quarta-feira, 23 de novembro de 2011

POR MAIS QUE SE TENTE OLHAR

Não se enganem comigo:
se digo sul pode ser norte,
chego mas fico ausente,
o triste é também o belo,
procuro o que não se perde
nem se pode encontrar.

Buscar respostas nos livros
é esconder-se entre linhas.
Não creio no que se encherga,
mas nisso que se disfarça
por mais que se tente olhar:
assim me tem seduzida.

Eis o jogo que eu persigo,
meu jeito de ser feliz,
o desafio que me embala:
sempre que escrevo "morte"
estou falando de vida.

SEMÂNTICA - LYA LUFT, do livro Para não dizer adeus.






UMA BREVE, QUASE POSSÍVEL HISTÓRIA DE AMOR

Seus olhos, ambos vestidos de óculos, se olharam pela primeira vez. Até pareceu que gostaram do que viram, digo isso porque o tempo parou, tipo aquelas cenas de comédias românticas...
Mas o tempo é real, e os convivas daquele momento chamaram a cena para o normal. Então seus olhares se perderam, entre os agora, amigos comuns. O encontro comemorando o aniversário da criança que os amava, indo do colo de um para o outro, sendo inevitável, durante o evento, que seus olhos se cruzassem, com aquela sensação de que gostavam do que viam...
E o tempo pára de novo durante mais um encontro de olhos encantados um com o outro.
De novo o tempo.
De novo aquela cena de comédia romântica.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ÁRVORES E LIVROS




Sentado a sombra das árvores, junto aos livros que se esparramavam nas estandes. A praça era toda alegria. Livros e àrvores. Nem as crianças que em reunião é só correria e gritaria, estavam encantadas com o contador de histórias, que contava uma história encantada... os livros felizes e satisfeitos ao serem tocados, folheados, comprados (alguns sendo lidos ali mesmo). A lista de livros que possuía, desapareceu. Toquei em tantos. Ah, e o aroma de livros e árvores ? é uma iguaria...como um Proust enlouquecido, as memórias e as histórias e os escritores se confundiam e me transportavam, como um Visconde de Sabugoza (obrigado Monteiro Lobato) dentro dos livros, nos galhos das árvores, por entre as pessoas.
Na 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, o pânico de estar entre as pessoas desaparece, pois existe um desejo comum: Àrvores e Livros.
E como um ciranda psicodélica ou um redemoinho de livros...fecho os olhos e consigo ver Mario Quintana, com seu sorriso de Anjo sentado no banco ao meu lado, conversando com Moacir Scliar, sob a mesma árvore em que me encontro. O jardim que adornava toda a praça trazia margaridas, livres e não enlatadas para alívio de Caio Fernando Abreu; Borges suspirava , e de dentro da escuridão de seus olhos emanava uma luz em cada livro aberto...

Entre delírios e sonhos, uma verdade: IVO BENDER, o Senhor das Letras, para minha felicidade fo escolhido a Personalidade Literária, nada mais justo para um homem que dedicou toda uma vida ao teatro, a ensinar teatro e a escrever as mais geniais peças, e o livro de contos mais instigante que li este ano. Parabéns prof. IVO BENDER.

ps. OBRIGADO Amigos, que deixaram seu querido comentário no post anterior, aos que aqui estiveram, aos que gostariam da continuação deste blog, aos amigos...

ps.2 Definitivamente preciso escrever, me sinto melhor, reflito, me descubro e me entrego também, mas nada como uns bons tombos para se valorizar como é bom andar em pé, é o que tento fazer. Achei uma lan e logo poderei deixar meus comentários nos blogs que tanto gosto e nos que vou descobrindo e voltar a fazer o comentário do comentário rsrsrsrsrs...viu Rosana Azul!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

COBAIA DE DEUS


COBAIAS DE DEUS
CAZUZA - letra

Se você quer saber como eu me sinto
Vá a um laboratório ou um labirinto
Seja atropelado por esse trem da morte

Vá ver as cobaias de Deus
Andando na rua pedindo perdão
Vá a uma igreja qualquer
Pois lá se desfazem em sermão

Me sinto uma cobaia, um rato enorme
Nas mãos de Deus, mulher
De um Deus de saia

Cagando e andando
Vou ver o ET
Ouvir um cantor de blues
Em outra encarnação

Nós, as cobaias de Deus
Nós somos cobaias de Deus
Nós somos as cobaias de Deus

Me tire dessa jaula, irmão, não sou macaco
Desse hospital maquiavélico
Meu pai e minha mãe, eu estou com medo
Porque eles vão deixar a sorte me levar

Você vai me ajudar, traga a garrafa
Estou desmilingüido, cara de boi lavado
Traga uma corda, irmão (irmão, acorda!)

Nós, as cobaias, vivemos muito sós
Por isso, Deus, tem pena, e nos põe na cadeia
E nos faz cantar, dentro de uma cadeia
E nos põe numa clínica, e nos faz voar

Nós, as cobaias de Deus
Nós somos cobaias de Deus
Nós somos as cobaias de Deus

ps. Obrigado Rosana Azul, querida poeta e Blas, querido amigo, pelos comentário no post anterior.

ps. por motivo de força maior, vou me retirar um tempinho para lamber minhas feridas, rever minha vida (digo isso em respeito a estas pessoas maravilhosas que me seguem ou lêem, ou visitam o blog), até breve...