"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana.
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso." by Fernando Pessoa
Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso." by Fernando Pessoa
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu
by Fernando Pessoa
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu ?"
Deus sabe, porque o escreveu
by Fernando Pessoa
Digo eu:
ResponderExcluirNão digo sequer que alguma alma me foi dada.
Porquanto isto é matéria a ser dicutida
Pois que, dizem, sem alma não existe vida
Então, almas pra nós, é uma para cada.
Porém, há certos homens, ditos desalmados
Que vagando pelo Planeta, a gente vê
É de se perguntar: como, quando e porquê
Serão eles mais justos, ou amaldiçoados?
Como acrerditar nela quando não a vejo?
Porém, sem ela, continuo sendo eu?
Ou serei então vítima de mero despejo?
Como sinto este corpo sendo apenas meu
Vivo nele tranquilo e feliz de sobejo
E pouco ligo se minha'lma já morreu.
Meu querido amigo Jair Lopes, senhor de todas as palavras, sempre que tou dividido recorro ao mestre Fernando Pessoa, ele era tantos em um, daí faz com que eu procure o caminha da poesia para salvar minha vida dividida, aqueles outros eu, que brigam entre si, dentro de mim, me fazendo perder o rumo, me fazendo me perder de minha alma. Obrigado por teu comentário poético, sempre me encanto com tua poesia. Carinho respeito e abraço.
ExcluirCaros amigos Jair Machado e Jair Lopes, Fernando Pessoa é um monumento da literatura portuguesa, quiçá universal.
ResponderExcluirUm abração. Tenhas uma ótima tarde.
Meu bom amigo Dilmar, sempre muito agradecido por tua presença que tanta alegria me trás...Pessoa é universal, com respeito aos outros tantos poetas que amo e respeito. É preciso beber nesta fonte para fluir a inspiração. Minha alma ? Sei lá...Carinho respeito e abraço.
Excluir