quinta-feira, 20 de julho de 2017

UM SORRISO DE DEUS


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Sobretudo preto e pesado, a cabeça careca, uma manta enrola o pescoço, os passos são firmes. Pisando com suas botinas de velhos tempos e guerras, que sobrevive graças ao conhecimento de sapataria. Esta botina é para sempre, ele pensava. O inverno pousa e cobre com suas asas geladas a vida. Sob sua cabeça careca um céu azul claro anil cintilante, com um Sol esparramado, livre de tudo e de todas as nuvens. É preciso cortar a carne, arrancar o mal que brotou de nosso próprio sangue, de nosso próprio destino. Os passos rápidos, logo se confundem com uma respiração ofegante, e uma taquicardia...sempre pensa da possibilidade da morte. A qualquer momento ou instante, condenado ou não por alguma doença. Vivemos para morrer, pensou em um pequeno delírio, enquanto desacelerava o passo. Sente o pulsar de seu coração. Agora parado e olhando o céu sem fim, sem fim ele pensou, eternizado no céu ou no blog que será corroído pelos cupins virtuais do tempo. O sobretudo pesado, jaz no chão. Deitado, não conseguia não olhar para cima, como se procurasse salvação ou um sorriso de Deus, e nuvens em forma de carneirinhos, deixando assim, de tomar os barbitúricos. O Sol, o Céu, o frio invernal, tudo se mistura no seu olhar que se perde no infinito. Talvez rezando um Pai Nosso...”perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. E não nos deixai cair em tentação, mas livrai-nos do mal”...talvez conseguisse levantar-se e seguir firme com suas botinas reformadas, seu sobretudo pesado e seu coração suave e livre para quem sabe amar novamente.