quarta-feira, 27 de julho de 2016

MIL PEDAÇOS


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MIL PEDAÇOS


Era o silêncio aqui dentro

e o vento lá fora

fazendo as folhas conversarem entre si.

Algumas, loucas ou fracas,

se lançavam ao sabor do vento.

Vejo a cristaleira vazia

na cozinha fantasma

sem as porcelanas de outrora

nem o chá da amizade

que partiu-se em mil pedaços

sumindo no tempo, no vento e no silêncio.
 
 
by Jair Machado Rodrigues

terça-feira, 26 de julho de 2016

SAUDADE CÁSSIA ELLER


LUZ DOS OLHOS

Ponho os meus olhos em você
Se você está
Dona dos meus olhos é você
Avião no ar
Um dia pra esses olhos sem te ver
É como chão no mar
Liga o rádio à pilha, a Tv
Só pra você escutar
A nova música que eu fiz agora
Lá fora a rua vazia chora...

Pois meus olhos vidram ao te ver
São dois fãs, um par
Pus nos olhos vidros pra poder
Melhor te enxergar
Luz dos olhos para anoitecer
É só você se afastar
Pinta os lábios para escrever
A tua boca na minha...

Que a nossa música eu fiz agora
Lá fora a lua irradia a glória
E eu te chamo, eu te peço: Vem!
Diga que você me quer
Porque eu te quero também!

Passo as tardes pensando
Faço as pazes tentando

Te telefonar

Cartazes te procurando
Aeronaves seguem pousando
Sem você desembarcar
Pra eu te dar a mão nessa hora
Levar as malas pro fusca lá fora....

E eu vou guiando
Eu te espero, vem...
Diga que você me quer
Porque eu te quero também
E eu te amo!
E eu berro: Vem!
Grita que você me quer
Porque eu te quero também!

by Nando Reis na voz de

CÁSSIA ELLER

terça-feira, 19 de julho de 2016

DESERTO DE ALMAS


Todos dormiam até ouvirem o primeiro estrondo, o pai salta da cama, já vestido, como se esperasse, a mãe trata de agasalhar o bebê e as duas meninas. O pai chama Alli e ele já está pronto para partirem naquela noite.  Para onde ? não se sabe, sabe-se que devem fugir dali se quiserem viver. Mais barulho, gritos, bombas, estão se aproximando. O pai leva todos para os fundos e pulam o muro em direção a um deserto de pedras e frio, na madrugada do Oriente. Quando todos já  pularam o muro um tanque o derruba, separando a família para um lado, para o outro, o pai então grita "corra Alli, corra, com todas as suas forças corra, meu filho" e não se ouviu mais, apenas rajadas   de metralhadoras. Alli olha para trás e não vê nada, então corre como seu pai ordenou. Seu corpo franzino de 10 anos parece de sete. E ele corre, como nunca correu na vida, como nunca correu antes  para salvar sua vida, já que sua família...Já sem frio, sem dor, sem medo pára e olha para trás. Aos olhos de qualquer criança aquilo seria festa, fogos de artifício, um céu feliz...mas aos olhos de Alli, apenas dor e solidão, ele sabe que não são fogos de artifício, que não há festa, mas sim o genocídio de seu povo. Pensa no pai, na mãe, no bebê que sonhava  em correr soltando pipa ou brincando de qualquer outra coisa, mas brincando com seu irmão. Ele não existe mais. As pequenas gêmeas que brincavam de serem professoras, não existem mais. Apenas ele e Alá que o cuida  lá de cima, daquele céu negro que brilha por vezes com alguma bomba retardatária. Alli segue pelo deserto, seus pés machucados, sua alma em frangalhos, mas seus olhos negros, secos, pois não havia mais o que chorar. Amanhecendo o dia ele desfalece na beira do que seria uma estrada. Um comboio da Cruz Vermelha passa e alguém vê uma criança, possivelmente morta, mas desce para verificar. Alli está vivo, dormindo o sono dos    anjos ainda vê seu   pai, sua mãe, o bebê e as gêmeas a lhe acenarem, tenta   acenar de volta, mas não tem mais forças, desmaia no colo do voluntário que o leva para o acampamento logo ali, de onde partirão, para salvarem esta última vida.  

ps. Não me saiu da mente pessoas atravessando um deserto de pedras  e frio, fugindo de uma guerra que ele não provocaram. Que Deus, que Allah tenha piedade de nó seres humanos, tão desumanos. 

quinta-feira, 14 de julho de 2016

20 DE MAIO - 7 ANOS DE BLOG


Sou péssimo em lembrar aniversários, inclusive o meu, fiz  7 anos de blog em maio e nem lembrei. Tudo tem uma explicação, mas não sei se convém. Foi um mês de muito trabalho, andava cansado, como se estivesse prevendo a tempestade que chegaria na minha vida (por isso da licença também), e ficar perto de minha mãe vale qualquer sacrifício, ela não vê, e precisou de mim nestes dias.       Há males que vem para bem. Mas esqueci que    há sete anos iniciei esta aventura sem saber onde iria dar, e ainda não sei, só sei que me liberto escrevendo, inventando, contando minhas verdades e recitando todos os poemas que amo. Ok, tento cantarolar umas músicas, mas meu   forte  é ouvir e curtir música. Quando se tem tempo, não se produz muita coisa, embora precise dar assistência para minha mãe na cozinha, ela não abre mão de cozinhar...vou aos poucos relaxando, cozinhar, assim como escrever é uma terapia ótima. Há 7 anos venho tentando me escrever e descrever, me reconstruir e destruir para nascer uma nova  Fenix, mas tudo que consegui até agora é permanecer vivo, o que dou    graças a Deus. Durante este tempo tive muitas idéias sobre o que escrever, algumas até desenvolvi, mas a grande maioria (como esta esta), está saltando dos meus dedos, mal dando tempo do meu cérebro pensar. Confesso que sou  muito mais feliz depois que comecei a escrever o blog, mas minhas infelicidades   tomaram outras proporções, agora posso  escrever delas também. Digo que a maioria das pessoas que amo ou    amei, estão mortas, mas com o blog encontrei amigos inimagináveis, muito mais próximos de mim do que muitos que estão ao meu lado. Penso em parar    por vezes, mas não consigo, quero tirar os comentários, mas eu gosto, quando tem rs. Meu blog já foi muitas coisas para mim, por determinadas épocas, hoje é um pedaço de mim, uma extensão em que peço socorro, dou risada, converso com pessoas bacanas e sem maldade ou se importando como sou, apenas trocamos palavras gentis, boa amizade, gentilezas, carinho cibernético (eu acredito).   Já se passaram quase 2 meses e eu consegui esquecer o que venho criando de mais importante em minha vida nestes últimos 7 anos, meu blog. Percebo que existem pessoas que torcem a cara    quando por acaso falo que tenho um blog, mas tudo bem, fico feliz que elas não vão ler (eu acho rs). Mas existem, em maior número as pessoas que apoiam, dão força, estimulam...lá venho novamente choramingando, mas não estou triste, estou vivo e feliz por ter um blog, um meio de me comunicar com o mundo, com as melhores pessoas, claro. Então, feliz aniversário meu blog  

quarta-feira, 13 de julho de 2016

IVO BENDER E A PRINCESA


"...Na noite de estreia, Jonas se pilchou, e Mauro se vestiu com mais apuro. No caminho até o Gran Teatro, Princesa, de banho tomado, precedia os dois amigos. Impedida de entrar, a cachorra se aninhou numa confortável  moita de capim-barba-de-bode, próxima da bilheteria. Ali ficou à espera do dono...Princesa também acordou. Alongou-se e o encarou  na obscuridade. Depois, veio para ele   e lhe lambeu o rosto...No teatro, enquanto Mauro distraía o porteiro, Jonas entrou com a cachorra. Foi direto às cadeiras que sempre ocupavam. Princesa aninhou-se ao seu lado...Ascenderam suas lanternas de bolso e lá se foram acompanhados de Princesa..."

               Trechos do conto JONAS, MAURO E HORACINA do livro do escritor IVO BENDER de sua obra   intitulada QUEBRANTOS E SORTILÉGIOS, conto este que dedica para Salete Farias.

               Sou um grande admirador da obra do prof. Ivo Bender, suas traduções, foi como conhecei Emily Dickson, seus 50 anos dedicados ao teatro, o que mais me encanta, mas neste segundo livros de contos dele a personagem Princesa me cativou, então pesquei os trechos em que  fala dessa amiga, desse ser tão amável, porque agora eu sei o que é o amor e dedicação de um cão. Tou escrevendo este post para dizer que amo meu cão caramelo que  adotei e batizei (minha sobrinha) de TEIMOSO, que está me ensinando que eu posso amar ainda, que meu coração não virou pedra, que apesar dos seres humanos, temos os bichos e eles são verdadeiros em seus sentimentos.
               Então através da Princesa de Ivo Bender quero homenagear, ou só dizer o quanto amo este cão que apareceu na minha vida em um momento de muita desesperança, e ele me fez acreditar novamente, quem sabe não tenha uma chance? 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

EU NÃO QUERO MAIS A MORTE



TRAVESSIA

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito,
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha,
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto,
Muito tenho prá falar

Solto a voz nas estradas,
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra,
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto,
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte,
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

Solto a voz nas estradas,
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra,
Como posso sonhar
Sonho feito de brisa,
Vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto,
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte,
Tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

by Milton Nascimento

sexta-feira, 1 de julho de 2016

PASSANDO ALGUNS DIAS




               Passados alguns dias, já sob o controle  do bom    remédio, do    carinho da mãe e a neblina que transforma tudo todo dia em uma possibilidade diferente, mas aos poucos com  forma e sentido.  Calmaria poderiam ser estes dias, e assim espero. Uma fuga, uma cápsula protetora diria Calcanhoto, mas como   Muhammad Ali, eu não vou matar pessoas que nem conheço, no meu caso eu prefiro me retirar, estratégia ? medo ?prudência ? tudo isso e uma necessidade humana de não me perder, não me  permitir ser engolido pela mediocridade, não que eu não seja medíocre, tenho minha parcela, mas estou em processo de melhora, de busca pelo menos...o problema são os problemas do caminho traçado, desviar, parar de trabalhar, com permissão, mas por vezes trabalhar é o melhor remédio, agora só estou com o do médico.
               Quanto mais eu me esforço, menos entendo o     próximo, pois este temos certa obrigação, afinal, por vezes temos de conviver por muito tempo e eu  não quero mais bate boca, olhares maldosos, intrigas burras, fofocas sem classe, invejas desmedidas. Terei este tempo para me recompor, reconstruir, reestruturar e voltar a fazer o que sei, eu acho, mas eu gosto, que é meu trabalho. Sim, estou de licença forçada, por mim mesmo, mas forçada...enquanto isso penso, tento escrever, abraço minha mãe e brinco com meu cão Teimoso, que me olha com olhos de felicidade a todo instante.