Sobre
todas as coisas do universo, eu quase nada sei, pois existem as que
ainda não foram descobertas e talvez nunca sejam. Como as coisas que
acontecem em meu coração, que a estas alturas do tempo passado, já
não bate mais com tanto vigor e se perde em suas lembranças de
fracassos, decepções, angústias, dores e abandonos. Não sei como
ele ainda pulsa, num corpo que a cada dia enfraquece mais, doenças
saltam e modificam o corpo, que já não corre, se arrasta. Faço
parte do universo, ainda, mas me limito a olhar as estrelas, sentir o
vento, a água nos pés quando me aproximo do rio. Do rio que me
chama, assim como chamou Jeff Buckley, assim como fez Virginia Woolf
encher os bolsos de pedras, e adentrar ao rio até sumir. Sobre as
coisas que costumava passar correndo, parece um passado remoto. Hoje
me arrasto como velho que sou, com as dores típicas da idade
avançada. Olho escadas e tenho vontade de morrer, mas insisto, e
subo os 40 degraus por necessidade e dor. Não há nada mais triste
que um homem morrendo de frio, diria Vitor Ramil, pois digo; não há
nada mais triste que ver o caminho e as pernas não alcançarem, com
passos lentos, passos lentos entremeados por uma dor absurda no
joelho. De joelho pedi aos céus, ao universo de Deus que não me
deixe sofrer. Mas não tenho resposta, mesmo olhando as estrelas,
mesmo mantendo a fé. Sobre todas as coisas do universo, não
falarei mais, vou ficar aqui sentado nesta pedra do caminho, passando
a mão no joelho doente, olhando o caminho que teria a seguir,
chorando baixinho, para não espantar os pássaros que voam sobre
mim, estes sim, sabem mais coisas sobre o universo, que nos
transforma em poeira cósmica, quase um nada diante de tanta
magnitude.
quinta-feira, 12 de julho de 2018
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Olá, meu amigo Jair, seus textos são fortes, mas como há vida neles! Leio todos seus textos, e sempre digo que não conhecemos ainda o ser humano na sua enorme complexidade. Observo muito, tudo. Somos assim, cada um tem algo de bom, e de pesado nesse mundo para carregar. Ninguém é todo tempo feliz, e não acredito que seja todo o tempo infeliz. O fato de podermos sentar em algum lugar e observar a vida ao redor, os pássaros cantando, as flores nascendo, o sol nos esquentando um pouco, já faz uma diferença, estamos ainda lúcidos. A grandeza é aceitarmos as coisas como são, procurando o melhor ângulo para vê-las. Viver é bom, e sei que ali na frente posso cair, rolar, mas que vou levantar, ah vou! Só vou cair de vez, quando eu não quiser mais viver.
ResponderExcluirObservo muito as pessoas que vivem sozinhas, e vejo que umas não sabem viver, mas outras, irradiam felicidade, fazem as coisas para elas, e assim são felizes.
Grande abraço, meu amigo!