quinta-feira, 10 de março de 2016

PENSAMENTOS DE AMOR E MORTE


rua de pedras - Rio Pardo RS

As dores da alma que carrego, de tão pesadas já não as sinto, fui perdendo pelo caminho torto que segui, onde mesmo assim encontrei Cristo. O vazio de meu coração, que após ferido perdeu todo o sangue, o vazio de meu coração. Lentamente, a passos muito lentos, me arrasto pela cidade do tempo do Império, com seus casarões e porões, que guardam o gemido de dor, as feridas do chicote ardendo ao sal, no sabor da escuridão, na falta de ar sob as paredes de pedra. Conta-se de tempos remotos, em que o respeito ao ser humano era questionável, sendo a cor uma forma de exclusão, a pele negra era escravidão. Esta cidade já existia e imprimia sua marca na história e no lombo do negro, objeto de exploração. Ouço quando caminho perto desse casarão os gemidos de dor, sinto as almas que tenho ou tive, saltarem de meus olhos em lágrimas....ao longe os badalos do sino que choram e choram por mim, pelo fim...

"O mistério do amor é maior que o mistério da morte." Oscar Wilde


...pensamentos de amor e morte poluem meu coração, menos amor e mais morte, a sombra, a ave do agouro se faz presente nas frestas de minhas fraquezas...pensamentos passam, vem e vão e eu não quero mais acordar aqui...quero viver longe, de ti, de mim, do Sol, catar os pedaços de meu coração vazio, quem sabe não guarda alguma lembrança de amor e pulse, não estando completamente morto. Quem sabe uma gota de sangue, uma gota de esperança.

6 comentários:

  1. Tudo isso é viver...
    Comovente, triste e magnífica forma de expressar tanta dor. Bjusss, meu amigo.

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    1. Obrigado querida amiga GHENI, é bem isso mesmo, só quero arrancar de dentro de mim esta dor, estas dores, e escrever é meu melhor remédio, nem sempre os melhores textos, enfim, muito obrigado mesmo, e estou vivendo ou tentando...Carinho respeito e abraço.

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  2. “Lentamente, a passos muito lentos, me arrasto pela cidade do tempo do Império, com seus casarões e porões, que guardam o gemido de dor, as feridas do chicote ardendo ao sal, no sabor da escuridão, na falta de ar sob as paredes de pedra.”

    Meu Deus... O que dizer desse texto, meu amigo Jair? Não dá para dizer nada; texto que reflete muita dor, de uma monstruosidade que foi a maior vergonha da história. A maior desumanidade, a maior das brutalidades que se espalhou por todos os cantos. Famílias separadas, filhos arrancados, dores infinitas. Deu um nó na garganta. Logo que abri disse para mim, 'que cidadezinha bonita!'. Então vi as pedras, o casarão... e a triste história. Quando comecei a ler não senti mais o chão. Diria que esse texto é o perfeito retrato de um mundo muito doente. Sempre foi. Pena você não ter deixado mais tempo na postagem anterior... Nunca é demais mostrar as coisas doentias para que o mal sirva de exemplo...
    Abraços, minha admiração, amigo!

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    1. Minha querida amiga Tais, primeiro quero agradecer-te tua presença neste post...por ser uma cidade muito antiga, dos tempos do Império, possui casarões, lindos e antigos, que sempre me fascinaram (venho para esta cidade desde pequeno, bem pequeno, pois tenho parentes aqui), mas nestes dias, caminhando pela cidade, passando por estas casas e seus porões, já não estava me sentindo muito bem, uma leve depressão me ronda, e escrever é meu melhor remédio, uma libertação, daí saiu este texto, meio cru, faltando aparar umas arestas, mas eu precisava.
      Amei tua observação, aliás, tuas palavras sempre me confortam, esclarecem, iluminam e me trazem leveza, por mais pesada que seja a missão, então tu olhou a cidadezinha lindinha e de repente, escondia uma brutalidade do passado de nosso país, achei engraçado...também acho importante saber do passado, até para podermos viver melhor o presente e não cometer os mesmos erros no futuro.
      Querida amiga, sempre um imenso prazer em recebe-la neste blog. Carinho respeito e abraço.

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  3. Acróstico

    Talvez as dores do mundo carregue
    Representadas no remoto passado
    Indene à vicissitude que então segue
    Sou dos homens o maior desolado
    Tristeza presente, não há que negue
    E a vida vai rolando como um fado.

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    1. Fado é tão triste e tão lindo meu caríssimo amigo e poeta Jair Lopes, senhor de todas as palavras...verdade, é um passado historicamente infeliz, que por vezes minha alma se manifesta, são dores que não vão parar porque o tempo passou, mas não vão impedir de se continuar a viver, da melhor forma possível, com a maior paz possível. Obrigado meu amigo pela ilustre presença neste blog que mesmo na tristeza me trás alegria, com a presença de amigos tão amáveis. Carinho respeito e abraço.

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