terça-feira, 19 de dezembro de 2017

LEVE DESESPERO

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LEVE DESESPERO

Eu não consigo mais me concentrar
Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
É importante, todos me dizem
Mas nada me acontece como eu queria

Estou perdido, sei que estou
Cego para assuntos banais
Problemas do cotidiano
Eu já não sei como resolver

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Então é outra noite num bar
Um copo atrás do outro
Procuro trocados no meu bolso
Dá pra me arrumar um cigarro?

Eu não consigo mais me concentrar
Eu vou tentar alguma coisa para melhorar
Já estou vendo TV como companhia

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Talvez se você entendesse
O que está acontecendo
Poderia me explicar
Eu não saio do meu canto
As paredes me impedem
Eu só queria me divertir

As paredes me impedem
Eu já estou vendo TV como companhia

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

Sob um leve desespero
Que me leva, que me leva daqui

by Capital Inicial

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

AFOGAVA-ME

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Ana Cristina Cesar

FINAL DE UMA ODE

Acontece assim: tiro as pernas do balcão de onde via um sol de inverno se pondo no Tejo e saio de fininho dolorosamente dobradas as costas e segurando o queixo e a boca com uma das mãos. Sacudo a cabeça e o tronco incontrolavelmente, mas de maneira curta, curta, entendem? Eu estava dando gargalhadinhas e agora estou sofrendo nosso próximo falecimento, minhas gargalhadinhas evoluíram para um sofrimento meio nojento, meio ocasional, sinto uma dó extrema do rato que se fere no porão, ai que outra dor súbita, ai que estranheza e que lusitano torpor me atira de braços abertos sobre as ripas do cais ou do palco ou do quartinho. Quisera dividir o corpo em heterônimos – medito aqui no chão, imóvel tóxico do tempo

by Ana Cristina Cesar.

ela quis
queria me matar
quererá ainda, querida?

Queria falar da morte
e sua juventude me afagava.
Uma estabanada, alvíssima,
um palito. Entre dentes
não maldizia a distração
elétrica, beleza ossuda
al mare. Afogava-me.

by Ana Cristina Cesar

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

PEQUENOS SUICÍDIOS



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Meus pequenos suicídios de todo dia, só confirmam quanto tempo tive, 50 anos, e quanto tempo terei, mas só vejo um horizonte de mar, de rochas, de campos para logo cair num precipício sem fim. Onde todos os poemas tristes fazem uma cama fofa para receber meu corpo inerte...esta visão me persegue desde o dia em que nasci, assim como a morte. Gostaria de acordar para uma vida feliz, mas felicidade nunca foi meu forte e nunca muito presente em minha vida, mas sorrio mesmo assim...como diria Renata, uma amiga da juventude: eu sofro mas dou risada, eu sofro mas dou risada, e todos ríamos, porque quando se é jovem, nos iludimos bastante, eu pelo menos, fui um adolescente iludido com o mundo,  achando que havia um lugar para mim, mas não há. Quando começaram meus pequenos suicídios, num ensaio para o maior, era bebê de colo, minha mâe conta que me deixou por pouco tempo na cama dela, e quando se virou, eu já estava no chão, sem prejuízo, disse minha mãe, havia um tapete bem fofo. Ao longo da vida alternei momentos que esquecia da morte e outros ela se fazia presente, sempre me espreitando, por onde tivesse uma brecha. Assim cresci, com a sombra da morte e vários pequenos suicídios foram cometidos por mim, mas me safei de todos até agora, o próximo será suicídio virtual, não sei se neste blog ou no facebook...por hora aprecio o suicídio do Sol todos os dias no Guaíba...

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

...E O FRIO QUE FAZIA



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SOLITÁRIO
 
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta,
Por trás dos ermos túmulos, um dia,
Eu fui refugiar-me à tua porta!

Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta!

Mas tu não vieste ver minha Desgraça!
E eu saí, como quem tudo repele,
— Velho caixão a carregar destroços —

Levando apenas na tumbas carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!

by Augusto dos Anjos