segunda-feira, 31 de agosto de 2015

OUVI UM POEMA


Ouvi um poema que falava de amor, que dizia palavras doces, sussurrava desejos, contava como se aproximou do ser amado, como aprisionou sua alma. Virei as costas, e o tempo trouxe de muito longe, lembranças de um tempo perdido, de uma vida paralela, que acontecia alheia ao meu conhecimento. Eu não sabia de nada, e nem desconfiava, apenas vivia os dias que me eram dados. Todos os deuses um dia resolveram esquecer de mim, por muito tempo vaguei cego por estranhos caminhos, onde encontrei diferentes tipos de dores, diferentes formas de amar, diferentes pessoas. Flutuei dentro de livros, senti os aromas, os remorsos, os amores perdidos e os amores com final feliz............................................................................................................................................. oxigênio faltava, seu pulmão na garganta, seus braços quase caiam de seu corpo, mas as pernas, valentes, seguiam, forçavam; os joelhos, no fim de sua resistência, dobravam e subiam as longas escadas sem fim. Um labirinto. Lembra de ter visto, uma tela surreal, onde as escadas se interligavam, se ultrapassavam sem fim e sem sono. Nesta infinita caminhada, paradas na janela percebiam o pé de pera, seco, pelado de folhas, um esqueleto. Entre escadas, subidas, descidas, labirinto sem fim, parava na janela. No pé de pera renasciam em pequenas folhas verdes. Vida. Num labirinto de escadas sem fim, Um quadro surreal. Os joelhos, bravos. Seguir. Adelante, mesmo que nunca chegue a lugar nenhum. A pena eterna entre as escadas sem fim. Da janela se viam, agora, fartas folhas verdes, os galhos secos agora desapareciam num vibrante verde...o oxigênio enchia os pulmões.....................................................ouvi um poema que falava de amor enquanto navegava neste mar cibernético, enquanto subia e descia escadas, enquanto fazia teus passos os meus, tua voz: “que sede desse teu outro eu, que precisa de mim, que posso oferecer colo, que poderia dormir de conchinha e simplesmente não pensar em mais nada.”

terça-feira, 18 de agosto de 2015

SÓZINHO DE MADRUGADA

 
 
Jair meu querido!!!! Ressuscitei...
Sim...ando meio morta
tropeçando meus passos,
seguindo além
dia após dia
cumprindo metas
esquecida de mim...
esquecida de tentar
viver..
desliguei do amor
da dor
do desejo
me deixei envolver
pela mesmice
cotidiana
embarquei no dia a dia
calei o canto
das palavras
na minha alma.
Deixei a poesia
de lado
cansei de chorar
em palavras perdidas
fui tratar
de fazer rolar
o todo
que me atormenta
pede
exige
enterrar a alma
e cumpri metas
cuidar de gente
que exige
responsabilidade
extrema e inútil...
fui ali
não sei aonde
procurar
respostas concretas no nada
pra tentar sair do nada
pra tentar acrescentar
conteúdo
ao que não tem fundo
ao poço
das almas que nasceram
para viver sozinhas
e urgem,
gritam
choramingam
por uma razão...
de tanto que querem
de tanto que dói
tanto anseio
por respostas
sejam quais forem
para seus próprios nãos...
Eu me perdi
me deixei levar
pelo limbo
pela ausência de mim
faltou força,
faltou fé,
para continuar...
Tive vergonha
de tanto choramingar
noites insones
e pseudo poesias
perdidas.
resolvi concretizar algo
me deixei ir
ao sabor
da hipocrisia
dos dias reais
profissionais
acadêmicos
passei em mais provas
fiz mais uma
pós graduação...
comecei um doutorado
no meu assunto
da vez...
me fiz ver
emagreci,
aprendi a lutar
literalmente
parei de dançar...
parei de sentir
me deixei
absorver
pela vida
lá de fora...
e morri...
Morri por dentro...
sem paixão
sem retratos
sem prazer
sem porquês...
sem borboletas...
sem arco íris
pra buscar o final...
Mas os dias passam
a alma grita
por ressurreição
a música,
as palavras inteligentes
os blogs abandonados
meus e afins
aos poucos...
aos poucos
vou me revendo,
vou me buscando
vou me reencontrando...
vou sentindo sede
de palavras
de novo...
recomeço a ver
em meio
à bruma
minha sombra
um princípio
de reflexo
o jazz
o blues
o eu...
perdido...
hoje me peguei
ou anteontem
relendo meus textos
abandonados
e me descobri
reescrevendo
em um post
de rede social
"ostentando complexidades...
meu pensamento é jazz
minha alma é blues..."
culpa da Esperanza
que me aquece a alma
e o desejo
pelo desejo
desejar de novo
coisas maiores
aqui dentro
de mim.
Vou renascendo
e redescobrindo
o caminho
da poesia
das palavras
do meu próprio
coração....
De reviver por escrito

Inveja de você...
muito mais forte que eu
sempre aqui.
Não perdeu sua voz,
não abandonou sua poesia
não desistiu
como eu...
das palavras.

Estou voltando
devagar...
mas estou voltando
a mim...

espero que me receba
de braços abertos
sem mágoas
pelo abandono...
eu abandonei a mim mesma
e tudo foi junto
como a enchente
do outro post...

resolvi escrever neste
porque Raul
é sempre Raul
e eu, mesmo covarde
prefiro também
continuar sendo
essa metamorfose ambulante

cheia de jazz e de blues
como remédio
para tudo
e como lembrança
de quem realmente
acho que sou.

Beijos meu querido e abandonado amigo...
cheios de saudade...
ao menos por esta vez...
 
by ANAIS do blog SÓZINHA DE MADRUGADA

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

SINA



           Está acontecendo uma chuva de meteoros neste momento no hemisfério norte, no oriente acaba de explodir duas mulheres bomba num mercado público, onde morrem vinte ou mais pessoas, mas prefiro falar-te dos meteoros. Ontem, depois que nos despedimos, caminhei mais algum tempo até chegar em casa, não tinha nuvens, parei no portão e observei o céu, na esperança de que algum meteoro fugisse para o hemisfério sul, mas não aconteceu. Antes de dormir tentei terminar de ler aquele livro, aliás relendo, Perto do Coração Selvagem, o presente que me deste a alguns anos, ainda éramos jovens acadêmicos, ainda ficávamos horas na biblioteca, enquanto os outros voltavam àquelas aulas entediantes. Mas o máximo que consegui foi abraçar o livro e ficar pensando no que tínhamos acabo de conversar no encontro inesperado.
           Desde há muito, mesmo antes de te conhecer, já estavas em minha vida, em sonhos, nas estrelas, nos signos do zoodiáco...mesmo no jardim de infância brincando de ciranda ao redor da fonte, como se déssemos voltas no mundo, até ficarmos tontos e cairmos no chão, ecos de risadas infantis. Mas sonhei contigo a primeira vez, quando ardia de febre numa muito noite fria de inverno...embora o vento minuano, lascas de gelo cruzando os campos, meu corpo molhado de suor, frágil, me sentindo mais só que a Lua, foi quando te vi pela primeira vez. E era um anjo que descia do céu em minha direção, sorrindo, levando a febre, acalmando os ventos, acabando com o gelo de meu coração.
            Hoje quando acordei, olhei pela janela e pude ver as primeiras flores dá árvore de ipê tocando o vidro de minha janela, como um sinal, um chamado...fiquei assim um longo tempo, apenas apreciando aquela beleza amarela, que transcendia o vidro e inundava o quarto de várias cores, um arco-íris.
           Pega, este é meu presente, o livro que mais gosto, que mais gostei, e que de certa forma, embora minha vida seja uma realidade simples e não uma realidade fantástica, o nome carrega minha sina: Cem Anos de Solidão.


quinta-feira, 6 de agosto de 2015

ÀS VEZES









O ser humano é adaptável. Acostuma. Desde a morte de meu pai, estou acostumando a perder as pessoas para a morte, não sem dor, não sem tristeza, mas não consigo mais ver tanta paz entre a humanidade. A violência se apresenta do nosso lado, quando não somos vítimas ou quando não sobrevivemos, ou pior, perdemos alguém que amamos.


Fiquei cheio de dúvidas
se caminhava sob o sol ou sob a chuva
nenhum dos dois
meu coração bate lentamente
sente saudade
suspira.
Entrei na mata de noite
vaguei cego por trilhas invisíveis u
sei o tato para não esquecer teu rosto.





Às vezes quando ouço o canto de algum pássaro, divago imaginando ser o chamado de alguém, um pedido de socorro, ou canto de amor e desespero. Porque o amor é escorregadio, arisco e transforma os que o sentem em presas fáceis, quando não há reciprocidade de sentimentos. Então sofremos e aprendemos, que nós humanos podemos ser desumanos com nossos iguais. Estou blindado, protejo meu coração. Nada o alcança, nada o toca, em compensação, está gelado, bate lentamente, suspira.
Qual a diferança de um morto para um coração gelado ? Nenhuma.



Falo menos do que necessito. Ouço mais do que preciso. Vejo o mundo passando na minha frente enquanto  bocejo, viro para o lado e volto a dormir, mas sem sonho, apenas um mundo gris, um vácuo, em que meu corpo  fica flutuando à deriva num espaço perdido. Náufrago em meu próprio afogamento. O morto em meu funeral.



Acordo com o aroma das flores no jardim abaixo da janela...raios do Sol adentram meu quarto, batem em meu rosto, refletem em meus olhos, ouço bater a porta, é a vida lá fora me chamando.

ps.sinto muito Felisberto do blog Be Happy