Somos tão distantes uns dos outros, inventamos caminhos distraídos. Conexões perdidas entre as raízes das árvores. Sim, elas se comunicam, agora eu sei, e “só as árvores são naturais, o resto é fruto da mente do homem”. Comecei assim minha caminhada, de árvore em árvore. No início eram brincadeiras, balanços, navios e naves espaciais. Depois o entrincheiramento, a fuga e o esconderijo...sobre árvores brinquei minha infância, no alto, distante de quase todos, existiam os meninos perdidos, que sempre estavam sobre árvores, e por vezes, os encontrei e brinquei, mas distantes uns dos outros. Corpos estranhos em lugar comum a todos. Não adianta uma multidão, se te sentes só. Como diz aquela canção de um suicida: “quando a rotina pesada e as ambições são pequenas, e o ressentimento voa alto, mas as emoções não crescem. E estamos mudando nossos caminhos, pegando estradas diferentes”. Somos tão distantes e estranhos uns aos outros. Inventamos caminhos de amor e morte e desculpas para não olhar nos olhos. Negamos respostas que se encontram dentro de nós, mas não sentimos nem vemos. Seguimos caminhos entre árvores, que se colocam lado a lado, em pares, unidas pelas raízes do amor eterno, e resistem ao tempo e as tempestades, aos raios que teimam em se atrair por elas, matando uma, morre de amor a outra. Menos oxigênio, pouco a pouco, pois nossas conexões não são fiéis como as árvores, e apesar do tempo gasto entre nós, estranhos e individualistas, nada mudará este estado, esta forma de viver. Somos tão distantes e estranhos uns dos outros.
"When routine bites hard and ambitions are low
and resentment rides high but emotions won't grow
And we're changing our ways
taking different roads"
by Joy Division