguém um dia me disse, que palavras podem ferir mais que navalha.
Duvidava disso, até te encontrar aqui, onde coabitamos, até sentir
o poder de tua língua viperina, teu olhar de desprezo. Entendo, pois
viemos de mundos opostos, eu vindo dos pobres e humildes e sem
dinheiro no banco, nem parentes importantes. Tu, vens dos privilégios
da dolce vita burguesa, dos que nascem em berços de ouro, que não
sabem o que é uma pá. Mas o destino quis assim, cá estamos nós
juntos, mas não unidos, dividindo, por obrigação, o mesmo espaço,
respirando o mesmo ar. No silêncio, me espanto por não conseguir
equilibrar nenhuma opinião, sempre tão distantes, a opinião de um,
a opinião de do outro. Já cansei, apenas me calo, e tento ouvir a
música que vem das profundezes dos fones de ouvido, para dentro de
mim, e acalmar. A música tem o poder da cura, ela acalma até o mais
exaltado, o mais raivoso, o que está abeira de um ataque de
nervos...Mas o que importa nossos humores aqui dentro desta bolha ? O
mundo lá fora está em chamas ou em baixo dágua. A violência
assola o país e mata o povo na América Latina. Mas o que importa
mesmo ? Nosso umbigo, onde queremos instalar o mundo ? O que importa
se é direita ou esquerda ? o que importa é que o povo passa fome, e
os burgueses...como são lindos, como são lindos os burgueses, diria
Caetano. Como podemos viver no mesmo ecossistema ? O planeta é único
e inseparável, juntos formamos as bactérias que destroem este
planeta, mas vivemos em paz, aqui dentro dessa bolha.
sexta-feira, 8 de novembro de 2019
QUANDO ESTOU SÓ
Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.
by Fernando Pessoa
"A solidão é a condição inevitável do homem."
Fernando Pessoa
terça-feira, 5 de novembro de 2019
CORAÇÃO VIRTUAL
"Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda exista amor
Pra recomeçar"
FREJAT
CORAÇÃO VIRTUAL
Quando me inteirei da
internet, já foi tarde, bem tarde. Por falta de condições de ter
um aparelho celular, não poder pagar uma internet em casa, enfim,
queria ficar ileso deste novos costumes. Impossível. Um amigo me
presenteou com um blog, ele fez pra mim, este blog em que escrevo
agora. Dito isso, posso tentar expor o que quero falar...Comecei
então a escrever, na verdade sempre escrevi, sempre tive caderno de
poesia, arriscava contar histórias e fazia também, meu diário
desabafo, sempre tive o escrever como terapia, embora não soubesse
no começo. Com o tempo, o blog foi se tornando grande, não de
acessos, ou seguidores, mas grande com meus textos e os amigos
virtuais que chegavam. Era uma troca linda, conhecia pessoas e seus
blogs, poemas, textos, contos, fotografias e nos visitávamos. Foi
então que comecei a sentir algo diferente, por pessoas que conhecia
do mundo da blogosfera, virtuais, mas isso não impediu de ter
sentimentos por estas pessoas, algumas. Descobri que é possível
amar dentro da internet, um sentimento verdadeiro, diferente do que
conhecia até então das relações via internet. Sempre achei meio
carnal e não espiritual as relações via internet, o que não deixa
de ser verdade. O lado ruim é que muitas pessoas acabam caindo em
ciladas ao conhecer o tal ser virtual que se desejou...mas tem um
lado bom, quando este ser virtual se torna real como os sentimentos
devem ser, reais. Sabemos, sei de casamentos que surgiram na
internet. Sei também de violências, vindas da internet. Como tudo
na vida, tem o lado bom e o ruim, o que precisamos é saber e ter
sorte também, para escolher o certo, o bom, que nem sempre está nos
olhos da pessoa, enfim. Dito isso, preciso confessar que descobri
sentimentos no mundo gelado e virtual, que pode ser quente e real.
Fiz amigos pra sempre e gosto, gosto muito destas pessoas. Agora ando
meio/muito afastados das pessoas, dos amigos e pessoas do mundo real,
consequências de minha depressão, de meu isolamento, o que
aconteceu com este blog também, pois é uma mão de duas vias, como
me afastei, fatalmente, se afastaram de mim, não comento nos blogs
dos outros, os outros não comentam no meu, o que não me impede de
continuar com meu blog, o escrevo, agora, pra mim. E continuar
visitando os blogs, mas sem comentários...Mas continuo sentindo,
embora afastado de quase todos, meu coração se comunica com
corações virtuais.
"...é preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã..."
Renato Russo
"...é preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã..."
Renato Russo
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