Meu psiquiatra morreu.
Ele que nunca me deixou
morrer, sempre tinha uma palavra, senão amiga, de conforto, e alguns
remédios que me deixavam leve na vida e com vontade viver,
esquecendo a morte e quem eu era de verdade, um verme terráqueo. Ele
morreu e nem me avisou, eu teria ido junto, sempre gostei de sua
companhia. Meu psiquiatra morreu, e eu aqui, vivinho da silva e
covardemente escondido atrás de minha vida, que baila ao sabor do
vento e do tempo. Lembro da última vez que ele me içou do fundo do
poço, já quase sem vida, sem ânimo, apenas me deixava ser levado
pela morte, e ele não deixou, me salvou como um herói, que era.
Agora, ao receber a notícia, algum tempo depois, apenas olho aqui do
alto do prédio, e sinto uma vontade de falar com ele, basta me
jogar...mas ele não ia gostar, e sempre fiz o que ele me disse, por
isso ainda estou vivo…
Meu psiquiatra morreu.
Kid Abelha - Nada Sei (apnéia)
Malhação
Nada
sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre
distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando enquanto tempo me deixar
Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar
Nesse mar, em segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar
Post dedicado ao dr. Carlos Eduardo de Freitas Nascente
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando enquanto tempo me deixar
Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar
Nesse mar, em segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar
Post dedicado ao dr. Carlos Eduardo de Freitas Nascente
Amigo Jair
ResponderExcluirMeu parente brasileiro,
Muito bonito este texto reflectindo a estima que nutria pelo seu médico. Deduzo que também ele seria "um bom sacerdote" na profissão que escolheu. A medicina é um sacerdócio quando exercida também com o coração. Jair, ele apenas seguiu na dianteira, o bilhete que trouxe à nascença tinha a data de partida marcada e ele seguiu, mas um dia chegará também a nossa vez, e até lá o Jair ao recordá-lo o mantém junto de si. Não esqueça nunca as suas palavras, os seus conselhos, as suas prescrições... e assim ele continuará por perto... Abraço e coragem. Dilita