Dias
nostálgicos aqui deste lado dos campos, deste planalto...um
verde infinito, interrompido por terras prontas para o plantio. Do
alto parecia que o campo sangrava, mas logo se colheria o que se
haveria plantado. Tudo é muito relativo, por um olhar
junguiano. O Sol brilha num céu azul cor de anil,
estranhamente feliz nestes dias de inverno. Que é quando meu
coração ao invés de continuar hibernando,
desperta para as doces e amargas lembranças de um amor que era
vidro e se quebrou, e eu não soube existir, fugi correndo, sem
entender o que sentia e como lidar com esta felicidade que
emanava de outra pessoa, agora com poderes sobre mim...um tanto de
mágoa agora aos 50 anos, já no fim, sem ter amado de
verdade. Posso entender o que meu terapeuta tenta achar nas minhas
tristezas e depressões insolúveis: dor, mágoa,
tudo que poderia ter sido e não foi, e não fui eu o
escolhido. Lamento tanto passar in albis para o amor nesta
existência, que me consome e leva um pouco de minha vida, todo
dia, para o inevitável fim Neruda, Vinicius, os poetas do
romantismo brasileiro, que morriam de amor e tosse ao 21 anos. Como
os invejei, mas entrei em pânico próximo aos 21 anos,
achando que iria morrer...até o anjo-poeta Quintana, falou do
amor, um amor que não passa de puro abstrato na minha vida.
Teoria poética, o resto é dor.
Soneto do Amor Total
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude
by Vinicius de Moraes