Subir à
tona para respirar, como fazem os mamíferos que dependem da
água para sobreviver. Enquanto sobrevivo com as migalhas de
palavras, gestos e sinais dentro do castelo. Toda minha rotina, todo
o meu não ser, enquanto permaneço dentro do castelo
de Kafka e permaneço na biblioteca, onde me torno uma traça
que não come papel, mas lê. Da biblioteca vou atá
a masmorra, pensando seriamente em me jogar no lago que cerca o
castelo, cheio de crocodilos. Olho para a rua lá de cima e
vejo o pasto verde, árvores floridas não conseguindo
identificar, a não ser olhar, olhar. Poderia ser o pássaro
que quase alcanço com a mão, mas ele foge, ele voa. Se
eu pudesse voar, não estaria aqui, fugiria para as alturas,
faria um ninho e criaria meus passarinhos, ou, meus filhos com asas.
Mas o barulho estrondoso no porão, me chama a atenção.
Não identifico, se é humano, ou um animal, ou uma
máquina de tortura; mas quem estaria sendo torturado ? Melhor
voltar para a biblioteca e entrar em algum livro, em que o cheiro me
transportará para além das cercanias deste castelo,
preto e branco. Não encontro mais o caminho de volta, muitas
escadas a me confundir, salas, quartos e salões, deixam-me
tonto e cansado. Sinto que desço, agora sem minha vontade,
simplesmente desço, quase não conseguindo
respirar...devo subir à tona ou acordar...
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
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Kafkando
ResponderExcluirLá longe vem Jair Gregor Sansom
Num terror que nada explica a parada
Não existe redenção, nem nada bom
Na figura dessa traça ou do nada.
Neste conto o Jair é uma traça
A qual se impõe poderosa, enigmática
Enquanto, na vida não há o que faça
Um non sense virtual, nessa prática.
E, metafórico, monta equação
A qual queima pestanas do leitor
Deixando-a sem qualquer solução.
Nos lega vero teatro de horror.
Com esta Kafkiana criação
Pra sublimar demônio interior.
Meu bom amigo Jair Lopes, amigo e amante das palavras, meu senhor de todas, todas as palavras...completamente metafórico, mas mesmo assim consegues ver os motivos, a dor que está por baixo ou dentro do texto. O Castelo, obra prima de Kafka, por vezes sinto-me dentro de um castelo ou casulo, nem sempre com vontade própria, por isso meu amigo, te digo, não sei como, mas consegues passear por minhas entrelinhas. Teu soneto lindo e acaba por me desnudar:
Excluir"Nos lega vero teatro de horror.
Com esta Kafkiana criação
Pra sublimar demônio interior."
Escrever é minha única maneira de expulsar meus demônios, que não são meus, mas vivem a me espreitar, para a qualquer momento meu de fraqueza, fazer com que eu morra em meu próprio vômito, então escrevo antes, meu salvo conduto. Obrigado meu grande amigo, o que seria de mim sem teus acrósticos, sonetos, até mesmo uma palavra para fazer este blogueiro feliz, com tua nobre presença. Carinho respeito e abraço.
Acorde... pq acordar é subir a tona...
ResponderExcluirBeijos...
Queridíssima Frida, acordei e respirei, e as palavras já estavam unidas formando este post. Então consegui expelir o que me incomodava, transformando angústias em pequenos contos, ficcionais ou não ? Agora acordado poderei seguir com meu plano, que é viver. Sempre muito feliz com tua iluminada presença querida Frida. Carinho respeito e abraço.
ExcluirUma bonita foto. Gostava de fotografar esse castelo.... rsrsrs
ResponderExcluirAbraço
Meu querido fotógrafo mágico, estive a te visitar e como sempre lavei meus olhos, minha alma. Imagino o que tu não farias com um castelo desses para tuas lentes e teu olhar que encontra o simples, belo e complexo ao mesmo tempo. Obrigado pela visita meu caro amigo de além mar, Rui. Carinho respeito e abraço.
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