terça-feira, 19 de dezembro de 2017

LEVE DESESPERO

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LEVE DESESPERO

Eu não consigo mais me concentrar
Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
É importante, todos me dizem
Mas nada me acontece como eu queria

Estou perdido, sei que estou
Cego para assuntos banais
Problemas do cotidiano
Eu já não sei como resolver

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Então é outra noite num bar
Um copo atrás do outro
Procuro trocados no meu bolso
Dá pra me arrumar um cigarro?

Eu não consigo mais me concentrar
Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
Já estou vendo TV como companhia

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Talvez se você entendesse
O que está acontecendo
Poderia me explicar
Eu não saio do meu canto
As paredes me impedem
Eu só queria me divertir

As paredes me impedem
Eu já estou vendo TV como companhia

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

by Capital Inicial

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

AFOGAVA-ME

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Ana Cristina Cesar

FINAL DE UMA ODE

Acontece assim: tiro as pernas do balcão de onde via um sol de inverno se pondo no Tejo e saio de fininho dolorosamente dobradas as costas e segurando o queixo e a boca com uma das mãos. Sacudo a cabeça e o tronco incontrolavelmente, mas de maneira curta, curta, entendem? Eu estava dando gargalhadinhas e agora estou sofrendo nosso próximo falecimento, minhas gargalhadinhas evoluíram para um sofrimento meio nojento, meio ocasional, sinto uma dó extrema do rato que se fere no porão, ai que outra dor súbita, ai que estranheza e que lusitano torpor me atira de braços abertos sobre as ripas do cais ou do palco ou do quartinho. Quisera dividir o corpo em heterônimos – medito aqui no chão, imóvel tóxico do tempo

by Ana Cristina Cesar.

ela quis
queria me matar
quererá ainda, querida?

Queria falar da morte
e sua juventude me afagava.
Uma estabanada, alvíssima,
um palito. Entre dentes
não maldizia a distração
elétrica, beleza ossuda
al mare. Afogava-me.

by Ana Cristina Cesar

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

PEQUENOS SUICÍDIOS



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Meus pequenos suicídios de todo dia, só confirmam quanto tempo tive, 50 anos, e quanto tempo terei, mas só vejo um horizonte de mar, de rochas, de campos para logo cair num precipício sem fim. Onde todos os poemas tristes fazem uma cama fofa para receber meu corpo inerte...esta visão me persegue desde o dia em que nasci, assim como a morte. Gostaria de acordar para uma vida feliz, mas felicidade nunca foi meu forte e nunca muito presente em minha vida, mas sorrio mesmo assim...como diria Renata, uma amiga da juventude: eu sofro mas dou risada, eu sofro mas dou risada, e todos ríamos, porque quando se é jovem, nos iludimos bastante, eu pelo menos, fui um adolescente iludido com o mundo,  achando que havia um lugar para mim, mas não há. Quando começaram meus pequenos suicídios, num ensaio para o maior, era bebê de colo, minha mâe conta que me deixou por pouco tempo na cama dela, e quando se virou, eu já estava no chão, sem prejuízo, disse minha mãe, havia um tapete bem fofo. Ao longo da vida alternei momentos que esquecia da morte e outros ela se fazia presente, sempre me espreitando, por onde tivesse uma brecha. Assim cresci, com a sombra da morte e vários pequenos suicídios foram cometidos por mim, mas me safei de todos até agora, o próximo será suicídio virtual, não sei se neste blog ou no facebook...por hora aprecio o suicídio do Sol todos os dias no Guaíba...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

...E O FRIO QUE FAZIA



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SOLITÁRIO
 
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —

Levando apenas na tumbas carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

by Augusto dos Anjos

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

CADA PESSOA COM SUA EXISTÊNCIA


         

           O grande círculo está fechado e eu estou de fora, apenas observando o vento forte, e o ricochetear das ondas, nas pedras do cais. Quem poderia imaginar que após longos anos, fariam um encontro dos 20 anos de formatura...eu já havia me colocado de fora do círculo, o grande círculo que tudo prende e nada solta, apenas deixam ali, os de cá e os de lá. Consigo sorrir para o espelho e ter um sorriso de volta, mesmo que o espelho minta, mesmo que ele se parta em mil pedaços. Mil pedaços foi o que restou de mim, do meu coração, da minha alma.

          Éramos crianças brincando ao redor da fonte, jogando moedas e fazendo pedidos – lembro de só querer concluir o curso, me formar, para então deixar definitivamente o círculo, que já deixei, e me afastar o máximo possível, mais que 20 anos, mais que toda vida, que toda estrada longa da vida (citação sertanejo raiz) . Cinco anos se passaram e não voltam mais, e o tempo se encarregará de passar uma borracha, apenas leves e poucas lembranças, quando por obra do destino cruzar com alguém daquela época, Vivíamos um mundo adulto, como crianças em bancos escolares. Até que foi divertido, afinal todos tínhamos o mesmo objetivo, concluir o curso.

          E por entre uns livros que arrumava no sótão, encontrei o convite da formatura, o que dei para meus pais, que ficaram muito felizes, afinal um filho com curso superior...e nele tinha um pequeno texto, que não foi citado o autor e dizia assim:



Aos colegas


Cada pessoa em sua existência pode ter duas atitudes:

construir ou plantar.

Os construtores podem demorar anos em suas tarefas, mas um

dia terminam o que estavam fazendo. Então, param e ficam

limitados por suas próprias paredes. A vida será sem sentido

quando a construção acabar.

Mas existem os que plantam, Estes, às vezes, sofrem com a

, tempestade, raramente descansam: mas ao contrário do

edifício, o jardim também lhes permite que a vida seja uma

grande aventura.

Os jardineiros se reconhecem entre si, porque sabem que na

história de cada planta, está o crescimento de toda a terra.





          Isto deixou bem claro a nossa relação, não éramos amigos, éramos colegas e só, naquele período de cinco anos, depois no máximo adversários, pois concluído o curso, cada qual seguiu seu destino...


segunda-feira, 20 de novembro de 2017

20 DE NOVEMBRO - DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA

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Diamba

Negro velho fuma diamba
para amassar a memória
O que é bom fica lá longe...
Os olhos vão-se embora pra longe
O ouvido de repente parou


Com mais uma pitada
o chão perdeu o fundo
Negro escorregou
Caiu no meio da África
Então apareceu do fundo da floresta
uma tropa de elefantes enormes
trotando
Cinqüenta elefantes
puxando uma lagoa
– Para onde vão levar esta lagoa?
Está derramando água no caminho
A água no caminho juntou
correu correu
fez o rio Congo

Águas tristes gemeram
e as estrelas choraram
– Aquele navio veio buscar o rio Congo!
Então as florestas se reuniram
e emprestaram um pouco de sombras pro rio Congo dormir
Os coqueiros debruçaram-se na praia
para dizer adeus

by Raul Bopp


ps."Em 1932, Bopp publicou o livro Urucungo – poemas negros, coleção de poesias que buscam retratar a história dos negros no Brasil, desde o sequestro na África até os primeiros anos após a abolição da escravatura. "

 
 

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

DISSESTE TUDO AO DIZER


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Disseste tudo ao dizer:
 Quando a ausência de mim
Fizer presença em meu ser,
Visitarei a mim mesmo,
Para não me afastar de você.

Quando o peso do dever
Em mim soterrar a alma
Entre os escombros da vida,
Quero flutuar qual pluma
Na leve brisa da calma.

Quando o dizer tiver o poder
De revelar o que não quero,
Paro a pluma, guardo a voz,
Me rebelo no silêncio
Para me manter sincero.

Antes da noção do certo
Se revelar um engano,
Saio do cotidiano:
Adentro em outras rotinas,
Noutros mares vou pescar.

Não quero porto seguro,
Só âncora, vela e mar.
Âncora para ser meu porto,
Vela para me levar,
Mar para, no litoral,
As minhas ondas quebrar.

by Rubem Alves

terça-feira, 14 de novembro de 2017

CAOS E REDENÇÃO





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"Aqui nessa casa ninguém quer a sua boa educação
Nos dias que tem comida, comemos comida com a mão.
E quando a polícia, a doença, à distância ou alguma discussão.
Nos separam de um irmão,
Sentimos que nunca acaba de caber mais dor no coração.
Mas não choramos à toa,
Não choramos à toa."



by Arnaldo Antunes



 
A hipocrisia nossa de cada dia e o beijo traiçoeiro de Judas nos dizem que o tempo é de dor, esquecimento e falta. Vi o homem de arrasto mendigando um vintém e não tive coragem de me aproximar, pois o pouco que me resta, talvez não consiga pagar minha próxima refeição. Quando olhei em seus olhos de fome e socorro, vi um mundo que desaba a cada tremor de terra, levando de volta aqueles que um dia eram vida, agora terra e pó. Todas as crianças do mundo perdidas nas terras de nunca; nunca o amor, nunca a brincadeira, nunca aprender a ler, ver e ouvir; apenas crianças, sem pais, sem destino e uma única sina: vagar pelas terras secas e improdutivas deste planeta, servindo aos abusadores de almas inocentes. Acordado no pesadelo, percebo as bombas ou a bomba, única e poderosa e destruidora…






"Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto de bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto"

by Adriana Calcanhoto



Chegará o dia em que não teremos mais pão, nem para onde ir; dias de sono, sangue e destruição. Alguns conseguirão isolar-se em câmaras subterrâneas, que logo serão contaminadas pelo veneno que escorre pelos rios, pelas matas, penetrando fundo na terra.

Contaram-me uma história de uma linda floresta chamada Amazônia, que não existe mais, ou restam algumas árvores que não conseguiram derrubar, árvores fortes e poderosas, resistindo a tudo e a todos e a todas as formas de destruição. Naquele tempo que existia a Amazônia, tínhamos oxigênio e todos respirávamos, agora pessoas estão morrendo, asfixiadas na falta de ar, de amor, de compaixão. E assim veremos o fim de outra raça na superfície do Planeta Terra.
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"Cada dia me traz com que esperar
O que dia nenhum poderá dar.
Cada dia me cansa da esperança...
Mas viver é esperar e se cansar"

by Fernando Pessoa


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

INTROSPECTOJAIR

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50 anos é sim uma boa medida para metade da vida. Hoje quantas pessoas chegam aos 100 anos ? Poucas. Raras. Então estou a passos largos para a morte. Não é pessimismo, é constatação. É fato. E quem foi que falou na melhor idade ? Só se for pra morrer. Mas não posso deixar de constatar meu amadurecimento, que está por um tris com este post. Hoje sei bem o que me satisfaz, e o que não tenho e que não terei nesta passagem in albis pela Terra. Os sonhos guardo todas as manhãs, quando acordo, numa caixinha que vai para o fundo do baú, onde poderei encontrar o silêncio e o isolamento. Distante das tentações da vida e da vida em si. Porque me expor ao Sol, se vou derreter, ou à Lua se posso sair uivando como um lobo. Só sei que nada sei, disse uma vez o filósofo, e eu repito para minha alma, que nada sabe. É o peso do tempo e da idade, que me concedem a maturidade necessária para viver entre os demais, sem que haja atrito, sem que haja morte ou tristeza. Nestes 50 anos não vivi um amor verdadeiro, pois continuo em meu casulo, me protegendo, dos ventos, da sorte e do azar...me protegendo dos olhos que um dia eu me vi através deles e agora é só uma lembrança distante, perdida. Fechado em meu mundo de livros, músicas e silêncios. Não ouço meus passos, flutuo sobre os cacos de louça esparramados por minha cozinha, e não vejo o pão que mofa sobre a mesa, mas vejo a violeta que fica na janela, me olhando e perdendo sua cor, se deixando sugar pelo tempo, pelo calor, pelo desejo de ter cor outra vez...mas depois dos 50 anos começamos a desbotar, a ter pressão alta e operações, deixando cicatrizes pelo corpo imaculado, agora jogado ao tempo para cumprir seu destino, o que resta dele...


"Que venham os anos.
Pretendo comê-los com sabedoria e um pouco de vitamina E."

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

ENTÃO QUERES SER UM ESCRITOR

se não sai de ti a explodir
apesar de tudo,
não o faças.
a menos que saia sem perguntar do teu
coração, da tua cabeça, da tua boca
das tuas entranhas,
não o faças.
se tens que estar horas sentado
a olhar para um ecrã de computador
ou curvado sobre a tua
máquina de escrever
procurando as palavras,
não o faças.
se o fazes por dinheiro ou
fama,
não o faças.
se o fazes para teres
mulheres na tua cama,
não o faças.
se tens que te sentar e
reescrever uma e outra vez,
não o faças.
se dá trabalho só pensar em fazê-lo,
não o faças.
se tentas escrever como outros escreveram,
não o faças.
se tens que esperar para que saia de ti
a gritar,
então espera pacientemente.
se nunca sair de ti a gritar,
faz outra coisa.
se tens que o ler primeiro à tua mulher
ou namorada ou namorado
ou pais ou a quem quer que seja,
não estás preparado.
não sejas como muitos escritores,
não sejas como milhares de
pessoas que se consideram escritores,
não sejas chato nem aborrecido e
pedante, não te consumas com auto-devoção.
as bibliotecas de todo o mundo têm
bocejado até
adormecer
com os da tua espécie.
não sejas mais um.
não o faças.
a menos que saia da
tua alma como um míssil,
a menos que o estar parado
te leve à loucura ou
ao suicídio ou homicídio,
não o faças.
a menos que o sol dentro de ti
te queime as tripas,
não o faças.
quando chegar mesmo a altura,
e se foste escolhido,
vai acontecer
por si só e continuará a acontecer
até que tu morras ou morra em ti.
não há outra alternativa.
e nunca houve.



by Charles Bukowski

Tradução: Manuel A. Domingos

SEGUNDA CANÇÃO DE MUITO LONGE


Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro…
Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa…
Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomes uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos, o muro do quintal, que limitava o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas…
Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos…
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os cachorros,
O chiar das chaleiras…
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar o Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!…
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!

by Mário Quintana

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

SERÁ QUE SOU MEDIEVAL



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Segundo a evolução darwinista, o ser humano foi se transformando até chegar onde estamos, bípedes...mas algo está errado, ou continuamos em processo de transformação. Chegamos ao auge da civilização moderna, e me parece que estamos em franca decadência, porque o moderno está dando lugar às trevas, estamos retrocedendo, nas atitudes, nas opiniões, nos valores. O homem que iniciou quadrupede, agora bídepe está começando uma nova era, a era digital, então o homem está com a cabeça baixa, arcado, como se buscasse novamente o solo, retrocedendo até engatinhar novamente (com as tecnologias cada vez mais práticas, carregamos nas mãos) e ao contrário do que se pensa e quer, logo estaremos engatinhando, de volta ao passado. Introspectivo, a palavra que poderia me definir nestes tempos em que a luz da razão esta sendo invadida pelas trevas da ignorância. Um policiamento como tempos atrás, em que este país enfrentou uma ditadura militar. Pela moral e bons costumes, adentramos no mundo das trevas.   Me pergunto: será que sou medieval?

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CAZUZA














Medieval II



Você me pede pra eu ser mais moderno
Que culpa que eu tenho
É só você que eu quero

As vezes eu amo e construo castelos
As vezes eu amo tanto que tiro férias
E embarco num tour pro inferno

Será que eu sou Medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova idade média.
Na mídia da novidade média.

Olha pra mim, me dê a mão, depois um beijo
Em homenagem a toda distância e desejo
Mora em mim que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar as mãos vazias nem pedras

Eu acredito nas besteiras que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado português sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos,
Mas a minha vida sempre brinca comigo,
De porre em porre vai me desmentindo

Será que eu sou Medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova idade média.
Na mídia da novidade média.



by Cazuza


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

TODA VEZ...


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"Every time I think of you
I feel a shot right through into a bolt os blue"
Toda vez que penso em você...
...eu sinto passar por mim um raio de tristeza, que atinge apenas o caminho por onde ando, atraído por alguma árvore que se sacrifica por mim. Mesmo que eu chore, não conseguirei traze-la de volta à vida, como nunca terei em meus braços, apenas nesta memória difusa e perdendo-se com o tempo. Mesmo que os furacões levem casas, homens e memórias, mesmo que o chão se abra sob meus pés. Ouvir tua voz de indiferença acendeu meu alerta vermelho. Homens ao mar, crianças e mulheres. Há muito abandonei a embarcação, mesmo antes do final trágico deste destino, já andava `a deriva no meu inconsciente, este mar infinito dentro de mim. Densos ventos avançam mar a dentro, mar a fora, em todas as ilhas, em todo meu infinito inconsciente, que retira-se, como uma tartaruga se esconde no casco, como os cavalos marinhos que guardam dentro de si, os filhotes. Pensar e sonhar e escrever me faz um forte, com a resistência da esperança, embora toda vez que penso em você, sinto que o mundo treme abalado pela bomba H., quando explodir, exterminando seres vivos, violentando as crianças, chutando os animais...neste mesmo tempo começa a caçada as bruxas: o que devo ver, o que não devo ver...assim com as desculpas de moralidade, acham-se no direito de proibir exposição de arte, mesmo que na calada da noite, nossos políticos, que estão longe, muito longe da honestidade e decência, nos proibam de criticá-los, com leis aprovadas na indiferença do povo, mas que fortalece o que já está implantado, qual seja, ferrar quem trabalha honestamente "e agora não tem mais direito a nada..."*eu sinto, eu sinto muito pensar em ti e perceber que acabou há muito tempo, todo o amor que dediquei em vão, que se esgotou em si mesmo, secando meu coração. Toda vez...

"Why can't we be ourselves like we were yesterday" (Porque não podemos ser nós mesmos como fomos ontem). by New Order
*Legião Urbana


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

MEU BLOG

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21 de setembro, dia da árvore


Meu blog, minhas dores... e felicidades também. Quando deixei de existir como um peixe que some no mar ou pássaro no céu infinito, esqueci de dizer que um dia amei, amei tanto que meu coração explodiu e nunca mais ninguém ocupou este espaço vazio. Tento andar pelas cidades, misturando-me aos transeuntes, para ser visto ou ignorado. As cartas que escrevo e mando para lugar nenhum, não recebo respostas, apenas espero, parado como água de poço, e profundo, tão profundo que não consigo mais respirar, apenas observo a luz que deixou de existir há muitos anos luz daqui, como estrelas, cadentes e que não existem mais. Sou uma estrela morta, cuja luz se perdeu nas trevas da imensidão do   inconsciente ou do universo. Escreverei os mais lindos versos na areia, só para ver o mar engolir todas as palavras, como minha vida que se perde mais a cada dia... "todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou..." e só carrego comigo lembranças desbotadas pelo esquecimento. Os dias, os tempos, os anos, nada disso importa mais que o vento que sopra para longe todos os desejos contidos, esperanças falhas, ódios vencidos...meu blog, minhas dores...

VAMOS FAZER UM POEMA

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CONVITE TRISTE

Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.

Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.

Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.

Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.

Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros sequestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.
 
 by Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

NASCERÁ UMA FLOR AMARELA


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GIRASSOL


A FAVOR DA COMUNIDADE, QUE ESPERA O BLOCO PASSAR
NINGUÉM FICA NA SOLIDÃO
EMBARCA COM SUAS DORES PRA LONGE DO SEU LUGAR
A FAVOR DA COMUNIDADE, QUE ESPERA O BLOCO PASSAR
NINGUÉM FICA NA SOLIDÃO O BLOCO VAI TE LEVAR
NINGUÉM FICA NA SOLIDÃO

A VERDADE PROVA QUE O TEMPO É O SENHOR
DOS DOIS DESTINOS, DOS DOIS DESTINOS
JÁ QUE PRA SER HOMEM TEM QUE TER
A GRANDEZA DE UM MENINO, DE UM MENINO
NO CORAÇÃO DE QUEM FAZ A GUERRA
NASCERÁ UMA FLOR AMARELA
COMO UM GIRASSOL
COMO UM GIRASSOL
COMO UM GIRASSOL AMARELO, AMARELO

TODO DIA, TODA HORA, NA BATIDA DA EVOLUÇÃO
A HARMONIA DO PASSISTA VAI ENCANTAR A AVENIDA
E TODO O POVO VAI SORRIR, SORRIR, SORRIR
E TODO O POVO VAI SORRIR

by Cidade Negra

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A GRANDE TRISTEZA


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Ouvi falar da grande tristeza, não sei se em sonho, telejornal ou li em algum livro ou lugar, mas sinto seu olhar sobre mim, meus passos e meu humor. O dia esta cinzento e indefinido, existe um vento que murmura pragas e agouros enquanto passa em meu rosto como uma mortalha fria, que seca meu suor. O coração esta batendo forte, estou vivo e insatisfeito com o que tenho, com o que sou ou o que me tornei. Sempre li poemas de amor e todos cheiravam a morte e sangue. Outros poemas me falavam de liberdade e escravidão, o que faz aumentar minha grande tristeza, por ter uma vida acorrentada aos costumes e manias de uma geração que não sabe se vai ou se vem. Uma geração que pensa para trás, buscando dogmas que nos prendam e nos calem, restando uma grande dor, que nos leva a grande tristeza. Meio dia, no meio do dia, atravesso a cidade, com seus casarões e porões de medo e açoite. Mesmo que a dor física exista, ela não é nada comparada a esta solidão angustiante, que nos deixa a grande tristeza, que espreita, me espreita. Entre as flores e dores e cores, situo meu estado de espírito, mas já não há ninguém na sala para conversar. Novamente o silêncio, aquele que já me acostumei e suspiro fundo, sem que ninguém ouça. Também posso rir de mim mesmo olhando no espelho e vendo este reflexo de fragilidade, que é o que tenho agora, o que sou agora, frágil como um cristal que cai no piso de metal, frágil como uma floresta de coqueiros diante de uma tempestade, com ventos violentos, serão dobrados até quebrar ou arrancados do solo, como os poderosos furacões. Juntando os cacos do cristal no metal, corto meu dedo e vejo o sangue que jorra, mesmo tentando bebê-lo, não consigo. Apenas um grande risco vermelho, na imensidão cinza onde a grande tristeza deixará de existir e transformar-se-a em um lindo arco iris, que deixará de existir, sem nos mostrar o caminho da panela de ouro.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

PARECIA QUE IA DURAR

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TEMPORAL

Chega simples como um temporal
Parecia que ia durar
Tantas placas e tantos sinais
Já não sei por onde caminhar

E quando olhei no espelho
Eu vi meu rosto e já não reconheci
E então vi minha história
Tão clara em cada marca que tava ali

Se o tempo hoje vai depressa
Não tá em minhas mãos
Cada minuto me interessa
Me resolvendo ou não

Quero uma fermata que possa fazer
Agora o tempo me obedecer
E só então eu deixo
Os medos e as armas


Eu deixo os medos e as armas
Eu deixo os medos e as armas pra trás
E as armas pra trás
E as armas pra trás

 by Pitty

UMA PALAVRA CAÍDA

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TIMIDEZ

Basta-me um pequeno gesto,
 feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…

e um dia me acabarei.

by Cecília Meireles

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

FLORES AMARELAS


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Sim, são os ipês amarelos que chegaram junto de setembro e tingiram esta rua, de flores que voam das árvores com o vento. Observei atentamente, existe um desinteresse coletivo por tudo que diga respeito a realidade crua e nua do dia a dia. Não sei se mais alguém observou estas árvores ontem carecas, cadavéricas e hoje com este esplendor amarelo de suas flores. Os dias passam e nada nos dizem, apenas se pode sentir o cheiro de sangue no ar. Mais flores, mais cores, mais vida… amenizam o sofrimento da alma, diante de tanta dor, morte, doença e fome no mundo. Existem jardins com as mais diversas flores e cores, e existem pessoas que fogem de casa deixando tudo para trás, pode ser fuga de guerras e também das catástrofes naturais. A natureza fica nos mandando sinais com fenômenos ainda suportáveis pelo ser humano. Também poderemos perder nossas casas se uma bomba explodir o mundo. Me permito ficar próximo desta bela árvore, que está sempre ali, mas hoje eu a vi por inteiro, via sua alma, seus galhos secos e suas doces flores amarelas que se deixavam quedar com a brisa que sopra, anunciando que logo teremos uma primavera...

Congresso Internacional do Medo

 Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

by Carlos DrumMond de Andrade

terça-feira, 22 de agosto de 2017

PÉROLA NEGRA

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Tente passar pelo que estou passando
Tente apagar este teu novo engano
Tente me amar pois estou te amando
Baby, te amo, nem sei se te amo

Tente usar a roupa que estou usando
Tente esquecer em que ano estamos
Arranje algum sangue, escreva num pano
Pérola Negra, te amo, te amo

Rasgue a camisa, enxugue meu pranto
Como prova de amor mostre teu novo canto
Escreva num quadro em palavras gigantes
Pérola Negra, te amo, te amo

Tente entender tudo mais sobre o sexo
Peça meu livro querendo eu te empresto
Se inteire da coisa sem haver engano
Baby te amo, nem sei se te amo

Baby te amo, nem sei se te amo
Baby te amo, nem sei se te amo

by Luis Melodia

terça-feira, 15 de agosto de 2017

"UM POEMA ABRE UMA JANELA"

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Às vezes precisamos passar por situações que nós mesmos provocamos, para termos a certeza que foi um equívoco, um erro de nossa parte. Eu cometi um, tirando os comentários do meu blog, a parte que mais gosto (auto flagelo ?). Mas me sentia só e abandonado até    pelos meus reais amigos virtuais, coisa da minha cabeça. O bom foi que não parei de escrever, meu velho humor negro rss...Mas     foi     justamente  a amizade, os amigos que me mostraram  quanto estava errado, ninguém é feliz sozinho diria     João Gilberto. Mas existe a solidão, aquela que talvez não escolhemos, mas nos vemos sós, a casa vazia, os parentes se foram e os vivos esqueceram. Mas quando um amigo lembra e nos liga só para saber das últimas, das conversas bobas que terminam em risadas, ou um email perguntando   onde ando e como estou. Aí está o valor da amizade. Andei duvidando, mas não pelos amigos, mas por mim...Agora sei que não estou sozinho, sempre tenho Deus no meu coração e Ele não deixa as verdadeiras amizades me esqueceram. Tenho amigos sim e amo cada um deles com o amor que me amam. Talvez viver sozinho seja uma escolha, uma necessidade momentânea. Embora hoje esteja só, não crio expectativas de um futuro   cheio de gente, mas quem sabe alguém para me cobrir depois que eu dormir ou me acordar com um beijo.... mais  Mário Quintana: 

Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada,
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas têm ritmo —
para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.