segunda-feira, 30 de julho de 2018

QUE ESTE AMOR


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AMOR

Que este amor não me cegue nem me siga
E de mim mesma nunca se aperceba
Que me exclua do estar sendo perseguida
E do tormento
De só por ele me saber estar sendo
Que o olhar não se perca nas tulipas
Pois formas tão perfeitas de beleza
Vêm do fulgor das trevas
E o meu Senhor habita o rutilante escuro
De um suposto de heras em alto muro.

Que este amor só me faça descontente
E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
Como só soem ser aranhas e formigas

Que este amor só me veja de partida.

by  Hilda  Hilst

sexta-feira, 27 de julho de 2018

ÁS VEZES ME PRESERVO NOUTRAS SUICIDO


Resultado de imagem para ando tão a flor da pele que tudo me faz chorar

Ando tão à flor da pele,
Que qualquer beijo de novela me faz chorar,
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar flor na janela me faz morrer,
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser,
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido

Oh sim eu estou tão cansado,
Mas não pra dizer,
Que não acredito mais em você

Eu não preciso de muito dinheiro,
Graças a Deus
Mas vou tomar aquele velho navio,
Aquele velho navio..

Um barco sem porto,
Sem rumo,
Sem vela,
Cavalo sem sela,
Um bicho solto,
Um cão sem dono,
Um menino,
Um bandido,
Às vezes me preservo noutras suicido

by Zeca Baleiro

terça-feira, 24 de julho de 2018

ALEGRIA

A alegria não é difícil. Fique atento no seu canto. Basta uma margarida na sua fossa.... Frase de Caio Fernando Abreu.




Alegria, substantivo feminino, estado de satisfação extrema; sentimento de contentamento ou de prazer excessivo. Esta é a definição de alegria em algum dicionário que li outro dia, e hoje penso nesta palavra e fico procurando em mim este estado de satisfação. O dia me parece o contrário disso, está cinzento, frio com uma levíssima neblina, muito gelada, acho que não é um dia alegre, mas como é um estado de satisfação, posso estar alegre, mesmo com um dia assim. Não rezei nem entrei na Igreja, pois estava fechada, mesmo assim sinto a alegria de Deus no meu coração. Mesmo quando andei nos meus piores dias, acreditando ter perdido a fé, a alegria, a esperança, a esperança na vida. Esperança que minha falência econômica não me levasse ao suicídio, estou vivo, sem um centavo, mas vivo, e estranhamente alegre e com minha fé inabalável em Deus. A música acompanha meus passos, embora a melodia triste, sinto-me confortável com meus passos lentos, subindo e descendo meus 40 degraus de todo dia útil. Gosto de inventar minhas trilhas sonoras, como em novelas, cada personagem com sua música. Tenho muitas e credito esta alegria que não sai de mim a estas canções, geralmente mpbs e pops, e sempre o rock and roll. E o amor, este que deveria sempre estar acompanhado da alegria, nem sempre, por isso não penso mais no amor, apenas na minha mãe e no meu cão chamado Teimoso, eu o amo e ele me ama, vejo nos olhos dele, e isto me dá muita alegria, ao vê-lo correndo pra mim, querendo me abraçar e abanando aquele rabinho lindo. Sinto alegria em meu coração, que seja eterna, enquanto dure, diria um poeta.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

UM BRASIL DE BANDIDOS


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Que a violência foi banalizada neste país, já se sabe, vivemos com isso, infelizmente. Mas não consigo acostumar, aliás, não devemos. Toda segunda-feira temos a contabilização do final de semana, onde a violência faz seu trottoir com mais vontade, não que durante a semana, não aconteça nada. Acontece, e muito. Mas aos finais de semana estamos geralmente em casa, com nossas famílias, quebrando a rotina de trabalho, é quando chegamos a beira do absurdo. Chacinas, só variam pelo número de mortos, em todo o país. Assaltos em que as vítimas rendidas, não oferecendo resistência, são alvejadas por tiros, facadas. Ou seja, a violência pela violência, algo masoquista, numa clara demonstração de prazer em ferir o outro. Bandidos covardes. Mas nem só bandidos cometem esta violência. Maridos, namorados cometem feminicídio, geralmente de forma cruel, sem defesa para a vítima, quase sempre sendo sua companheira. Ocorrendo os crimes dentro de suas casas. Homens covardes, machistas que não admitem que sua ex-companheira continue sua vida. Uma possessão que beira a loucura. E a violência continua, nos presídios, onde bandidos matam bandidos, e ordenam execuções de dentro do cárcere; mandam queimar ônibus também, geralmente retirando os ocupantes, o que não ocorreu neste final de semana, em que obrigaram o motorista, um senhor de 70 anos a ficar dentro, enquanto queimava. 60 por cento de seu corpo foi queimado, está no hospital, que Deus o abençoe com a cura...e assim continua a violência a se esparramar pelo país. Mas a pior de todas as violências vem da capital do país, onde, com nosso voto colocamos os piores bandidos que se poderia esperar dn administração política e social do nosso país. Fazendo assim um Brasil de bandidos.

sexta-feira, 20 de julho de 2018

RENASCIMENTO OUTRA VEZ


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Faço longas cartas pra ninguém, como saída de emergência, antes de ser devorado pela demência ...que delitam pequenos plágios, ditas influências e até inspiração, tudo para ter palavras para jogar num papel ou tela virtual, não de Monet ou Oiticica, é só meu espelho. Através dos meus olhos, adentro minha alma, perdida há muito tempo em espaço inconsciente e infinito dentro de mim, dentro de um mundo dentro de mim...Ou fantasmas trazendo memórias perdidas da minha história, do que vivi e planejei viver e não consegui, lembro isso também. Trago ainda no peito a dor de um coração partido, que amou como nunca, até entender que reciprocidade é uma mão de duas vias, não se ama só. E quando se ama só, de presente tem o sofrimento. Mas do amor nada sei ou esqueci, quero acordar em paz, não ser despejado do meu corpo, nem da minha casa, tomar café olhando a grama do pátio, onde poderei ver os pássaros voando, na espera que este deus que eles veem tomando café lhe provenha a comida do dia. Mas não entendo a linguagem deles como uma amiga que conheço, e eles apenas voaram por ali tentando alguma minhoca desavisada...Deus não dorme e sou um homem de pouca fé, mas não consigo não pensar ou sentir Ele no meu caminho, por mais que me sinta só, eu não estou, eu não estou. Mesmo o niilismo nada conseguiu mudar, embora fosse tão fácil se jogar no nada, mas tenho tanto a rever comigo, renascer outra vez aos 51 anos de velhice. As longas cartas que receberei de alguém que habita minha alma, que não tinham destinatário, agora tem. Longas cartas escreverei dizendo para mim que eu viva, que vale a pena, que a vida vale a pena, mesmo que o pão seja caro e a liberdade nenhuma. Estar aqui, agora, já é uma vitória. Pequenos delitos, pequenos plágios, doces inspirações para escrever as palavras que me fazem sentido.



Obrigado. adriana calcanhoto pitty bi claude monet dj rafa helio oiticica gugu legião urbana helena eu Deus eliana p.niilistas anjos tais inverno de 2018 dj raquel julho the smiths maria morrissey minha mãe.

terça-feira, 17 de julho de 2018

QUANDO AS VOZES SE OCULTAM

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MAL NECESSÁRIO


Sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher
Sou a mesa e as cadeiras deste cabaré
Sou o seu amor profundo
Sou o seu lugar no mundo

Sou a febre que lhe queima, mas você não deixa
Sou a sua voz que grita, mas você não aceita
O ouvido que lhe escuta
Quando as vozes se ocultam

Nos bares
Nas camas
Nos lares
Na lama

Sou o novo, sou o antigo
Sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo
Mas nem sempre atento
O que nunca lhe fez falta
O que lhe atormenta e mata

Sou o certo, sou o errado
Sou o que divide
O que não tem duas partes
Na verdade existe
Oferece a outra face
Mas não esquece o que lhe fazem

Nos bares
Na lama
Nos lares
Na cama

Sou o novo, sou o antigo
Sou o que não tem tempo
O que sempre esteve vivo

Sou o certo, sou o errado
Sou o que divide
O que não tem duas partes
Na verdade existe

E não esquece o que lhe fazem
Nos bares
Na lama
Nos lares
Na cama
Na cama
Na cama
Na cama


by Mauro Kwitko
na voz de Ney Matogrosso 

MALDITA, MALDITA LÍBIA


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Gravura de Debret


As lágrimas brotam em meus olhos e não correm pela face, apenas espiam o mal tempo em que vivo e que sinto. Estou ausente de mim e de fé, sem caminho, sem luz, sem escuridão. O nada. O ser humano anda perdido caminhando sobre a Terra, sem destino, tendo as portas fechadas, sendo humilhado em campos de refugiados, quase de concentração como na Alemanha Nazista. Como meu coração pode ser feliz, se estamos sendo senhores e escravos novamente. Os refugiados sendo escravizados na Líbia. Maldita Líbia. Ou seríamos nós, os homens, oportunistas e gananciosos, aproveitadores da desgraça alheia. Aproveitadores da fragilidade de quem deixou sua terra fugindo de guerras e fome e encontram a dor e a escravidão. Meu coração dói e sangra. Minha garganta não grita de dor, esta sufocada e sem ar….Maldita, Maldita Líbia.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

NADA


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Nihil



o vazio das horas, do tempo

o sábado guardado

o domingo

fechado entre o quarto e o banheiro

buscando uma felicidade em gotas

bebendo do fel e do mel e do mal

o bem afogou-se na enxurrada

meus olhos espiavam entre as frestas da janela do quarto

o dia que não acabava

a dor que não cessava

o silêncio o vazio o nada

que compõem esta vida

não vida

não nada

o vazio das horas, do tempo

o nada

o nada

quinta-feira, 12 de julho de 2018

PASSOS LENTOS


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Sobre todas as coisas do universo, eu quase nada sei, pois existem as que ainda não foram descobertas e talvez nunca sejam. Como as coisas que acontecem em meu coração, que a estas alturas do tempo passado, já não bate mais com tanto vigor e se perde em suas lembranças de fracassos, decepções, angústias, dores e abandonos. Não sei como ele ainda pulsa, num corpo que a cada dia enfraquece mais, doenças saltam e modificam o corpo, que já não corre, se arrasta. Faço parte do universo, ainda, mas me limito a olhar as estrelas, sentir o vento, a água nos pés quando me aproximo do rio. Do rio que me chama, assim como chamou Jeff Buckley, assim como fez Virginia Woolf encher os bolsos de pedras, e adentrar ao rio até sumir. Sobre as coisas que costumava passar correndo, parece um passado remoto. Hoje me arrasto como velho que sou, com as dores típicas da idade avançada. Olho escadas e tenho vontade de morrer, mas insisto, e subo os 40 degraus por necessidade e dor. Não há nada mais triste que um homem morrendo de frio, diria Vitor Ramil, pois digo; não há nada mais triste que ver o caminho e as pernas não alcançarem, com passos lentos, passos lentos entremeados por uma dor absurda no joelho. De joelho pedi aos céus, ao universo de Deus que não me deixe sofrer. Mas não tenho resposta, mesmo olhando as estrelas, mesmo mantendo a fé. Sobre todas as coisas do universo, não falarei mais, vou ficar aqui sentado nesta pedra do caminho, passando a mão no joelho doente, olhando o caminho que teria a seguir, chorando baixinho, para não espantar os pássaros que voam sobre mim, estes sim, sabem mais coisas sobre o universo, que nos transforma em poeira cósmica, quase um nada diante de tanta magnitude.


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terça-feira, 10 de julho de 2018

MUITO ALÉM DA MINHA MORTE



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Edith Piaf


Ne me quitte pas

Não me deixes mais
É necessário esquecer
Tudo pode ser esquecido
O que ficou pra trás
Esquecer o tempo
Dos mau entendidos
O tempo perdido
Saber como
Esquecer as horas
Que matavam às vezes
A golpes de porque
O coração da felicidade
Não me deixes mais

Te oferecerei
Pérolas de chuva
Vindas de um país
Onde não chove
Revolverei a terra
Muito além da minha morte
Para cobrir o teu corpo
De ouro e luz
Farei um reino
Onde o amor será rei
Onde o amor será lei
E tu reinarás
Não me deixes mais

Não me deixes mais
Que eu inventarei
Palavras sem nexo
E tu compreenderas
Pra falar
De amantes
Que por muitas vezes
Sentiram seu próprio coração queimar
Eu vou te contar
A história de um rei
Que morreu tão triste
Por nunca te encontrar
Não me deixes mais

Dizem que é comum
Renascer o fogo
De um velho vulcão
Que não arde mais
Também já se viu
Em terras destruidas
Renascer mais trigo
Que no melhor abril
E pra se inflamar
Uma tarde no ar
O vermelho e o negro
Não se casam jamais
Não me deixes mais

Não me deixes mais
Eu não vou chorar
Não vou mais falar
Vou ficar em paz
Quero só te ver
Dançar e sorrir
Quero te ouvir
Cantar e falar
Deixa-me existir
À sombra da tua sombra
À sombra da tua mão
À sombra do teu cão
Não me deixes mais

by Edith Piaf


segunda-feira, 9 de julho de 2018

CANSADO DE CORRER NA DIREÇÃO CONTRÁRIA


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Cazuza

O TEMPO NÃO PÁRA

Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou o cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando agulha no palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não para

by Cazuza/ Arnaldo Brandão

sexta-feira, 6 de julho de 2018

MAS ESSA DOR DA VIDA...


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SE EU MORRESSE AMANHÃ

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã;
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!

Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que amanhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!

Que sol! que céu azul! que doce n'alva
Acorda a natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o doloroso afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
 
by Alvarez de Azevedo

ps.  Não estou deprimido, mas não estou alegre, deve ser um estado normal da natureza humana. Ao acordar agradeço a Deus estar vivo, ao mesmo tempo entrego meu dia à Ele, e ele tem resolvido minhas dúvidas e angústias...mas às vezes o dia é muito duro, e a dor insuportável. Ah se eu fosse um poeta romântico, já estaria morto aos 20 e poucos anos, mas estou com 51 e não morri ainda, e este poema diz  o que gostaria agora, mas não posso fazer minha mãe sofrer, ela já sofreu tanto, não merece mais um filho morto. Por ela e um medo da dor ´que mantenho me vivo. Não estou deprimido, apenas observo a depressão em forma de uma imensa nuvem negra, que pouco a pouco se aproxima de mim...

quinta-feira, 5 de julho de 2018

NÓ DE GRAVATA


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Um nó na garganta, um aperto no peito e os olhos molhados, lacrimejavam como se não fossem lágrimas, mas gritos líquidos. Precisava de um pouco de açúcar no chá, adoçar aquele dia tão sem sabor, numa leve tendência ao amargo. À medida que os ponteiros do relógio na parede do corredor andavam, sempre com um pequeno clic, mas audível, o tempo soprava e se arrastava pela casa, na esperança de encontrar uma porta aberta, até uma janela. Mas tem a casa fechada, como seu corpo. Nada poderá me atingir, pensava na canção sobre São Jorge. Salve Jorge. *'We only said goodbye with words I died a hundred times You go back to her And I go back to black' Ouviu as últimas palavras da música, arrepiou-se, pensou em Amy, morta. Escorreu uma lágrima gritando, e o nó na garganta só conseguia assumir que voltária para a escuridão. Percebeu a escuridão dentro da casa, por isso a dificuldade de encontrar uma saída. Completamente só dentro, fechado dentro...é só abrir os olhos, os dá alma, para ver através da cegueira da ignorância que provocamos em nós mesmos. Ele sabia da sua porcentagem de culpa. O isolamento parecia uma boa saída, ou sumida dos olhos e aos poucos do coração de quem gostava, gosta. O mesmo nó na garganta de quando olhava para trás e via a antiga cidade sumindo dos olhos, o amor também. **'Arde um toco de vela amarelada', pensou no poema. Seria seu único bem que sobrou, o corredor escuro e a solidão ? O nó na garganta, como uma gravata amaldiçoada, inicia o estrangulamento, assim que ele abriu a janela, chegando a ver o Sol lá.


*
Nós apenas dissemos adeus com palavras
Eu morri umas cem vezes
Você volta para ela
E eu volto para a escuridão

 by Amy Winehouse (Back to black)

**
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
 Foram levando qualquer coisa minha.


Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
 Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.


Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
 Não haverão de arrancar a luz sagrada!


Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca


 by Mário Quintana


quarta-feira, 4 de julho de 2018

MARCHA LENTA

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Nem tudo está perdido, embora nada leve a crer numa cura. O dia gris reflete um pouco dessa descrença no dia de hoje, mas nada que um doce não renove as esperanças. Os passos lentos, como num funeral, permite que se veja o que sempre se passou rápido, sem tempo para apreciar. O jardim da casa amarela pode ser apreciado nesse passo lento, tantas flores, folhagens, árvores. Com uma leve parada pode-se observar o rio que passa pela cidade, no seu ritmo com pequenos barcos de pescadores. Nem tudo está perdido, pensou, ao ver um cavalo negro com suas patas dianteiras para cima, lembrou filmes de faroeste antigo e lentamente continuou sua marcha lenta. Lentamente adentrou a Igreja Matriz do lugarejo, não ajoelhou-se por estar prejudicado, ficou em pé fazendo as orações, agradecendo e entregando tudo, sua vida inclusive à Deus. O silêncio e a tranquilidade dentro da igreja renovam sua esperança, de que neste dia gris, brotará em Sol a indicação do caminho certo, e nem tudo estará perdido

terça-feira, 3 de julho de 2018

MARCHA FÚNEBRE


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Como passos lentos que acompanham um funeral, nas alamedas onde crescem livres os ciprestes, flor de cemitério, adentro o cemitério para fugir dessa realidade caótica e triste que nos rodeia. O silêncio dos mortos, eles não fazem mal, dizia meu falecido avô, os vivos sim. Costumam cortar corações e até quebrá-los, como se fossem de vidro. Um amor de vidro que acabou. Jaz sob a lápide fria, um corpo que não existe mais. Agora sobre a lápide, um corpo ainda quente debruçado sobre a fria pedra, lamenta, chora, sofre, mas restou vivo, podendo acordar para a vida todos os dias… Caminhar, mesmo em marcha fúnebre, doem os joelhos, talvez a idade que avança rápido, seja a vida de jogador de handebol na jovem adolescência, ou a alma que entrega-se, começando pelo caminhar, pelo não caminhar. Oh escadas que não somem, só aumentam, como um grande labirinto de escadas, descer, subir, descer, subir, descer ad infinitum… Não foram por todas as vezes que ajoelhado pedi e agradeci a Deus, nem os milhos do castigo. Pobres joelhos que um dia, jovens, ditavam o ritmo rápido da marcha...hoje, marcha fúnebre.



segunda-feira, 2 de julho de 2018

PRECISO ME ENCONTRAR

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Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer e quero viver

Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar

Se alguém por mim perguntar
Diga que eu só vou voltar
Depois que eu me encontrar

Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas dos rios correr
Ouvir os pássaros cantar
Eu quero nascer e quero viver

Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Sorrir pra não chorar

by Cartola