quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

NATUREZA DESUMANA

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Não espero nada de bom das pessoas, senão a maldade, a indiferença e o asco. A natureza humana é o mal, a inveja. Sou útil, mas calado, sem ideia, sem opinião, sem risos, quase um escravo. Assim me querem, somente para servir. Não opino mais quando de tua ira destilada contra e sobre o povo pobre, as favelas, os negros, os gays, que dizes ser o mal do Brasil. Sofro a destruição de minha vida profissional, acabando com minha credibilidade com o serviço, acabando com minha autoestima e segurança para trabalhar. Meu Deus, depois de 30 anos de trabalho, consigo vaga na minha terra natal, que profissionalmente sempre soube ser um dos piores lugares, mas vim cair no que diziam ser o melhor local, e estou a beira de sair correndo e chorando e me jogar no primeiro precipício e desaparecer, não quero nem imaginar os outros lugares. Seria aqui a sucursal do inferno profissional de minha vida ? Fiz tudo errado estes anos todos e ninguém me orientou direito, tendo de saber disso aqui ? Ouvindo vozes de raiva, olhares de sangue, gritos em público que fiz errado o meu trabalho ? Isso machuca e dói, dói muito. Mas ninguém se importa com a dor de um pobre diabo, filho de proletários, negro e que tem um instinto intelectual, ninguém se importa, mas só se irritam, pois um negro, pobre, não deve ter conhecimento, nem bom gosto musical, nem conhecer poesia...sou desses e muito mais, e isso irrita burgueses preconceituosos. Estou tão amargo, tão amargo que evito abrir a boca, não consigo mais falar coisas boas. Não, não espero nada das pessoas, aliás, nunca esperei.


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segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

AS DIMENSÕES DO SERVIÇO PÚBLICO E PRIVADO

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Hoje em dia, ter um trabalho, deve-se agradecer a Deus, diante da crise instalada no país. Os desempregados passam dos 12 milhões, número bastante alto para nosso país. Com isso cria-se um exército de reserva assustador, fragilizando o cidadão carente de emprego, Os que possuem emprego, ficam entra a espada e a cruz, podendo perder o trabalho a qualquer momento, ou, suportando todo tipo de humilhação. O que pode ser bem comum, sabendo o tipo de ser humano que está como patrão. Falo isso das empresas privadas, sendo um pouco diferente as empresas públicas. Trabalho numa, há muitos anos anos, prestei concurso, passei e assumi. Ocorre que dentro da empresa pública existe uma guerra. Os governos alegam que a quebra do Estado é por culpa do serviço público, alegando eles, que possuem muitas vantagens, aumentando o salário. Por outro lado, os funcionários públicos, muitos, agem como se fossem donos dos cargas que passaram em concursos, fazendo a seu bel prazer os serviços, deixando a população esperando, nas filas, enquanto conversam, riem...na verdade são uma minoria, mas que estragam todo o sistema, fazendo com que o povo apoie as investidas do governo, que assim não é questionado quanto aos salários dos próprios, dos seus assessores, dos altos cargos de comando, se fixando assim, nos trabalhadores das empresas públicas ou seja, quem realmente trabalha. Dito isso, olho para meu umbigo, minha vida, meu interesse. Já estou a quase 30 anos neste trabalho, mudei algumas vezes de cidade, mas continuo, é um trabalho que adoro fazer. Tenho esta responsabilidade, que a grande maioria dos funcionários públicos tem, de valorizar o trabalho, ser responsável. Ms infelizmente, existem as guerras internas. Já presenciem umas enormes, só faltou rolar sangue, tudo por dinheiro, benefícios, vantagens próprias do sistema. Foi onde vi pessoas que admirava, e admiro ainda, algumas, se transformarem para pegar uma vantagem, que poderia ser para outro colega,mas conseguiu face artimanhas, “puxasaquismos” e até deslealdade para com o colega. Sempre abri mão de qualquer vantagem que tivesse que competir com outro. É da minha natureza, talvez por isso não consegui crescer dentro do sistema público, como alguns colegas. Mas o pior de tudo, são as humilhações, depois deste tempo todo prestando serviço, me deparo com estas situações. De desdenho com meu trabalho, ficar procurando supostos erros (somos humanos, e erramos...e quem trabalha, está sujeito ao erro). Funções me foram retiradas e entregues a um estagiário (nada contra, talvez um pouco), mas eu sou o funcionário. E o que acho de pior, são reuniões feitas para falarem do funcionário, que não está presente. Rezo, rezo muito antes de entrar no trabalho todos os dias, e tomo remédios, como rivotril...tenho me feito de cego e surdo e tento ficar mudo. Apenas cumprir com a lealdade e responsabilidade, o cargo público que ocupo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

TODA MINHA MELANCOLIA (POTE DE MÁGOA)

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"Já lhe dei meu corpo, minha alegria
Já estanquei meu sangue quando fervia
Olha a voz que me resta
Olha a veia que salta
Olha a gota que falta pro desfecho da festa ..."

Meu coração é um pote até aqui de mágoa, já dizia uma velha canção… o meu é assim, tomado de mágoa. Pensava que estava secando, mas é mágoa. Pensava que nunca mais saberia ou poderia amar, mas meu coração é forte, solitário, mas forte, resistindo a toda tentativa de morte, sempre batendo por minha vida. Melancólico como nunca antes senti esta melancolia, que beira a doença. Levemente triste e angustiado,olho para o lado e meu coração palpita ao ver meu cão correndo em volta de mim, me olhando, querendo um carinho ou um biscoito, mas de mim, de mim, o seu deus, que tudo prove, que o amo com toda a força do mundo. Na verdade ele, o Teimoso, meu cão, foi quem permitiu meu coração não virar pedra, desde o dia que nossos olhos se cruzaram, e o amor brotou dentro de mim. Mas inevitável não entristecer no mês de dezembro, no mês do Natal. Choro vendo as propagandas na televisão, choro pelo mundo, choro por mim. E não espero mais nada, de ninguém, talvez de Deus, que é presente em minha vida e que me mantém de pé. Quero ser um doador de órgãos, se aproveitarem alguma coisa, hoje não doaria mais meu coração, pois quem dele se aproveitasse, teria um avida de sofrimento, dor, angústia, melancolia, esta tristeza passageira, que não parte,não me deixa…


"Por favor
Deixe em paz meu coração
Que ele é um pote até aqui de mágoa
E qualquer desatenção, faça não
Pode ser a gota d'água..."

by Chico Buarque de Hlanda

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

ESCONDIDO ATRÁS DE MINHA VIDA

Meu psiquiatra morreu.
Ele que nunca me deixou morrer, sempre tinha uma palavra, senão amiga, de conforto, e alguns remédios que me deixavam leve na vida e com vontade viver, esquecendo a morte e quem eu era de verdade, um verme terráqueo. Ele morreu e nem me avisou, eu teria ido junto, sempre gostei de sua companhia. Meu psiquiatra morreu, e eu aqui, vivinho da silva e covardemente escondido atrás de minha vida, que baila ao sabor do vento e do tempo. Lembro da última vez que ele me içou do fundo do poço, já quase sem vida, sem ânimo, apenas me deixava ser levado pela morte, e ele não deixou, me salvou como um herói, que era. Agora, ao receber a notícia, algum tempo depois, apenas olho aqui do alto do prédio, e sinto uma vontade de falar com ele, basta me jogar...mas ele não ia gostar, e sempre fiz o que ele me disse, por isso ainda estou vivo…
Meu psiquiatra morreu.


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Kid Abelha - Nada Sei (apnéia)

Malhação




Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber

Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar

Sou errada, sou errante
Sempre na estrada

Sempre distante
Vou errando
Enquanto tempo me deixar
Errando enquanto tempo me deixar

Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar

Nesse mar, em segundos
Insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só prá me afogar




Post dedicado ao dr. Carlos Eduardo de Freitas Nascente

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

REFLEXO DE REFLEXO DE REFLEXO...


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Outra vez na frente do espelho e quero quebrá-lo, não quero atravessar, nem ver meu reflexo. Não gosto do que vejo, da carne gasta e prejudicada pelo tempo, e o que está lá dentro é uma negra tempestade…“A minha alma nem me lembro mais Em que esquina se perdeu Ou em que mundo se enfiou”. Muitas vezes me iludi com as luzes refletidas no espelho, atravessava e via as possibilidades de uma existência descente, livre e feliz, mas não era Alice no espelho, nem tão pouco o coelho e seu relógio, sempre com pressa. Volto pra cama e afundo minha cabeça no travesseiro, na esperança dele ter vida própria, ser um assassino e me sufocar, até acabar meu ar. Seria muita sorte ou azar. Enquanto isso preciso resolver meu tempo restante neste planeta, nesta vida. Agora sem esperanças de amar, melhor partir...“Eu não sei o que meu corpo abriga Nestas noites quentes de verão E nem me importa que mil raios partam Qualquer sentido vago de razão Eu ando tão down”. Não quero estes cabelos brancos, quero meus dentes de volta, este corpo flácido e sem força não me representa, apenas, na frente do espelho, tenho o desejo de acabar com ele. Nada se compara ao que sinto dele, não ao que vejo. Baixa estima ? Tristeza ? Solidão ? Não sei mais o que esperar. Melhor não esperar nada, principalmente do outro. Outra vez me olhando no espelho, outra vez na beira do abismo, outra vez querendo morrer...e assim se repete ad infinitum esta infelicidade

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A BOLHA

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Como podemos viver no mesmo ecossistema e sermos tão diferentes ?, mesmo assim sorrimos juntos e respiramos o mesmo ar, e até o dia de hoje não travamos nenhuma batalha de vida ou morte, apenas de palavras. Alguém um dia me disse, que palavras podem ferir mais que navalha. Duvidava disso, até te encontrar aqui, onde coabitamos, até sentir o poder de tua língua viperina, teu olhar de desprezo. Entendo, pois viemos de mundos opostos, eu vindo dos pobres e humildes e sem dinheiro no banco, nem parentes importantes. Tu, vens dos privilégios da dolce vita burguesa, dos que nascem em berços de ouro, que não sabem o que é uma pá. Mas o destino quis assim, cá estamos nós juntos, mas não unidos, dividindo, por obrigação, o mesmo espaço, respirando o mesmo ar. No silêncio, me espanto por não conseguir equilibrar nenhuma opinião, sempre tão distantes, a opinião de um, a opinião de do outro. Já cansei, apenas me calo, e tento ouvir a música que vem das profundezes dos fones de ouvido, para dentro de mim, e acalmar. A música tem o poder da cura, ela acalma até o mais exaltado, o mais raivoso, o que está abeira de um ataque de nervos...Mas o que importa nossos humores aqui dentro desta bolha ? O mundo lá fora está em chamas ou em baixo dágua. A violência assola o país e mata o povo na América Latina. Mas o que importa mesmo ? Nosso umbigo, onde queremos instalar o mundo ? O que importa se é direita ou esquerda ? o que importa é que o povo passa fome, e os burgueses...como são lindos, como são lindos os burgueses, diria Caetano. Como podemos viver no mesmo ecossistema ? O planeta é único e inseparável, juntos formamos as bactérias que destroem este planeta, mas vivemos em paz, aqui dentro dessa bolha. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

QUANDO ESTOU SÓ


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Quando estou só reconheço
Se por momentos me esqueço
Que existo entre outros que são
Como eu sós, salvo que estão
Alheados desde o começo.
E se sinto quanto estou
Verdadeiramente só,
Sinto-me livre mas triste.
Vou livre para onde vou,
Mas onde vou nada existe.
Creio contudo que a vida
Devidamente entendida
É toda assim, toda assim.
Por isso passo por mim
Como por coisa esquecida.

by Fernando Pessoa


"A solidão é a condição inevitável do homem."
Fernando Pessoa

terça-feira, 5 de novembro de 2019

CORAÇÃO VIRTUAL

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"Desejo que você tenha a quem amar
E quando estiver bem cansado
Ainda exista amor
Pra recomeçar"

FREJAT

                                                             



CORAÇÃO VIRTUAL




Quando me inteirei da internet, já foi tarde, bem tarde. Por falta de condições de ter um aparelho celular, não poder pagar uma internet em casa, enfim, queria ficar ileso deste novos costumes. Impossível. Um amigo me presenteou com um blog, ele fez pra mim, este blog em que escrevo agora. Dito isso, posso tentar expor o que quero falar...Comecei então a escrever, na verdade sempre escrevi, sempre tive caderno de poesia, arriscava contar histórias e fazia também, meu diário desabafo, sempre tive o escrever como terapia, embora não soubesse no começo. Com o tempo, o blog foi se tornando grande, não de acessos, ou seguidores, mas grande com meus textos e os amigos virtuais que chegavam. Era uma troca linda, conhecia pessoas e seus blogs, poemas, textos, contos, fotografias e nos visitávamos. Foi então que comecei a sentir algo diferente, por pessoas que conhecia do mundo da blogosfera, virtuais, mas isso não impediu de ter sentimentos por estas pessoas, algumas. Descobri que é possível amar dentro da internet, um sentimento verdadeiro, diferente do que conhecia até então das relações via internet. Sempre achei meio carnal e não espiritual as relações via internet, o que não deixa de ser verdade. O lado ruim é que muitas pessoas acabam caindo em ciladas ao conhecer o tal ser virtual que se desejou...mas tem um lado bom, quando este ser virtual se torna real como os sentimentos devem ser, reais. Sabemos, sei de casamentos que surgiram na internet. Sei também de violências, vindas da internet. Como tudo na vida, tem o lado bom e o ruim, o que precisamos é saber e ter sorte também, para escolher o certo, o bom, que nem sempre está nos olhos da pessoa, enfim. Dito isso, preciso confessar que descobri sentimentos no mundo gelado e virtual, que pode ser quente e real. Fiz amigos pra sempre e gosto, gosto muito destas pessoas. Agora ando meio/muito afastados das pessoas, dos amigos e pessoas do mundo real, consequências de minha depressão, de meu isolamento, o que aconteceu com este blog também, pois é uma mão de duas vias, como me afastei, fatalmente, se afastaram de mim, não comento nos blogs dos outros, os outros não comentam no meu, o que não me impede de continuar com meu blog, o escrevo, agora, pra mim. E continuar visitando os blogs, mas sem comentários...Mas continuo sentindo, embora afastado de quase todos, meu coração se comunica com corações virtuais.

"...é preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã..."
                                                                 Renato Russo

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

MUNDO, MUNDO VASTO MUNDO



        Poema de Sete Faces 

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
by Carlos Drummond de Andrade 

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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

ME HACES BIEN


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Me Haces Bien


Jorge Drexler


Para contarte, canto
quiero que sepas
cuánto me haces bien
me haces bien
me haces bien
Te quiero de mil modos
te quiero sobre todo
me haces bien (3x)
Basta ver el reflejo de tus ojos en los míos
como se lleva el frío
para entender
que el corazón no miente
que afortunadamente
me haces bien (3x)

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

NÃO SOU UM SUJEITO DE SORTE

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Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Poque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado Deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado morri mas esse ano…”

Sujeito de Sorte – Belchior”


A cada dia mais deslocado e perdido me sinto, mesmo meu trabalho ocupando meu tempo, terapia ocupacional que paga um salário. Tomo rivotril para minha ansiedade me acalmar, do estresse cotidiano, dos telejornais sangrentos e das palavras que não mereço ouvir, que não me permitem salvar minha baixa estima de desaparecer num buraco negro de dor e esquecimento e frio e náusea. Busco cada dia acordar com Deus ao meu lado, me guiando os passos, mas como controlar o outro, que é o inferno, como disse Sartre. Não espero mais um grande amor,nem um pequeno, meu tempo passa rápido, minha vida se esvai em frustração e fracassos. Não, não preciso meu blog, que tenhas pena de mim. Já estou acostumado a ser chutado e duvidado, desacreditado e colocado sempre em segundo, terceiro ou último plano, quando faço parte de algum plano. Quando não tem mais ninguém, e se precisa completar um quórum mínimo, para alguma coisa que todos precisam. Tou acostumado, aliás, os negros neste país são tratados assim, eu sei, sou negro. Definitivamente não sou um sujeito de sorte, apenas um ser triste, que tenta sorrir, enquanto as lágrimas ficam retidas atrás dos olhos. A cada dia mais longe estou da luz da felicidade, sem esperança, porque a que eu tinha se foi. (muito obrigado Morrissey do The Smiths :
"When you say it's gonna happen "now"
Well, when exactly do you mean ?
See I've already waited too long
And all my hope is gone"


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

O OVO

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Senti falta de estar aqui, mas ao mesmo tempo um medo de escrever o que estou sentindo, o que estou vendo e ninguém está me contando. O ovo da serpente começou a ser chocado. Nossas esperanças estão sendo destruídas, mesmo dentro de nossos sonhos. O povo está doente, as doenças estão se fortalecendo cada vez mais, e os médicos cada vez menos. Hitler deu seus primeiros passos rumo ao holocausto fazendo . O que estão fazendo conosco. Ataque a minorias, um ufanismo nacionalista exagerado, redirecionamento da educação, sem antes acabar com ela. Enfraquecendo alicerces sólidos, como a Justiça. Privilegiando colaboradores, como latifundiários, fascistas disfarçados de evangélicos. Um discurso louco de sermos os melhores e nos bastarmos, desrespeitando qualquer linha diplomática entre nações...senti, sinto muita falta de escrever, mas não posso mentir pra mim mesmo, mas não posso ter isso como absoluto. Apenas faço constatações, e o que percebo é isso, uma dor, uma desilusão, muito discurso de ódio. O ovo choca, enquanto isso boa parcela do povo concorda, sem saber, sem entender, apenas concorda. Massa de manobra. Quero estar louco e fazendo muita confusão na minha mente, no que estou vivendo hoje, Oxalá queira que esteja errado, que não passa de teoria da conspiração, que não estamos caminhando a passos largos para um holocausto abaixo da linha do equador. Meu coração sofre calado, anulando minhas mãos e minha mente para escrever, o que mais gosto de fazer, mas é tanta dor e absoluta falta de esperança, e vejo a minha frente apenas uma escuridão que se aproxima, uma névoa negra densa, que vem acabar com a luz do dia, da vida, da liberdade...os tempos modernos estão sendo engolidos pelas trevas. As trevas da ignorância, da intolerância, da dor, do preconceito, da fome, da guerra...por isso estava bloqueado, meu blog, em te escrever, mesmo a primavera linda em minha vida nestes dias, mesmo os ipês lindamente enfeitado de flores, as amarelas, minhas favoritas, mesmo que mantenhamos a esperança, que é a última a morrer, continuamos adentrando esta nova treva, negra, fria e castradora. Sinto falta de escrever aqui, meu blog, quem sabe da próxima meu coração esteja um pouco feliz e traga palavras de amor e esperança
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quinta-feira, 5 de setembro de 2019

CANTAREMOS O MEDO DOS DITADORES


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Congresso Internacional do Medo

 
Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

by Carlos Drummond
 de Andrade
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