quarta-feira, 27 de setembro de 2017

MEU BLOG

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21 de setembro, dia da árvore


Meu blog, minhas dores... e felicidades também. Quando deixei de existir como um peixe que some no mar ou pássaro no céu infinito, esqueci de dizer que um dia amei, amei tanto que meu coração explodiu e nunca mais ninguém ocupou este espaço vazio. Tento andar pelas cidades, misturando-me aos transeuntes, para ser visto ou ignorado. As cartas que escrevo e mando para lugar nenhum, não recebo respostas, apenas espero, parado como água de poço, e profundo, tão profundo que não consigo mais respirar, apenas observo a luz que deixou de existir há muitos anos luz daqui, como estrelas, cadentes e que não existem mais. Sou uma estrela morta, cuja luz se perdeu nas trevas da imensidão do   inconsciente ou do universo. Escreverei os mais lindos versos na areia, só para ver o mar engolir todas as palavras, como minha vida que se perde mais a cada dia... "todos os dias quando acordo, não tenho mais o tempo que passou..." e só carrego comigo lembranças desbotadas pelo esquecimento. Os dias, os tempos, os anos, nada disso importa mais que o vento que sopra para longe todos os desejos contidos, esperanças falhas, ódios vencidos...meu blog, minhas dores...

VAMOS FAZER UM POEMA

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CONVITE TRISTE

Meu amigo, vamos sofrer,
vamos beber, vamos ler jornal,
vamos dizer que a vida é ruim,
meu amigo, vamos sofrer.

Vamos fazer um poema
ou qualquer outra besteira.
Fitar por exemplo uma estrela
por muito tempo, muito tempo
e dar um suspiro fundo
ou qualquer outra besteira.

Vamos beber uísque, vamos
beber cerveja preta e barata,
beber, gritar e morrer,
ou, quem sabe? beber apenas.

Vamos xingar a mulher,
que está envenenando a vida
com seus olhos e suas mãos
e o corpo que tem dois seios
e tem um embigo também.
Meu amigo, vamos xingar
o corpo e tudo que é dele
e que nunca será alma.

Meu amigo, vamos cantar,
vamos chorar de mansinho
e ouvir muita vitrola,
depois embriagados vamos
beber mais outros sequestros
(o olhar obsceno e a mão idiota)
depois vomitar e cair
e dormir.
 
 by Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

NASCERÁ UMA FLOR AMARELA


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GIRASSOL


A FAVOR DA COMUNIDADE, QUE ESPERA O BLOCO PASSAR
NINGUÉM FICA NA SOLIDÃO
EMBARCA COM SUAS DORES PRA LONGE DO SEU LUGAR
A FAVOR DA COMUNIDADE, QUE ESPERA O BLOCO PASSAR
NINGUÉM FICA NA SOLIDÃO O BLOCO VAI TE LEVAR
NINGUÉM FICA NA SOLIDÃO

A VERDADE PROVA QUE O TEMPO É O SENHOR
DOS DOIS DESTINOS, DOS DOIS DESTINOS
JÁ QUE PRA SER HOMEM TEM QUE TER
A GRANDEZA DE UM MENINO, DE UM MENINO
NO CORAÇÃO DE QUEM FAZ A GUERRA
NASCERÁ UMA FLOR AMARELA
COMO UM GIRASSOL
COMO UM GIRASSOL
COMO UM GIRASSOL AMARELO, AMARELO

TODO DIA, TODA HORA, NA BATIDA DA EVOLUÇÃO
A HARMONIA DO PASSISTA VAI ENCANTAR A AVENIDA
E TODO O POVO VAI SORRIR, SORRIR, SORRIR
E TODO O POVO VAI SORRIR

by Cidade Negra

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A GRANDE TRISTEZA


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Ouvi falar da grande tristeza, não sei se em sonho, telejornal ou li em algum livro ou lugar, mas sinto seu olhar sobre mim, meus passos e meu humor. O dia esta cinzento e indefinido, existe um vento que murmura pragas e agouros enquanto passa em meu rosto como uma mortalha fria, que seca meu suor. O coração esta batendo forte, estou vivo e insatisfeito com o que tenho, com o que sou ou o que me tornei. Sempre li poemas de amor e todos cheiravam a morte e sangue. Outros poemas me falavam de liberdade e escravidão, o que faz aumentar minha grande tristeza, por ter uma vida acorrentada aos costumes e manias de uma geração que não sabe se vai ou se vem. Uma geração que pensa para trás, buscando dogmas que nos prendam e nos calem, restando uma grande dor, que nos leva a grande tristeza. Meio dia, no meio do dia, atravesso a cidade, com seus casarões e porões de medo e açoite. Mesmo que a dor física exista, ela não é nada comparada a esta solidão angustiante, que nos deixa a grande tristeza, que espreita, me espreita. Entre as flores e dores e cores, situo meu estado de espírito, mas já não há ninguém na sala para conversar. Novamente o silêncio, aquele que já me acostumei e suspiro fundo, sem que ninguém ouça. Também posso rir de mim mesmo olhando no espelho e vendo este reflexo de fragilidade, que é o que tenho agora, o que sou agora, frágil como um cristal que cai no piso de metal, frágil como uma floresta de coqueiros diante de uma tempestade, com ventos violentos, serão dobrados até quebrar ou arrancados do solo, como os poderosos furacões. Juntando os cacos do cristal no metal, corto meu dedo e vejo o sangue que jorra, mesmo tentando bebê-lo, não consigo. Apenas um grande risco vermelho, na imensidão cinza onde a grande tristeza deixará de existir e transformar-se-a em um lindo arco iris, que deixará de existir, sem nos mostrar o caminho da panela de ouro.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

PARECIA QUE IA DURAR

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TEMPORAL

Chega simples como um temporal
Parecia que ia durar
Tantas placas e tantos sinais
Já não sei por onde caminhar

E quando olhei no espelho
Eu vi meu rosto e já não reconheci
E então vi minha história
Tão clara em cada marca que tava ali

Se o tempo hoje vai depressa
Não tá em minhas mãos
Cada minuto me interessa
Me resolvendo ou não

Quero uma fermata que possa fazer
Agora o tempo me obedecer
E só então eu deixo
Os medos e as armas


Eu deixo os medos e as armas
Eu deixo os medos e as armas pra trás
E as armas pra trás
E as armas pra trás

 by Pitty

UMA PALAVRA CAÍDA

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TIMIDEZ

Basta-me um pequeno gesto,
 feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve…

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes…

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando…

e um dia me acabarei.

by Cecília Meireles

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

FLORES AMARELAS


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Sim, são os ipês amarelos que chegaram junto de setembro e tingiram esta rua, de flores que voam das árvores com o vento. Observei atentamente, existe um desinteresse coletivo por tudo que diga respeito a realidade crua e nua do dia a dia. Não sei se mais alguém observou estas árvores ontem carecas, cadavéricas e hoje com este esplendor amarelo de suas flores. Os dias passam e nada nos dizem, apenas se pode sentir o cheiro de sangue no ar. Mais flores, mais cores, mais vida… amenizam o sofrimento da alma, diante de tanta dor, morte, doença e fome no mundo. Existem jardins com as mais diversas flores e cores, e existem pessoas que fogem de casa deixando tudo para trás, pode ser fuga de guerras e também das catástrofes naturais. A natureza fica nos mandando sinais com fenômenos ainda suportáveis pelo ser humano. Também poderemos perder nossas casas se uma bomba explodir o mundo. Me permito ficar próximo desta bela árvore, que está sempre ali, mas hoje eu a vi por inteiro, via sua alma, seus galhos secos e suas doces flores amarelas que se deixavam quedar com a brisa que sopra, anunciando que logo teremos uma primavera...

Congresso Internacional do Medo

 Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

by Carlos DrumMond de Andrade