Não
sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento
ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por
isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.
by Fernando Pessoa
Pessoa é maravilhoso! Bela escolha e compartilhamento,Jair! abraços, lindo dia! chica
ResponderExcluirChica do Céu, minha adorável amiga, é isso, Pessoa é maravilhoso. A poesia vai salvar minha vida, enquanto isso ela me dá sinais, me alerta, me chama para a vida, desconstrói minha ilusão de morte. Pessoa sempre chega de alguma forma para mim, trazendo à tona meus eus perdidos, para me ajudar a me encontrar. Muito agradecido por tua bondosa visita, por me ver aqui. Carinho respeito e abraço.
ExcluirJair, às vezes, parece que estamos vivendo a noite negra da alma, sem sabermos exatamente, o porque das coisas.
ResponderExcluirAh! Pessoa...
Beijos, Jair!
Querida poeta Shirley, ainda ontem fiquei encantado com um poema teu, chovia mansamente aqui quando cheguei em casa e o li, até dá vontade de esperar que batam a porta e eu abra e seja o amor, meu amor, que sinceramente, já não acredito mais. Assim me sinto hoje querida Shirley, "vivendo a noite negra da alma", minha alma. Obrigado, tua presença está importante demais hoje, não vou mais tentar o suicídio rs, brincadeira, deve ser uma leve tristeza, e espero que ela desapareça e não cresça dentro de mim. Carinho respeito e abraço.
ExcluirBoa tarde Jair, quanta saudade de ti, um grande abraço, meu amigo.
ResponderExcluirQuerida Gheni, que alegria receber teu abraço, saudade sempre, mas o mais incrível é que estava precisando de um abraço amigo, obrigado. Carinho respeito e abraço.
ExcluirBaixando teu blog vi esse poema do Pessoa! Não tinha visto. O grande, o poeta filósofo. Que bela escolha, Jair! Parece que vive hoje... Tudo nos diz respeito, tudo nos serve.
ResponderExcluirAbraços, até!
Querida Tais, que agradável surpresa te encontrar por aqui...amo Pessoa, me descubro tanto na sua poesia, e este poema é um espetáculo. Foi no dia do surto, em posto várias coisas quase que na mesma hora, uma espécie de pedido a Deus para controlar meu estado psicológico rs, mas nada de perigo, ainda tenho a poesia, a poesia não só salvará o mundo, mas me salvará (assim espero). Obrigado minha querida amiga por me fazer acreditar que nada é em vão, e aprova viva é este poema, tu vieste até ele. Carinho respeito e abraço.
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